A história da convivência de Pep Guardiola e Sergio Agüero no Manchester City é longa e complicada. Até agora, depois de quase duas temporadas cheias de reclamações e polêmicas, é cansativo listar todas as queixas e decisões que nos trouxeram a este ponto – mas vale a pena uma rápida recapitulação.
As decisões de Guardiola, táticas ou não, de deixar Agüero fora de alguns jogos, junto com as reações do atacante e reuniões não oficiais entre os agentes de ambos contribuíram para o clima pouco agradável.
É um enigma o porquê da extensão do contrato de Agüero nunca ter sido anunciada.
O fato de Khaldoon Al Mubarak, dono do Manchester City, ter garantido pessoalmente ao argentino que as coisas seriam melhores durante a segunda temporada do comando de Guardiola deveria falar por si só, assim como o fato de Agüero, em dezembro, ter decidido que as coisas não haviam mudado.
Simplificando o assunto: Guardiola suspeita que Agüero queira sair, e Agüero suspeita que Ppe quer tirá-lo do time.
Mas apesar de tudo, podemos ter chegado a um estágio no qual isso realmente não importa.
Getty Images (Foto: Shaun Botterill/Getty Images)
Na última temporada, quando o argentino insistia que tinha somente três meses para provar a si mesmo o seu valor dentro do City, o brasileiro Gabriel Jesus se machucou, e o camisa 10 se adiantou em cumprir sua própria meta pessoal. Com esforço e movimentação inteligente, provou a Guardiola que ele poderia fazer o que lhe foi cobrado dentro de campo.
Em uma estranha peculiaridade do destino, logo após Agüero ter divulgado que estava infeliz mais uma vez, Jesus teve outra contusão. Desta vez, o argentino aproveitou outra oportunidade, com rendimento ainda mais impressionante do que a anterior.
Independentemente do que ele e seu treinador possam pensar um do outro, Agüero está jogando o melhor futebol de sua carreira, e tudo está indo tão bem em campo que certamente não há dúvidas enquanto a permanecia do jogador no time. Até mesmo Guardiola está mais feliz.
"Em dois meses, é o melhor Sergio que já vi", disse o treinador logo depois à vitória do City sobre o Chelsea, no início de março.
"Não apenas marcando gols, mas ele não perde uma bola. Ele é o primeiro cara a fazer pressão, para ajudar o meio de campo a ficar mais confortável com a bola."
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Agüero estava infeliz por perder seu lugar na equipe em dezembro, e Guardiola preferiu Jesus para fazer as mesmas funções que o argentino faria. O argentino, no entanto, melhorou muito desde o início do ano, e é difícil imaginá-lo sendo deixado de fora nas principais partidas do City, mesmo em final da temporada e com Jesus sendo convocado para a Seleção Brasileira.
Mais aguerrido, talvez, em campo, Agüero está jogando em tal nível que é difícil imaginar outro atleta para entrar em seu lugar. Tem jogado tão bem que simplesmente seria inútil tentar substituí-lo. Já são 21 gols marcados nesta tempoarada.
Não importa quão leais os torcedores do City sejam com seu camisa 10, muitos reconhecerão que, por vezes, o jogador nem sempre pareceu o homem certo para fazer as funções desejadas na era Guardiola. Mas agora ele as faz, e ainda vem adicionando uma série de aspectos diferentes a seu futebol, sem contar sua influência no vestiário e o vínculo que criou com os jogadores.
Agüero e Guardiola parecem ter tropeçado em um casamento de conveniências, e podem até não conversar ou sequer olhar um para o outro. Mas, nesse momento, parecem ter deixado as diferenças de lado.
O argentino só queria manter o seu lugar na equipe, e Guardiola só queria seus jogadores para fazer o que ele pede.


