A diretoria do Santos está acusando o ex-presidente Modesto Roma Júnior e seu vice, César Conforti, de simulação falsificada do contrato de intermediação do pagamento da indenização prevista na transferência de Neymar quando deixou o Barcelona para o Paris Saint-Germain, em 2017.
De acordo com a apuração do portal Globo Esporte, documentos nos quais tiveram acesso apontaram que não há demonstrações de que a Qauntim Limited, empresa de Malta contratada para supostamente negociar com o PSG, tenha de fato realizado o trabalho.
Modesto negou as acusações e diz que apresentou documentos que provam a prestação de serviços à Comissão de Inquérito e Sindicância do Conselho Deliberativo do Clube, que ainda analisa o caso.
“Quando a coisa está ruim, eles começam a gerar notícias assim. Claro que (a Quantum) prestou o serviço, eu mandei todos os documentos na época para a Comissão de Inquérito e Sindicância”, afirmou o ex-presidente.
Segundo a atual diretoria do Santos relatou, e-mails do departamento jurídico do clube apontam que todos os contatos com o PSG foram feitos por meio da equipe interna de advogados santistas, sem a participação da Quantum, considerada uma companhia de paraíso fiscal no Mediterrâneo.
A venda do atacante para o PSG atingiu o recorde entre as transferências europeias, com o valor de 222 milhões de euros. O Santos teve direito a cerca de 8,5 milhões de euros desta contratação por ser o clube formador de Neymar, graças à cláusula de solidariedade importa pela Fifa.
O contrato com a Quantum, assinado em agosto de 2017 previa o pagamento de uma comissão de cerca de 430 mil euros (5% do total), o equivalente a R$ 1,85 milhão na cotação atual. Esta dívida jamais foi quitada.
À época, o Santos alegou que o PSG resistia em pagar a cláusula de solidariedade – o argumento era de que a transferência havia sido realizada com o pagamento da multa rescisória.
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(Neymar chegou ao PSG em agosto de 2017/ Foto: Getty)
De acordo com os e-mails anexados ao processo judicial, o departamento jurídico do Santos faz o primeiro contato com o PSG para a cobrança dos valores a que acreditava ter direito no dia 2 de agosto de 2017 – um dia depois de o contrato com a Quantum ser assinado e um dia antes de Neymar ser apresentado em Paris.
Na longa troca de mensagens, não há menção dos franceses em não pagar os valores pedidos – o cálculo feito pelo PSG, inclusive, é superior ao feito pelo Santos, uma diferença de cerca de 400 mil euros.
Dois meses depois, no dia 2 de outubro, o PSG encaminha ao Santos um comprovante do pagamento dos 8.599.018,82 euros (R$ 32 milhões pela cotação na época).
Nesses e-mails, em momento algum a Quantum é citada. A empresa, em contato com o Santos após a suspeita, apresentou mensagens que comprovariam a participação dela nas conversas. Os e-mails são entre um representante da Quantum, identificado como Alain, e incluem pessoas do PSG.
Em 12 de dezembro de 2017, três dias após a eleição no Santos, quando José Carlos Peres venceu Modesto Roma Júnior nas urnas, o ex-presidente e o ex-vice assinaram uma confissão de dívida com a Quantum pelo valor de 429 mil euros. No cargo, Peres se recusou a pagar os valores.
O Santos está sendo cobrado na Justiça de São Paulo pelo não pagamento desta comissão. Quem cobra o clube, porém, não é a Quantum, mas uma empresa brasileira, a FK Sports Agenciamento, que afirma ter adquirido os direitos a este crédito.
O Santos informou que não comenta ações em andamento.
O clube quer que a Justiça anule o contrato com a Quantum. Na última quinta-feira, o pedido de uma liminar foi negado, mas Modesto, Conforti e a empresa de Malta deverão ser intimados para apresentar contestação.


