
A eliminação do Cruzeiro para o Boca Juniors, nas quartas de final da Libertadores da América 2018, será para sempre marcada pela polêmica envolvendo as arbitragens – especialmente no jogo de ida, quando a equipe argentina aproveitou a superioridade numérica, após a absurda expulsão de Dedé, para construir uma vantagem de 2 a 0 que condicionou absolutamente o duelo de volta.
O empate por 1 a 1 da última quinta-feira (04), no Mineirão, ficou marcado por acontecimentos históricos: Dedé tornou-se o primeiro jogador a receber cartões vermelhos em duelos de ida e volta de uma mesma eliminatória do torneio, enquanto Cristian Pavón fez, aos 94 minutos, o gol mais tardio do Boca desde a vitória sobre o Santos, na final de 2003.
O encontro entre Cruzeiro e Boca parece destinado a acontecimentos únicos e grandes emoções. Em 1977, as equipes protagonizaram a primeira disputa por pênaltis nas decisões da competição. A polêmica também esteve lá: na primeira cobrança dos argentinos, o zagueiro Mouzo acertou a trave, mas o árbitro venezuelano Vicente Llobregat mandou voltar a batida (alegando que o goleiro Raul havia se adiantado). No final das contas, os Xeneizes levaram a melhor por 5 a 4 e conquistaram a América pela primeira vez.
Foi o início, também, de um gigante domínio contra equipes brasileiras no mata-mata. Antes, o Santos de Pelé havia batido os Xeneizes na final de 1963. Depois, apenas Fluminense (semifinal de 2008) e Corinthians (decisão em 2012) conseguiram eliminar o sonho da equipe de La Bombonera. Em 17 embates, 14 triunfos.
Dedé foi expulso nos dois jogos das quartas de final (Foto: Getty Images)
Jogando como visitante em nosso país, nenhuma equipe evitou mais vezes a derrota (15 vezes: 7 vitórias e 8 empates). Mas o que explica tamanha superioridade de um clube contra outros tantos gigantes do Brasil? Como geralmente acontece no futebol, nenhuma resposta é absoluta. Mas é possível enumerar cinco razões:
• Poderio para montar constantemente equipes muito competitivas
• Influência nos bastidores
• La Bombonera
• Mística do próprio clube
• Vantagem psicológica
Cada uma delas esteve presente de alguma forma, também, na eliminação do Cruzeiro em 2018: a boa equipe treinada por Guillermo Schelotto, o bom relacionamento com a Conmebol (muito ao contrário do que acontece no Brasil), a força de seu estádio e mística. Mas a vantagem psicológica, o “respeitar muito”, também cobra a sua conta.
Tudo isso ajuda um pouco a explicar mais uma classificação boquense na conta de brasileiros. O que é de difícil explicação é como Raniel, bom atacante, perdeu de forma incrível a chance de fazer o 2 a 0 quase embaixo das traves na reta final do segundo tempo. Poderia ter sido diferente, mas seguiu o roteiro mais comum – infelizmente, para o futebol brasileiro. Agora cabe ao Palmeiras, nas semifinais, a missão de diminuir a desvantagem.
