O Flamengo fez, contra o Grêmio, uma de suas melhores exibições neste 2019. Mas por questão de milímetros não goleou o Tricolor no primeiro jogo válido pela semifinal da Libertadores da América. A partida, realizada em Porto Alegre, terminou em 1 a 1, e os protagonistas de cada lado não poderiam ter sido mais opostos dentro de suas ações em campo.
Gerson e Everton Cebolinha não balançaram as redes (os tentos foram anotados por Bruno Henrique e Pepe), mas foram decisivos de maneiras e formas diferentes. Enquanto um voltou a ditar o ritmo dos passes, demonstrando também uma leitura rara dos espaços, o outro concentrou todo o seu poder de decisão em um único lance.
O espelho do Flamengo
Mapas de calor do Flamengo ao lado do de Gerson contra o Grêmio (Imagem: Opta Sports)
Já não é novidade ver o Flamengo tendo grande atuação sem que Gerson seja o autor dos gols ou assistências, mas ainda sim deixando o campo exaltado como um dos melhores da partida. Na última quarta-feira (03), aconteceu mais uma vez.
O meio-campista buscava, na maioria das vezes, a bola com Rodrigo Caio e, no campo de ataque, procurou principalmente Bruno Henrique (7 passes), Arrascaeta e Everton Ribeiro (5 passas para cada), justamente os rubro-negros que mais criaram chances de finalizações. Povoando todo o seu setor, foi decisivo no lance do único gol rubro-negro que foi válido.
Na jogada finalizada por Bruno Henrique, no minuto 69’, o Flamengo trocou passes por cerca de um minuto. Ali, Gerson tocou a bola para Willian Arão na faixa esquerda do meio-campo, e enquanto seus companheiros passavam a bola um para o outro, andou calmamente como se precisasse decifrar uma charada (como infiltrar na defesa adversária?). Já no canto direito do campo de ataque, notou o espaço na frente da área que não estava sendo coberto: infiltrou, pediu a bola e a entregou para Arrascaeta, que cruzou de forma certeira.
Assim como já vem acontecendo, especialmente nos melhores jogos do Flamengo, o mapa de calor da equipe é praticamente um espelho das movimentações de Gerson. Ou o contrário. O que importa é que ele é quem dita o ritmo do time, e por isso a sua saída, por causa de dores da coxa, levantou preocupações. Sem ele, que ainda vai passar por exames, o time precisa de um novo metrônomo.
Cebolinha, decisivo com poucos toques
Já Everton quase não teve a bola em seus pés. Em toda a campanha continental de 2019, dá para dizer que este foi o jogo em que o Cebolinha menos tocou na bola e arriscou dribles: foram, respectivamente, 29 e seis. Estes números são maiores somente em relação ao jogo de volta das oitavas de final contra o Libertad, no qual o camisa 11 foi substituído no início do segundo tempo, quando seu time já vencia por 3 a 0.
Mesmo assim, Everton foi primordial no lance do empate: apareceu na ponta-direita para fazer o cruzamento que bateria em Pepe e morreria nas redes de Diego Alves.
Os protagonistas, de cada um dos lados, também ajudam a explicar um pouco a história do primeiro jogo desta semifinal.


