Flamengo contratou Abel Braga apelando para sua experiência e tentando mudar o efeito passivo que a equipe apresentava em 2018. Mesmo que isso custasse a parte tática. E vem custando. Após um mês de trabalho, o time vence, não convence e apresenta muitos problemas. E as vitórias contra equipes fraquíssimas estão mascarando.
Uma das mudanças já percebidas é a forte utilização dos lados do campo para tentativas de criação de jogadas. Mas sem padrão de jogo tão definido, ainda há uma posse de bola sem tanta criatividade. Até por isso, os laterais apoiam bem menos que no ano passado, inclusive por conta de ter apenas um volante mais centralizado: Cuéllar.
Próxima partida
Arão vem compondo a linha de meias numa espécie de 4-1-4-1. Por isso, o colombiano se vê solitário na função. Uma febre entre os treinadores brasileiros atualmente, o esquema oferece uma saída mais rápida para o ataque, mas deixa bastante aberto o setor para passes. Os dois de lado, Vitinho/Bruno Henrique pela esquerda e Éverton Ribeiro pela direita, tentam recompor defensivamente para ajudar.
E é a partir desta informação que começam os problemas. O Flamengo tem um time que busca muito a parte ofensiva e deixa exposta sua defesa. Algo que, em uma Libertadores onde os times se fecham e saem em transição rápida nas primeiras fases, pode ser mortal. Tal fato é refletido nos números desses primeiros 30 dias.
Mesmo contra equipes tecnicamente muito inferiores, o time do Abel Braga tem dificuldades defensivas. Na atual temporada o Rubro-Negro atuou até em sete partidas (incluindo a Florida Cup) e sofreu gol em cinco delas, expondo o grande problema do técnico na sua última temporada completa no Fluminense, em 2017. À época, sofreu 53 gols e marcou 50. Um time desequilibrado e que por isso não foi longe.
Alexandre Vidal / Flamengo(Foto: Alexandre Vidal / Flamengo)
Na parte ofensiva o time se comporta meio desorganizado na criação das jogadas para finalização. Muita exploração dos pontas, que não necessariamente são apenas o definidos mas também Diego ou Arão fazendo as funções, mas sem muita definição.
E isso desemboca no velho problema do futebol brasileiro: se não conseguir entrar na defesa adversária, cruze sem fim. Só no Estadual vem fazendo 24 cruzamentos em média. Não só com os laterais, mas quem for acionado pelos flancos. O que reflete nas finalizações corretas, média de 5 por partida.
Faltando algumas semanas para a Libertadores, Abel Braga ainda tem muito por fazer até o time considerado ideal funcionar. Mas pelo primeiro mês já se percebe que os erros das suas equipes de outras temporadas ainda ocorrem.
Fonte das estatísticas: Opta
Bruno Guedes é músico, apaixonado por futebol e beisebol. Brasiliense por certidão e carioca de coração, acredita no futebol brasileiro e tem Romário como o maior jogador que viu dentro das quatro linhas. |