
Foram apenas 45 minutos em campo, mas o suficiente para encantar os exigentes torcedores do Barcelona e jornalistas catalãs. Por causa de sua exibição no empate por 2 a 2 contra o Tottenham, vencido pelos espanhóis na disputa de pênaltis na International Champions Cup, Arthur é o principal assunto deste início de semana na ‘Ciudad Condal’.
“Arthur deslumbra” e “Arthur promete” foram as respectivas capas de Sport e Mundo Deportivo, os dois principais veículos impressos da Catalunha. Por um lado, não chega a ser nenhuma novidade para quem acompanhava o jovem de apenas 21 anos no Grêmio. Por outro, em sua primeira aparição com as cores blaugrana, o meio-campista chama para si, ainda que sem querer, uma grande responsabilidade.
A de responder uma enorme expectativa. E isso não é fácil para ninguém, ainda mais quando se tem 21 anos e pela primeira vez na vida está em outro país, precisando se adaptar a um esporte de maior intensidade àquele que estava acostumado. Depois de cada um de seus 29 passes, com aproveitamento de 93%, uma oportunidade criada e um golaço marcado em sua única finalização contra o Tottenham, barcelonistas pegaram uma máquina do tempo para o período entre 1998 e 2015.
Uma época em que um meio-campista de 1,70 metros de altura se revelou um gigante ao ditar o ritmo de jogo saindo lá do campo de defesa até o ataque, com rara capacidade para o drible e triangulações. De forma muito resumida, era assim que jogava Xavi. E geralmente pela mesma faixa direita do gramado onde Arthur se notabilizou no Grêmio e já encantou no Barcelona. As comparações com um dos maiores que já pisaram no Camp Nou já começaram.
Se essa comparação com Xavi for apenas uma lembrança, é motivo apenas para se encher de orgulho. Mas que isso não dite a expectativa, aquela que o ditado popular aponta como “mãe da decepção”. Afinal de contas, serão muitos capítulos a serem escritos nesta sua primeira temporada. E se Xavi sempre será referência para qualquer meio-campista em busca de inspiração, um outro imortal do nosso futebol também merece menção especial.
Logo após ser eleito melhor jogador na decisão do Mundial de Clubes de 1981, vencida pelo Flamengo por 3 a 0 sobre o Liverpool, um jornalista inglês abordou Zico - também, ele, um Arthur - na sala de imprensa e afirmou: “o Brasil pode se orgulhar de ter um substituto à altura de Pelé”. Inteligente, o Galinho fez redobrar a admiração da imprensa internacional ao dizer, sem falsa modéstia, que não gostava de comparações. “Pelé é incomparável. Sou Zico, apenas Zico”, completou.
Arthur não precisa substituir Xavi, embora existam, de fato, semelhanças nos estilos de jogo. Precisa apenas ser Arthur... e isso será ótimo tanto para ele quanto para o Barcelona.
Curiosidades
• Arthur deu 29 passes em sua estreia, com aproveitamento de 93% segundo números da Opta
• Arriscou uma única finalização, justamente a que terminou em gol, e criou uma oportunidade
• Em campo, passou maior parte do tempo na faixa central do meio-campo, caindo mais vezes para a direita

