A era Paulo Sousa começa de fato nesta quarta-feira (02), mais precisamente em Volta Redonda, diante do Boavista, pelo Campeonato Carioca. Depois de uma pré-temporada de muito trabalho, a expectativa para ver o time do técnico português é enorme, mas o grande desafio da temporada é romper de vez com o Flamengo de 2019.
Nos últimos dois anos, o time Rubro-Negro ficou refém da equipe de Jorge Jesus. Jogadores se tornaram intocáveis, mesmo aqueles que, em um determinado momento, oscilavam de desempenho. Enquanto isso, atletas que chegaram ao clube depois de 2019, foram sempre vistos como meros "reservas".
O exemplo mais claro é de Pedro, apontado por muitos como um dos melhores centroavantes do Brasil e visto por Tite como o único com determinadas características. Mesmo assim, sempre foi justificável ser uma opção no banco de reservas, pois o dono da posição é Gabigol. Justificativa "engolida" por todo mundo.
Mais num clube que precisa ser competitivo, ter um dos melhores no banco, sem procurar uma forma de encaixa-lo na equipe ou ao menos conseguir oferecer mais tempo jogando aponta para um comodismo, comodismo esse que reina no clube desde que Jorge Jesus saiu.
Sempre foram os 11, ou melhor, os que sobraram daquele time. O quão refém o Flamengo se tornou de 2019 refletiu na final da Copa Libertadores de 2021. Foi feito um trabalho intenso para tentar recuperar alguns atletas, que basicamente não tinham condições de disputar uma final que exigia alto nível físico naquele momento. Michael, por exemplo, que vinha em ótima fase técnica e física, sendo o melhor jogador do clube na temporada, começou o confronto no banco de reservas.
Vale ressaltar que esta não foi apenas uma opção de Renato Gaúcho, técnico no momento, era o pensamento do clube, eram aqueles jogadores que, obrigatoriamente, deveriam entrar em campo.
Além dos mesmos jogadores, outra regra era importante: não podia tirar jogador de posição ou coloca-lo para que fizesse uma função diferente dentro de campo. E foi assim que o Flamengo nunca conseguiu repetir 2019 nesses dois últimos anos.
Depois de uma temporada frustrante, sem títulos e com muitos problemas, a solução foi buscar outro português. Mas este chega com um grande desafio: liberar o Flamengo do time de seu compatriota. Paulo Sousa tem ideias diferentes, pensa o jogo de maneira diferente e quer coisas diferentes de Jorge Jesus.
Num dos primeiros papos com Paulo Sousa, a diretoria do Flamengo foi clara no pedido, quer competitividade interna e este se tornou um mantra do novo técnico que início hoje sua trajetória, sob olhares recheados de expectativa e com um grande desafio: mostrar que se pode fazer história de outra forma.
