Por que parar em Usain Bolt? Por que o Central Coast Mariners também não ofereceu um contrato para Conor McGregor e Ed Sheeran? Se tudo o que importa é o potencial comercial de ter uma celebridade na história do clube, então certamente eles poderiam ter objetivos ainda maiores do que Bolt?
A diretoria do Mariners, assim como todos os demais ligados ao futebol na Austrália, sabem muito bem que Bolt não é bom o suficiente e nunca será para construir uma carreira no futebol profissional.
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No entanto, sua persistência é forte, muito forte aliás, para chegar ao ponto da equipe ter certo receio em romper o contrato. O que o clube queria, de verdade, era apenas uma parceria com Bolt para conseguir vender as camisas com o nome do “ilustre” jogador, sem realmente precisar dele em campo.
No último domingo (21), o treinador do time australiano deixou claro que Bolt não estava próximo do padrão exigido para jogar em seu time, e que qualquer oferta de renovação de contrato por parte da diretoria não seria reconhecida por ele. O clube já confirmou que as conversas para renovar com Bolt estão em andamento, mas é improvável que o vínculo se estenda, já que Bolt foi “convidado” a ficar de fora dos próximos treinos.
O ex-atleta olímpico pode até ter marcado duas vezes em sua primeira partida profissional como jogador, mas foram gols feitos durante uma vitória fácil, por 4 a 0, em duelo de pré-temporada. O Macarthur South West United, adversário de Bolt, era composto por aspirantes ao futebol. Talvez naquela fatídica noite, Bolt estava em um lugar errado e na hora errada, já que um lugar que ele definitivamente não pertence é no ataque de um time de futebol profissional.
O Old Trafford costuma receber jogos de caridade nos finais de temporada, e Bolt comandou um amistoso no início deste ano no estádio. Cheio de celebridades, a partida arrecadou 6,7 milhões de libras (cerca de R$ 32 milhões), causa nobre, de fato. Mas mesmo em um padrão modesto de técnica demonstrada em campo, Bolt não conseguiu se destacar. Era aí que sua história no futebol deveria ter terminado.
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Implacáveis, Bolt e seu agente Ricky Simms persistem. Eles sabem como seu nome é valioso no mercado de publicidade. O jamaicano ganha dezenas de milhões todos os anos em suas propagandas comerciais. E os últimos rumores na Austrália indicam que os assessores de Bolt estariam pedindo, aproximadamente, 1,6 milhão de libras (R$ 7,6 milhões) para renovarem com o Mariners.
Apenas uma fração dos jogadores da A-League ganha mais do que 100 mil libras (R$480 mil), e estes são jogadores profissionais com uma vida inteira de experiência dentro de campo. Não são atletas de 32 anos sem experiência alguma no esporte. Ao que tudo indica, o clube estaria preparado para oferecer no máximo 80 mil libras (R$384 mil), salário inacreditável para um jogador tão limitado. Se Bolt realmente estava interessado em fazer carreira no futebol, por que não iniciar assim? Ele já é mais rico do que qualquer outro companheiro de equipe e, categoricamente, não está jogando apenas para colocar comida na mesa.
Vale destacar que rumores sobre um possível fundo distribuído ao Mariners pela Federação Australiana de Futebol (FFA), para ajudar a sustentar Bolt, circulam pela imprensa local. O dinheiro teria sido fornecido pela emissora Fox Sports, que recentemente ajudou a Melbourne Victory assinar com uma estrela do Japão, Keisuke Honda. A diferença é que Honda pode jogar futebol, Bolt não.
Na última semana, o velocista recusou oferta do Valletta, time de Malta, onde os proprietários, Sanban Group, têm planos de disputar as fases iniciais da próxima Champions League. Talvez a proposta deixasse o Mariners pressionado para oferecer uma oferta de renovação maior. Ele pode ser um jogador ruim, mas isso não significa que o clube pretende deixa-lo ir. Há também consideráveis especulações no futebol australiano na busca por Bolt.
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Jogadores que trabalharam duro a vida toda por uma oportunidade no futebol profissional puderam constatar que seus esforços não chegam a nada, já que o orçamento salarial de uma equipe é desperdiçado em uma “novidade”.
O Mariners conseguiu a grande publicidade que desejava, mas agora está fora de controle. Quando novos rumores começam a surgir de que Bolt poderá aparecer no próximo patch do FIFA 19, então sabemos que estamos em uma série de terror.
A fase de Bolt relembra a tentativa de Michael Jordan no beisebol em 1994, após sua primeira aposentadoria da NBA. O astro assinou contrato com o Chicago White Sox, que tinha o mesmo dono do ex-time do basquete do veterano, o Chicago Bulls, que não queria que o astro escapasse de suas garras. Uma fantasia, como a de Bolt, foi favorecida pela força do sobrenome. Então aos 31 anos, Jordan não jogava beisebol desde os tempos de colegial, mas queria cumprir uma promessa feita ao falecido pai, que sempre achou que ele tinha as habilidades necessárias para o esporte.
Foi contratado pelos Barões de Birmingham, uma equipe considerada classe A, na qual costumava cultivar talentos promissores para a Liga Principal. Para chegar até o time titular, Jordan entrou no lugar de um talentoso jogador chamado Charles Poe, que precisou abrir caminho para o já rico atleta. O ex-jogador de basquete nunca esteve perto de causar impacto, quanto mais se tornar bom o suficiente para encontrar o caminho para as principais ligas do beisebol.
Jordan abortou sua caprichosa busca menos de um ano depois, temendo que fosse convocado como jogador substituto durante o ataque à Liga Principal, em 1994-95. Naquela época, treinadores e jogadores falavam sobre o trabalho árduo, a disciplina e a melhoria de Jordan. Traços valiosos em um atleta durante início de carreira, mas ainda assim, é preciso muito mais para quebrar as fileiras profissionais.
Algo semelhante ao que alguns estão comentando sobre Bolt. Companheiros de equipe e treinadores têm falado sobre o seu desenvolvimento, mas não há muitas vozes por aí elogiando o que ele poderá fazer com uma bola de futebol.
Oito vezes medalhista de ouro olímpico, Bolt é legitimamente considerado como um dos melhores atletas do mundo, mas ele está ocupando espaço e causando uma distração desnecessária. Ele não é um jogador de futebol e nunca será um.