A grande exibição de Neymar na história da Champions League foi exatamente contra as cores defendidas por ele atualmente, quando foi o grande protagonista na virada épica do Barcelona nas oitavas de final da temporada 2016-17. Foram dois gols e uma assistência nos 6 a 1 sobre o Paris Saint-Germain, que havia vencido na ida por 4 a 0.
Ironias do destino, o brasileiro fez a sua melhor exibição vestindo a camisa 10 do Paris Saint-Germain exatamente em um 6 a 1. Evidente que o Estrela Vermelha não é, atualmente, uma potência do futebol europeu, mas se acumulava uma invencibilidade de 34 partidas, valoriza ainda mais o resultado construído pela equipe de Thomas Tuchel e, especialmente, a noite mágica de Neymar.
Centralizado no 4-2-3-1 escalado pelo treinador alemão, o brasileiro chamou para si os holofotes pela razão mais básica de todas: o futebol espetacular que sabe jogar. Fez os dois primeiros gols, ainda no primeiro tempo, e finalizou a contagem ao converter a sua segunda cobrança de falta da noite. Isso além de ter participado de forma esplendorosa no gol de Mbappé, com um passe que dispensa demais elogios para Bernat, antes da esfera beijar os barbantes.
Próxima partida
Não foi a noite mais artilheira de Neymar, que balançou as redes do Celtic quatro vezes quando ainda defendia o Barça. Mas foi a sua exibição mais sóbria e criativa desde que aceitou o desafio de fugir da sombra de Lionel Messi no Camp Nou. Isso fica evidente em seus números, já que participou de 41% de todas as ações ofensivas do PSG nesta quarta-feira (03), mas especialmente em seu comportamento tático e psicológico.
“Quando você está bem de espírito, é mais fácil ficar relaxado. O mesmo acontece com Neymar. Ele tem confiança em sua forma e em seu jogo, e dá para ver isso”, afirmou Thomas Tuchel após o duelo, enquanto o zagueiro Thiago Silva falou sobre o prazer que o compatriota vem sentindo ao ser um camisa 10 tanto em seu número quanto na função que vem desempenhando: “Não adianta nada você mudar a função do jogador, se ele não tem prazer nisso”.
GettyUm camisa 10 "absoluto" (Foto: Getty Images)
Tão especial quanto os dribles, a afirmação como espetacular cobrador de faltas ou a forma como vem atuando centralizado (criando chances e entrando na área para finalizar, como fez no segundo gol, após tabela com Mbappé), foi o seu comportamento – justamente o seu marcador mais implacável.
Nada de quedinhas constrangedoras ou uma irritação por muitas vezes infantil. Leve, “bem de espírito” e relaxado, mas sem esquecer de suas responsabilidades, Neymar fez a sua exibição mais adulta, ciente e confiante do que é e do que precisa ser. Foi perfeito em todos os sentidos: um craque que desejamos sempre ver em campo.
