A oitava Bola de Ouro de Lionel Messi foi merecida - mas será a última?

Agora tem 36 anos e, com todo o respeito à MLS, não está mais atuando em uma grande liga europeia. Seria necessário algo notável para que ele sequer concorresse a outro prêmio Bola de Ouro, especialmente porque parece que uma nova era está se aproximando, com Haaland competindo com nomes como Mbappé e Jude Bellingham na próxima década.

"Obviamente, eu queria encerrar minha carreira com isso [troféu] - não posso pedir mais", disse em uma noite de grande emoção em Lusail, onde até mesmo jornalistas argentinos e franceses experientes na cabine de imprensa foram reduzidos às lágrimas pelo épico encontro que acabaram de testemunhar.

Contanto que sua forma física permita, Messi poderá jogar em mais uma Copa América. Para ser honesto, a Argentina teria que vencê-la, com Messi mais uma vez no auge de sua genialidade, para que ele tenha alguma chance de conquistar um nono prêmio Bola de Ouro.

Certamente não está fora de cogitação, mas é difícil ignorar a suspeita de que não jogar na Europa poderia contar contra ele. É verdade que os fãs de futebol estão começando a olhar para fora da Europa, especialmente aqueles que seguem Messi e Cristiano Ronaldo, e o primeiro já está conquistando troféus e causando um grande impacto nos Estados Unidos.

Afinal, Messi foi reconhecido novamente pela France Football não por inspirar o Miami a conquistar a Leagues Cup, mas por liderar a Argentina para sua primeira vitória na Copa do Mundo desde 1986.

É um mito completo que ele teve um desempenho ruim em seu último ano no Parc des Princes. A realidade é que apenas quatro jogadores nas cinco grandes ligas da Europa estiveram diretamente envolvidos em mais gols em todas as competições a nível de clube na temporada passada.

Mas, embora o pequeno homem possa ser um mágico, nem mesmo ele deveria ter sido esperado para fazer desaparecer a miríade de problemas enraizados do PSG com um par de toques de sua mágica perna esquerda.

E ainda assim, o que Messi fez no Catar foi verdadeiramente impressionante e quase inexplicável. Com 35 anos, ele dominou uma Copa do Mundo como nenhum outro jogador desde Diego Maradona. Como disse o goleiro Emiliano Martínez, "99,9 por cento do time", nomeado o Homem do Jogo em cinco de suas sete aparições, incluindo todas as quatro partidas eliminatórias da Argentina.

Nenhum jogador havia marcado em todas as rodadas desde as oitavas até a final, após a mudança de formato da competição em 1986, enquanto suas assistências para Nahuel Molina, contra a Austrália, e Julian Alvarez, contra a Croácia, entrarão para a história como duas das maiores da história da Copa do Mundo.

Além disso, com seus dois gols contra a França, ele também alcançou 21 participações em gols em 26 aparições - ambos os números são recordes.

Isso ia além de meros números. Era sobre emoção. Messi fez com que os jogadores da Argentina se sentissem como uma irmandade indo para uma batalha que eles sabiam que ganhariam simplesmente porque ele estava ao lado deles. "Sempre seremos candidatos porque temos o melhor jogador do mundo", explicou Martinez anteriormente. "Somos todos leões que lutam por ele."

Mas ele também estava disposto a lutar por eles. Talvez pela primeira vez em sua carreira, vimos o normalmente sereno Messi enfrentando adversários, principalmente no acirrado confronto das quartas de final com a Holanda. O capitão silencioso da Argentina havia se transformado em um capitão combativo - e o país se apaixonou ainda mais por ele como resultado.

Enquanto isso, seus adversários ficaram simplesmente admirados com sua habilidade. Keanu Baccus, da Austrália, o comparou a uma "estátua de cera": "É surreal o quão bom ele realmente é." Josko Gvardiol, por sua vez, não conseguiu acompanhar um homem 15 anos mais velho, mas preferiu ver o lado positivo, "Hoje e amanhã poderei contar às crianças que marquei Messi por 90 minutos."

O técnico da França, Didier Deschamps, admitiu até mesmo antes da final que alguns de seus compatriotas estavam torcendo para que Messi terminasse do lado vencedor. A sensação era de que ele merecia - um sentimento compartilhado por Ronaldo e Rivaldo, dois dos maiores jogadores a vestir a camisa do Brasil, grande rival da Argentina.

"Deus sabe de todas as coisas e irá coroar você campeão do mundo neste domingo", disse Rivaldo, "pela pessoa que você é e pelo futebol maravilhoso que você sempre jogou."

A votação da Bola de Ouro deste ano realmente acabou no momento em que Messi colocou as mãos no prêmio mais prestigioso do futebol.

O Manchester City, obviamente, merece reconhecimento por seu sucesso coletivo - eles são realmente a melhor equipe do mundo no momento. Mas até Pep Guardiola admitiu que, embora quisesse ver Haaland ganhar o troféu, deveria realmente haver "duas categorias: uma para Messi e outra para os outros." Por quê? Porque, assim como ele fez ao longo de toda a sua carreira, Messi alcançou um nível de excelência sustentada, no palco mais grandioso do jogo, que ninguém mais alcançou em nenhum momento nos últimos 12 meses.

Será que ele pode ganhar outro no próximo ano? Parece improvável, mas, assim como as queixas ocasionais sobre sua última vitória, é algo completamente irrelevante. Não importa mais tanto para Messi. Ele já conquistou o troféu que realmente queria. Ele completou o futebol no Catar. O debate sobre o maior de todos os tempos acabou. Adeus!