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Perez Mourinho Ramos splitGetty/Goal

Opinião: Arrogante, Real Madrid é uma bagunça

Quando o Real Madrid passou raspando pela Juventus nas quartas-de-final da última Champions League, o lateral Marcelo riu da ideia deles serem eliminados.

"O que aconteceu com o Barcelona não vai acontecer com a gente", disse o brasileiro em referência à derrota e eliminação do rival por 3 a 0 contra a Roma na noite anterior.

Por que? "Porque somos o Real Madrid".

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Avance menos de 12 meses e o mesmo Real Madrid, que há pouco tempo celebrou 1000 dias consecutivos como campeão europeu, está fora das quartas-de-final da Champions League pela primeira vez desde 2010.

Em oito dias, Los Blancos foram eliminados da maior competição europeia, da Copa do Rei e ainda sofreram uma derrota para o Barcelona que acabou com suas chances de título no Campeonato Espanhol.

"Nunca senti isso antes", disse um confuso Dani Carvajal. "Não sei como explicar. É muito ruim. Em uma semana perdemos tudo".

Ele não está sozinho. Para o Real Madrid, um dos clubes mais bem sucedidos no futebol mundial, falhar é raro. Mas essa queda certamente não veio sem aviso.

Para quem está vendo de fora, um cheiro ruim de arrogância é claro. Para quem estava lá dentro, passou despercebido.

Foi essa arrogância que levou Florentino Perez a indicar Julen Lopetegui, cujos únicos sucessos como técnico são foram em times Sub-19 e Sub-21, como substituto de Zinedine Zidane, o homem que venceu três Champions League em apenas dois anos e meio.

Não foi uma surpresa quando as coisas não deram certo. Com a saída de Cristiano Ronaldo e nenhum substituto a altura, o antigo treinador da seleção espanhola lutou uma batalha perdida.

"Eles roubaram 50 gols do meu filho", protestou o pai de Lopetegui depois que o treinador foi demitido em Outubro. E ele estava certo.

A arrogância levou à dependência excessiva do clube em Ronaldo e, como resultado, à diluição da política dos "Galacticos" de Florentino Perez. Se passaram quase cinco anos desde sua última grande aquisição: os 90 milhões de euros pagos por James Rodriguez, considerado como um fracasso no clube.

Dinheiro foi gasto nesse período, mas não como no passado. Esse é um clube que, na economia pré-Neymar, gastou 222,5 milhões de euros em apenas quatro jogadores na virada do século ao contratar Luís Figo, Zidane, Ronaldo e David Beckham. Desde a chegada de James, eles gastaram 400 milhões de euros em 18 jogadores.

Deixar Ronaldo sair sem recrutar ninguém foi um crime, especialmente para um clube capaz de contratar praticamente qualquer jogador. Seja ele o talento deslumbrante de Eden Hazard, as finalizações impiedosas de Mauro Icardi ou o excitante potencial de Luka Jovic.

"Cristiano marcou 50 goals e você não consegue achar alguém que marque tantos", disse Luka Modric. "Alguns devem dar um passo a frente. Ao menos três jogadores precisam marcar ao menos 15 ou 20 gols. Não temos isso. É por isso que acho que marcar gols tem sido nosso grande problema no ano".

Top 5 Madrid scorers PSGetty/Goal

Mas essa pressão é injusta em um elenco que não tem goleadores autênticos. E acabou atrapalhando aqueles que mais tinham chance de crescer, como Marco Asensio, que indicou sua falta de experiência ao dizer que "não acho que sou eu que devo carregar o time".

Como resultado, tanto Lopetegui quanto Solari dependeram de gols de jogadores sem confiança tremendo na sombra de Ronaldo. Veja o comentário de Lucas Vasquez depois da derrota para o Ajax: "Nós tivemos chances claras de gol, mas não sabíamos como convertê-las". É incrível que essas palavras tenham sido ditas por um atacante do Real Madrid.

Mas todos os sinais foram ignorados e eles chegariam ao seu auge quando Sergio Ramos, o suposto líder da equipe, buscou deliberadamente uma suspensão para a segunda partida contra o Ajax.

Apesar das dificuldades do time na temporada, ele achou que uma vantagem de 2 a 1 na primeira partida era o suficiente para uma classificação no Bernabéu sem ele.

Depois que a UEFA estendeu sua punição para dois jogos, o Ajax esfregou sal na ferida ao derrotar o Real Madrid em uma noite que o jornal Marca chamou de "a pior já registrada" do clube.

"Sem querer falar mal de qualquer um de nossos jogadores, mas é claro que sentimos falta do nosso capitão", disse Solari após ter visto Rafael Varane e Nacho, que foi expulso nos minutos finais, serem arrasados por Dusan Tadic.

As palavras de Florentino Perez não foram tão elogiosas. Ramos acredita que o presidente o culpa pelas atuações ruins do time, e o capitão retrucou culpando o planejamento ruim do clube.

Seu futuro no clube foi colocado em dúvida para derramar mais combustível em um incêndio que já queima alto. E promete continuar queimando, já que José Mourinho, um homem cuja péssima relação com Ramos em sua passagem anterior não é segredo, se prepara para voltar a Madrid.

O caos no Bernabéu certamente se desdobrou de maneira repentina, mas era uma situação inevitável que tem sido trabalhada gradualmente pelas mesmas pessoas que construíram um dos melhores anos que a Europa já viu.

Quando Zidane deixou o clube no último verão europeu, ele disse à imprensa que "uma mudança é ncessária. E eu não quero me envolver com essas coisas".

O mundo do futebol achou que sua decisão era maluca, mas ele deve estar satisfeito agora. Não em ver o colapso de seu ex-time, mas por perceber que ele estava certo em sair quando saiu.

A questão agora é, quantos mais irão o seguir?

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