Por Bruno Guedes - @brguedes
Por anos, o futebol brasileiro foi referência técnica sobre seus rivais. Por um breve período entre o final dos anos 50 e a Holanda de 1974, também tática. Porém, desde então, viveu alguns lampejos e sentou sobre sua superioridade na formação de jogadores. Desde 2006 vive o inverso, a decadência total. Porém, neste momento, vê a virada que precisava para voltar a brilhar. E o Flamengo lidera a nova ordem.
Jorge Jesus chegou ao Brasil com um cenário de equipes que se escoravam na muleta de "aprender a sofrer". Um eufemismo para jogar muito mal e ganhar de qualquer jeito. E muito preconceito quanto ao que vem de fora do "futebol pentacampeão". Após alguns meses de Jorge Sampaoli mostrando que era possível jogar bem, o português assumiu o protagonismo e virou referência. Mudou ideias, derrubou falsas certezas e principalmente provou o nosso atraso futebolístico.
Estamos em novembro e o Flamengo continua jogando um futebol vistoso, elogiadíssimo dentro e fora do país e ganhando. Ganhando, não. Atropelando. Jorge Jesus é o grande expoente da nova ordem do futebol brasileiro. Nos últimos anos tivemos ensaios da implosão do estilo arcaico e retranqueiro com Renato Gaúcho, Tiago Nunes e, até mesmo em alguns momentos, Fernando Diniz.
Flamengo x CorinthiansPorém foi com a chegada de Sampaoli e Jesus que a roda girou. O português resgatou não só apenas a auto estima rubro-negra, como o futebol que sempre foi marca do Brasil: ofensivo. O Flamengo joga um futebol brasileiro quando tem a posse da bola e um europeu sem ela. Um encontro de escolas que há anos foi rejeitado - por incapacidade - pelos superados técnicos tupiniquins.
Jesus desfez mitos e viu treinadores sendo demitidos após derrotas acachapantes para a sua equipe que joga bonito, tem resultado e não abre mão, nunca, da intensidade. Dois deles, Felipão e Carille, são os atuais campeões brasileiros. Fez repensar jornalistas e torcedores, mas também técnicos e dirigentes.
O que vem a seguir será a não mais admissão de retrancas e partidas sonolentas. Isso não é Brasil, mas apenas manutenção de emprego dos "professores" ultrapassados.
A nova ordem chegou. Flamengo e Jorge Jesus são as locomotivas dessa mudança que já vinha se desenhando, ainda que timidamente, nos últimos anos. Futebol bonito, de resultado e que dá prazer em assistir. Como sempre foi no Brasil de outros tempos. Adapte-se ou morra.
Muitos ainda são adeptos do "tem que aprender a sofrer" para ganhar. Parece que estes estão mesmo sofrendo... bastante até. Principalmente contra o Rubro-Negro. E não vencendo.
Eles que lutem.
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Bruno Guedes é músico, apaixonado por futebol e beisebol. Brasiliense por certidão e carioca de coração, acredita no futebol brasileiro e tem Romário como o maior jogador que viu dentro das quatro linhas. |



