Na coxa esquerda de Marcelo está tatuada a taça da Champions League, e abaixo dela as datas: 2014, 2016, 2017. O Real Madrid já venceu 12 vezes o campeonato europeu, e um quarto deles vieram nos últimos quatro anos.
A conquista da La Decima – contra o Atlético de Madrid, em Lisboa – deu uma nova dinastia à equipe de Santiago Bernabéu. O status dos merengues como superpotência pode ter sido alcançado no final de 1950 e começo de 1960, graças a jogadores como Alfredo Di Stefano, Ferenc Puskás, Francisco Gento e as suas conquistas. Mas o time atual do Real Madrid está escrevendo sua própria história.
Marcelo admitiu no início da temporada em um artigo publicado pelo The Players Tribute que ele nunca tinha ouvido sobre a Champions League, até ver a final de 2004 entre Porto e Mônaco, no centro de treinamentos do Fluminense, quando ele tinha 16 anos.
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A Champions League passava apenas nos canais pagos no Brasil, e sua família não tinha dinheiro para isso. E não há dúvidas do quanto isso significa para ele agora. O jogador de 30 anos é uma parte crucial da história do Real Madrid na competição. E acima do seu joelho ainda cabem mais datas a serem desenhadas.
“Ele chegou com seu avô e era um bom garoto”, diz o ex-parceiro de campo de Marcelo, Francisco Pavon, à Goal. “Eu passei um ano e meio com ele. A sua família lhe deu uma boa educação desde jovem e ele era muito tímido no início. Não foi fácil para ele porque ele chegou ao Real na responsabilidade de tornar o próximo Roberto Carlos, e queria jogar todas as partidas. Ele não teve muito tempo em campo, e olha no que ele se tornou hoje. Eu estou muito feliz por ele. Ele merece.”
As comparações com seu antecessor ainda vão durar. Roberto Carlos pode até ter medalha da Copa do Mundo, mas não se iguala às riquezas de Marcelo na Champions League.
“Eu joguei com os dois”, diz Pavon. “Ambos são diferentes e também são defensores na esquerda, mas cada um tem suas próprias habilidades. Cada um do seu jeito, eu acho que foram os melhores laterais que já jogaram pelo Real Madrid”.

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Enquanto o Real possui Cristiano Ronaldo e um dos melhores quartetos de meio-campo formado por Casemiro, Toni Kroos, Luka Modric e Isco, esse é o trabalho de Marcelo e seu companheiro Dani Carvajal, que também mostra o por que deve dominar seu lugar em campo. “Os dois (Marcelo e Carvajal) são fundamentais, especialmente no ataque”, diz Pavon.
“Ambos trazem superioridade ao ataque pois vão à frente do campo e criam situações de dois contra um. Muitos gols nesta temporada chegaram depois de alguma jogada deles terminar no pé de Cristiano ou com um chute de Benzema.”
As provas disso têm sido confirmadas nos jogos eliminatórios da Champions, em que a equipe de Madri se recuperou de uma fase de grupos nada além do normal e mostrou ser o favorito para a final deste sábado (26) contra o Liverpool, em Kiev.
Assim como marcou contra a Juve, Marcelo também fez o terceiro gol que quebrou o Paris Saint-Germain na partida de ida das oitavas de final da Champions. Além de também garantir um empate crucial para os blancos na primeira partida da semifinal, contra o Bayern de Munique.
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“Que bom que nós temos ele, e não as outras equipes”, disse o técnico Zinedine Zidane após a partida contra o Bayern. “Ele é um jogador importante para o nosso trabalho, especialmente ofensivamente. Ele pode fazer a diferença a qualquer momento do jogo.”
Marcelo comemorou seu gol contra o PSG correndo para a área técnica e abraçando seu técnico. Zidane estava sob séria pressão pelas dificuldades de sua equipe na fase de grupos e em La Liga, a qual terminaram atrás do Barcelona. Mas o Real Madrid se manteve unido.
Ao olhar para as formações do time nas finais de 2014, 2016 e 2017, é perceptível a continuidade. Nota-se um grupo de jogadores que aprenderam a sofrer juntos e que acumularam a experiência do que é preciso para comandar a competição. É essa continuidade que ajudou os merengues nos momentos mais cruciais desta campanha. Eles resistem, e quando chega o momento, eles atacam.
Marcelo pode muito bem ser nomeado um oponente direto de Mohamed Salah no jogo deste sábado, em Kiev. Um dos jogadores com maior destaque do mundo. O egípcio pode ser uma ameaça de gols e veloz, mas ele deverá se preocupar tanto com Marcelo, quanto o brasileiro se preocupa com ele.
