Por Bruno Guedes - @brguedes
A nota divulgada pelo Clube de Regatas do Flamengo, nesta sexta-feira, é a prova de como nossos dirigentes não compreendem a importância e a grandeza do futebol no Brasil. Com um discurso mal escrito e extremamente vexatório em termos de conteúdo, o Conselho Diretor não só piorou a imagem da instituição que já vinha mal em 2019, como jogou a torcida contra o time.
Inegável que quando se está de fora é mais fácil criticar. E nesse caso falamos da atual gestão, que durante os últimos três anos criticou de forma até dura a antiga. Muitas vezes, com razão. Outras, apenas por revanchismo ou tentando capitalizar politicamente. Mas quando você deixa de ser pedra e passa a ser vidraça é preciso tomar cuidado redobrado. O tal Conselho não sabe disso.
O erro na contratação do técnico Abel Braga, já abordada nesta coluna em dezembro ainda, é notório dentro de campo. Um futebol desorganizado, desequilibrado (sofrendo gols em 18 partidas de 24 disputadas. Ou seja, 75% dos jogos) e cujos resultados são pífios se comparados aos investimentos. E é aí que começa a vergonha apresentada na tal nota, uma bola de neve sem fim...
Vitinho, em lance de Flamengo x Ajax, pela Florida Cup 2019 (Foto: Alexandre Vidal/CR Flamengo)
Comemorar Florida Cup, um torneio de pré-temporada e cujas equipes o utilizam (pelo menos deveriam) exclusivamente para preparação, vai contra até mesmo o que foi dito durante a campanha do atual presidente Rodolfo Landim. Dizendo que iria resgatar a grandeza do clube, tal nota só mostra como a ambição é pequena: um torneio de verão utilizado como resposta. Parecia o criticado Mozer comemorando o Carioca de 2017 após um ano terrível.
Próxima partida
Pior: cita o Ajax, possível finalista da Champions League, como um dos derrotados pelo Flamengo. Só que o time holandês utilizou apenas dois titulares naquela partida. E que foi vencida apenas na decisão por pênaltis... Ao continuar elencando o que chamam de "sucesso", cita o Campeonato Carioca, mas esquece da Libertadores, principal competição e cujo nível técnico é maior que qualquer outra competição disputada pelo Rubro-Negro este ano.
Em dezembro de 2018, durante uma entrevista ao Fox Sports, o atual mandatário disse o seguinte: "Essa história de relativizar derrotas, em partes, como times medíocres, essa falta de indignação com o mal resultado, é uma coisa que leva o clube a não ganhar. Ninguém com esse tipo de discurso ganha nada". Parece que serve para este momento e tal nota estapafúrdia.
Tamanha falta de preparo é demonstrado ao atacar a imprensa, principal canal de divulgação para o bem maior que o Flamengo tem: a torcida. Achando que ela não apura, não cruza informações e tem fontes que asseguram suas informações, tenta apenas acusá-la. Os patrocinadores agora veem suas marcadas ligadas a memes, chacotas e zombarias nas redes sociais ou veículos informativos por conta disso.
A imagem do clube sai extremamente arranhada deste episódio que tentou justificar a escolha política do técnico Abel Braga, ao invés de realmente confrontar os fatos. Torcedor não é cego. Os jornalistas muito menos. Todos percebem o que se tentou negar nos 10 vexatórios parágrafos.
A pasta de comunicação rubro-negra, que desde o começo do ano vem sendo alvo de críticas por conta dos muitos erros até amadores, agora parece ter feito a corda e colocado o pescoço. Não satisfeito em passar vergonha dentro de campo - com elenco caríssimo e pouco futebol - agora o Flamengo também passa fora dele.
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Bruno Guedes é músico, apaixonado por futebol e beisebol. Brasiliense por certidão e carioca de coração, acredita no futebol brasileiro e tem Romário como o maior jogador que viu dentro das quatro linhas. |