Há poucos anos o técnico Zé Ricardo era visto como um dos nomes mais promissores da nova geração de treinadores. Campeão da Copinha pelo Flamengo Sub-20, ele assumiu o time principal como interino em maio de 2016 e levou o time ao terceiro lugar do Brasileirão no time do "cheirinho".
No ano seguinte ele levou o Flamengo ao título carioca e entrou com ambição de título nacional no Brasileirão, mas após um primeiro turno irregular, foi demitido com o time no quinto lugar. Desde então Zé Ricardo treinou outros dois cariocas. Primeiro o Vasco, de onde pediu demissão por "problemas pessoais" nunca explicados em junho de 2018 mesmo após bom início de trabalho.
Depois veio o Botafogo, que o demitiu na última sexta-feira (12) após um começo de ano desastroso. O treinador falhou em levar o time às semifinais do limitado Campeonato Carioca e foi eliminado pelo Juventude ainda na terceira fase da Copa do Brasil. Será que Zé Ricardo escapa dessa espiral negativa?
Considerado estudioso no mundo do futebol, Zé Ricardo impressionava a todos em suas coletivas de imprensa, sempre destilando conhecimento e análises precisas sobre seu time e seus adversários. Ele sempre parecia conhecer a fundo cada jogador que enfrentava e parecia se distanciar daquela imagem de treinador "boleiro" de gerações anteriores.
Mas apesar de todo o conhecimento, Zé Ricardo parece viver o ciclo de todos os técnicos iniciantes no Brasil. Após a lua de mel da novidade, começam as cobranças por resultado que parecem transformar novas mentes do futebol em técnicos cada vez mais parecidos com os que vemos desde sempre no Brasil.
Um exemplo recente é Ney Franco que, como Zé Ricardo, brilhou nas categorias de base antes de receber uma chance em um time grande. Ele foi campeão mundial com a Seleção Brasileira Sub-20 e logo assumiu o São Paulo, onde levou o time ao título da Copa Sul-Americana de 2012, última grande conquista do time do Morumbi. Em 2013, porém, foi demitido após uma primeira fase de Libertadores conturbada.
Desde então Ney Franco treinou Vitória, onde começou bem, e depois Flamengo, Coritiba e Sport sem qualquer brilho. Hoje não escutamos mais o nome dele quando clubes grandes saem em busca de novos treinadores.
Até nomes de ponta do Brasil hoje passaram por esses problemas. Depois de brilhar no Goiás e de ótima passagem pelo São Paulo no começo de carreira, Cuca passou por maus bocados tentando se estabelecer no futebol e deixar a fama de "quase campeão" para trás. História parecida com a de Tite, que só no Corinthians convenceu torcedores, cartolas e comentaristas de que era capaz de ganhar títulos importantes.
A questão principal agora para Zé Ricardo é como ele irá encarar a nova fase após o fracasso no Botafogo. Como vai começar seu próximo trabalho? Que ideias vai abandonar e qual vai abraçar para apagar a ânsia por títulos importantes? E quais times continuam enxergando Zé Ricardo como um nome promissor?
Respostas que teremos provavelmente quando a dança das cadeiras dos técnicos começar no Brasileirão 2019.
