Dia Internacional da Mulher, 8 de março. Aquele dia cheio de textos importantes, indicações de leituras, playlists e podcasts personalizados, receber uma flor ou bombons no escritório… Tudo para lembrar da luta da mulher pela igualdade de gênero em diversas esferas. No esporte, ressaltamos o número de mulheres na mídia, nos campos e quadras, nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos - de inverno ou verão -, na gestão e na área técnica, para celebrar os avanços conquistados e manter o foco naqueles que ainda estão por vir.
Pensando no futuro e nos próximos oitos-de-março que virão, é importante lembrar que a diversidade não passa apenas por gênero. Ater-se apenas à presença de mulheres sem garantir a equidade - ou seja, que todas tenham as mesmas chances de alcançar as posições desejadas - não é diversidade de verdade. É só olhar para fotos das equipes diversas nas redes sociais. Quando há mulheres, quantas delas são negras ou indígenas? LGBTQIAP+? Pessoas com deficiência? Qual a faixa etária dessas mulheres?
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Além disso, quando se fala em diversidade e equidade, a palavra seguinte é inclusão. Não é colocar estas mulheres em qualquer função, mas garantir que elas tenham condições adequadas de exercer as suas funções sem ter que matar um leão machista por dia. Que elas possam prosperar. Mesmo que entrem em cargos baixos, que tenham um caminho claro até o topo. Parece fácil, mas não é, pois as cadeias de comando no meio esportivo (e em várias outras esferas) são formadas por homens.
Por exemplo: você sabia que mulheres jornalistas são as que mais sofrem ataques no meio digital? Estes ataques, muitas vezes pessoais, são direcionados de forma machista. É só fazer o exercício de ler os comentários de alguma opinião de uma jornalista esportiva. Comentários sobre a aparência, o corpo, críticas pessoais, trolls mandando “lavar louça” ou dizendo que mulheres não sabem sobre o assunto em questão são comuns. Todas nós já recebemos.
A verdade é que se pode até pensar na representatividade, mas como reter esses talentos? Garantir que elas desenvolvam o seu trabalho da melhor maneira possível? Garantir que elas não tenham receio da visibilidade porque, com ela, vêm os ataques? É difícil imaginar que perdemos talentos porque, em algum momento, elas ouviram de todos os lados que estavam erradas.
Já é difícil apontar mulheres que chegam a uma posição de treinadora da seleção brasileira, seja ela masculina ou feminina. Este ano, com cinco, temos o recorde de treinadoras na Série A1 do Brasileirão. Levamos muito tempo sem mulheres nos cargos mais altos da CBF, mesmo quando o assunto era futebol… de mulheres. Por décadas, ex-jogadoras que defenderam a camisa da seleção não eram reconhecidas pelo seu trabalho e dedicação. Elas mal eram pagas quando jogavam, como chegariam a um cargo de gestão? A uma presidência de clube, a uma diretoria da CBF? A um cargo técnico?
O 8 de março não é só sobre ter mulheres lá, fisicamente, ocupando espaços nos cargos. É sobre garantir que elas - todas elas - estejam em posição de igualdade desde o começo para competir, não só com homens, mas entre si.
Vale lembrar que mulheres no esporte são atacadas por serem mulheres, já foram proibidas por lei de exercerem o seu trabalho por serem mulheres. Por isso, quando se fala delas, não é só sobre o sucesso daquelas que chegaram. É sobre a luta daquelas que ainda vão chegar. É sobre garantir, como disse Formiga nessa entrevista, que as próximas gerações de meninas e mulheres se beneficiem das sementes que foram e estão sendo plantadas todos os dias. Nos oitos-de-março que vieram e naqueles que virão.
