Jurgen Klopp não conseguiu esconder o sorriso quando a pergunta chegou. Como, ele foi perguntado, o Liverpool lidaria com o fato de não ter um jogo no fim de semana poderia ajudar a prepará-los para o importante confronto da Liga dos Campeões, contra o Ajax, em Anfield.
Neste caso, você pode olhar esse "benefício" por dois lados de uma moeda: os Reds levaram vantagem para poder treinar mais ou sofreriam uma perda de “ritmo”?
A resposta de Klopp foi tão enfática quanto divertida: “Qual ritmo?!” ele sorriu. “Não tínhamos ritmo. Assistiu ao nosso jogo?! Perder esse ritmo seria muito legal!”
A derrota para o Napoli, na abertura da fase de grupos, significa que o Liverpool chega ao jogo desta terça-feira (12), contra o Ajax sob pressão, tanto em termos de tabela quanto em termos de questionamentos a Klopp e seu time.
A derrota, por 4 a 1, na Itália, foi a mais pesada nas competições europeias desde dezembro de 1966. O Ajax, ironicamente, foi o time que infligiu essa derrota, com Johan Cruyff inspirando em um triunfo por 5 a 1, em Amsterdã.
Para Klopp, o Napoli representou outro ponto baixo. Ele diz que foi o pior desempenho de seu tempo como treinador dos Reds - "um verdadeiro show de horrores" - e que resultou em uma longa e desconfortável reunião de equipe, além de alguns bate-papos individuais, na semana passada.
Getty ImagesAs coisas claramente precisam mudar em Anfield, e rápido. Em sete jogos na temporada, o Liverpool venceu apenas dois e pareceu convincente em apenas um, aquele bizarra vitória por 9 a 0 contra o Bournemouth no mês passado. Se uma resposta positiva é esperada contra o Ajax, o fato de os visitantes terem goleado o Rangers, por 4 a 0, na partida de estreia da fase de grupos da Champions League e estarem na liderança da Eredivisie, com seis vitórias em seis jogos, deve soar uma nota de cautela para os torcedores dos Reds e para Klopp.
Ele poderá, pelo menos, receber de volta um de seus jogadores mais importantes para o jogo de terça-feira. Com Thiago Alcântara em forma, o jogador deve ser titular após uma aparição no segundo tempo, em Nápoles.
O espanhol estava ausente desde que saiu mancando da estreia da Premier League, contra o Fulham, em agosto, com uma lesão no tendão, e seu retorno dificilmente poderia ser mais bem cronometrado, dadas as dificuldades do meio-campo do Liverpool sem ele. Quando falamos de ritmo, poucos são melhores em trazê-lo do que Thiago.
Isso ficou evidente mesmo contra o Napoli, quando ele deixou o campo com mais desarmes do que James Milner, Fabinho, Harvey Elliott, Trent Alexander-Arnold e Andy Robertson juntos, e quando o Liverpool parecia um time totalmente mais coeso - embora contra um time que efetivamente garantiu sua vitória - durante seus 30 minutos em campo.
Sem ele, o Liverpool, tirando o Bournemouth e algumas passagens isoladas em outros jogos, perdeu toda a aparência de controle do meio-campo. Fabinho tentou, Milner tentou, Jordan Henderson tentou, antes de sua própria lesão no tendão e, embora a promessa de Harvey Elliott seja clara e suas performances geralmente encorajadoras, o jovem não pode e não deve ser exigido a fazer o que Thiago faz. Aos 19 anos, Elliott ainda tem muito para aprender.
GettyCom Thiago em campo, Klopp espera que o Liverpool melhore quase que imediatamente, tanto no trabalho com bola quanto na capacidade de controlar o centro do campo. O ex-jogador do Bayern de Munique é o sonho de todos os treinadores com seus passes diferenciados, mas sua leitura do jogo, a maneira como ele se posiciona para as segundas bolas, sua capacidade de fechar espaço e manter seu time na frente será tão valioso para Klopp, que planeja a recuperação dos Reds.
Klopp sabe que o Liverpool não é o mesmo time sem ele e que sua presença deve, pode e vai elevar o desempenho dos outros ao redor dele. Como Pep Lijnders, assistente de Klopp, disse à GOAL, em agosto: “Quando Thiago joga, nós jogamos."
Talvez isso ilumine alguns dos outros problemas do Liverpool e, em particular, sua oposição em contratar um meio-campista no verão europeu. Agora, seis semanas da temporada, isso parece uma aposta que pode custar caro.
O Liverpool estava interessado em Aurelien Tchouameni, que foi contratado pelo Real Madrid. Além disso, eles sondaram Jude Bellingham, do Borussia Dortmund, e ouviram que não havia chance para este verão. Mais tarde, na janela, eles consultaram Konrad Laimer, do RB Leipzig, que deve se mudar para o Bayern de Munique, sem custos, na próxima temporada.
GettyNo final, Arthur Melo chegou por empréstimo de uma temporada da Juventus, uma contratação de curto prazo, se é que houve uma, embora com experiência europeia e internacional decente, pelo menos. Em termos de estilo, o jogador de 26 anos também tem semelhanças com Thiago, embora nunca tenha se provado no mesmo nível.
E é aí que o Liverpool se encontra, contando com um jogador de 31 anos com um histórico de lesões para se manter em forma. Sem Thiago, eles simplesmente não conseguem ser a mesma equipe, e como Naby Keita, Curtis Jones e Alex Oxlade-Chamberlain ainda não apareceram nesta temporada, o time não consegue nem começar a compensar sua ausência.
Jogadores como Milner, e antes disso Henderson, têm sido alvo de críticas nas últimas semanas, principalmente pela falta de forma, mas a questão é mais ampla. O Liverpool tem muitos meio-campistas, mas muito poucos em quem eles podem realmente confiar.
Klopp espera que Thiago entre nesse vazio nas próximas semanas e meses, mesmo que a história sugira que ele possa estar pedindo demais.
Enquanto isso, os Reds precisam do seu meio-campista espanhol para voltar ao seu melhor momento e colocar seu time de volta na briga. Nesta terça-feira, em Anfield, contra o Ajax, seria um bom lugar para começar.




