O Bayern de Munique teve má sorte nas semifinais da Champions League contra o Real Madrid. Muito por conta de ausências de jogadores que seriam importantes em qualquer equipe no mundo.
Manuel Neuer, Arturo Vidal e Kingsley Coman não puderam jogar nenhum dos dois jogos, enquanto David Alaba foi uma dor de cabeça para Jupp Heynckes na ida, além de Arjen Robben e Jérôme Boateng estiveram fora de combate para o segundo confronto.
As derrotas foram sentidas e os alemães ainda tentam entender o que poderiam fazer de diferente, caso tivessem todos os atletas disponíveis.
Para se ter uma ideia, Rafinha - que substituiu Alaba na ida - cometeu o erro que originou o gol da vitória de Marco Asensio. Sven Ulreich - reposição eficiente de Neuer durante a temporada inteira - cometeu um erro digno de videogame, e entregou uma bola fácil para Karim Benzema estufar as redes no Santiago Bernabéu.
Ele com certeza poderia ter se saído melhor na bola recuada por Corentin Tolisso, que talvez não seria titular caso Vidal ou Martínez estivessem em plenas condições de jogo.
“No geral, fomos superiores, mas entregamos um gol para o Real em cada partida e isso é determinante em jogos desse nível”, revelou o zagueiro Mats Hummels ao canal Sky.
Novamente, foi um daqueles momentos que os espanhóis cresceram e saíram vitoriosos, e todos perguntam como eles conseguiram. Eles alcançaram a quarta final de Champions em cinco temporadas, e ainda há pessoas que duvidam se eles são os melhores da Europa.
Parece que falta cadência e estratégia aos Blancos. O modo como conduziram os confrontos parecia ser a salvação.
Raphaël Varane and Sergio Ramos se jogavam em qualquer bola que ia em direção à meta e, quando não conseguiam evitar as finalizações, elas eram neutralizadas por um Keylor Navas que passou longe de ser unanimidade entre os torcedores e imprensa.
Foi assim que eles conseguiram triunfar. Para o Bayern restou a decepção.
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“Jogamos um ótimo jogo hoje (1) e fomos melhores nas duas partidas. Mas o Real Madrid é o Real Madrid. Normalmente dois gols são o suficiente para uma vitória. Merecíamos chegar na final", afirmou Heynckes, também em entrevista para a Sky.
É verdade que os bávaros jogaram bem. Eles tiveram posse de bola e as melhores oportunidades de gol, mas os merengues estiveram no controle, mesmo sem ter a redonda nos pés.
Eles sabem o que precisam fazer. Mais que qualquer outro time, eles estão dispostos a sofrer e se segurar. Eles sabem que resistência resulta em sucesso e que, caso não consigam evitar um cruzamento, eles sempre afastarão a chance de gol.
"No geral, fomos melhores que o Bayern, merecemos avançar. O DNA do Real faz com que a gente lute até o final. Me sinto orgulhoso desse time, é a recompensa que temos por tanto sacrifício", disse Sergio Ramos, capitão da equipe.
"Com o resultado a nosso favor, instintivamente recuamos e o adversário tem mais domínio de bola. Conseguimos segurar a pressão juntos e sofrer juntos", completou.
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O fator que mais pesou para a derrota do time de Munique nos dois jogos talvez tenha sido a falta de repertório. O lado esquerdo do ataque alemão esteve em grande sintonia, com uma dupla Alaba-Ribéry ativa, que deu bastante trabalho no espaço ocupado pelo lateral-direito reserva, Lucas Vázquez. Cortes para dentro e cruzamentos vieram constantemente daquele lado.
Mas a equipe da casa sabia disso, e conseguiu neutralizar esses elementos. O que antes eram erros dos reservas, agora era pura ineficiência dos titulares em converter as chances. Ao todo, foram 20 oportunidades de gol, com duas convertidas. Heynckes estava certo: dois gols fora de casa seriam o suficiente para resolver o duelo para eles.
Mesmo assim, a Juventus conseguiu dois tentos nas quartas de final e ainda assim foram eliminados. É preciso mais. O Real precisa ser massacrado, arrasado, e nenhum time em três temporadas conseguiu isso, desde a chegada de Zinedine Zidane.
Quando Robert Lewandowski, em particular, lembrar dessas duas noites, perceberá que os alemães chegaram perto da glória. O Bayern se apavorou em frente ao gol. Os lances de perigo foram reais, contra rivais menores, em jogos de menos pressão. Lewa não apareceu quando foi chamado.
Ele começou a temporada falando sobre como o time precisaria fazer grandes investimentos para ganhar a Champions. Na próxima vez que ele sentir a equipe abaixo do nível, alguém precisa mostrar um vídeo com os melhores momentos desses dois confrontos e pedir que ele se explique. Os comandantes do time da Bavária certamente conheceram mais do artilheiro polonês depois dessas duas ocasiões.
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Esse é o fim da linha para eles. A equipe não conseguie passar das semifinais do torneio com esse estilo de jogo, muito menos de alguma equipe importante da Espanha.
Eles talvez permaneçam vencendo os títulos nacionais por uma margem cada vez maior a cada ano, mas o modo como joga continuará sendo o principal defeito em solo espanhol. Mudanças são necessárias.
Um Niko Kovac sem experiências grandes chegará para assumir a vaga que será deixada por Heynckes. Sege Gnabry e Leon Goretzka serão as apostas e deverão se acostumar aos companheiros logo. Além disso, esses são reforços de Bundesliga, não de Champions.
Outras alterações são urgentes. Uma das referências, Arjen Robben, precisa ter uma peça de reposição à altura, já que, aos 35 anos, não é possível ver ele dentro de um futuro distante na equipe. Um centroavante com olho clínico melhor que Lewandowski e mais calma para finalizar que Müller também seria bem vindo. Os jovens que estiveram em campo na segunda partida são o núcleo para se montar uma equipe nova e forte.
Muito trabalho precisa ser feito para dar nova cara ao time, e é preciso que seja logo, para que não continuem sendo leões na Alemanha e gatos na Europa.




