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Pochettino Klopp Tottenham Liverpool 2019

Nem Messi nem CR7: futebol coletivo volta a ser estrela na final da Champions

Seis anos depois da final alemã entre Bayern e Borussia Dortmund, a Champions League não terá Messi ou Cristiano Ronaldo na disputa da final. Uma rara ocasião em que tanto o argentino quanto o português não irão dominar as manchetes mundo afora. Antes da decisão entre Liverpool e Tottenham, neste sábado (31), os personagens principais são os treinadores Jurgen Klopp e Mauricio Pochettino, respectivamente, por causa do trabalho feito em suas equipes.

Klopp estava no comando dos borussianos em 2013, quando foi derrotado pelo Bayern, e também chegou com o Liverpool na final do ano passado perdida para o Real Madrid – na despedida de Cristiano Ronaldo do clube espanhol antes de seu acerto com a Juventus. Esteve nas duas pontas deste hiato e agora chega com o favoritismo para enfim levantar a taça mais cobiçada do continente.

Desde sua chegada a Anfield, em 2015, Klopp impôs o futebol de ritmo alucinante que já existia desde a sua passagem pela Bundesliga. Um modelo de jogo moderno e corajoso, que mistura o melhor dos mundos da posse de bola com o contragolpe mortal. Acima de tudo, recuperou uma relação única com os torcedores - que talvez só tenha um paralelo na época de Bill Shankly, o homem responsável pelo trabalho que fez os Reds passarem a ser conhecidos como são hoje – uma camisa pesada, que fecha a porta para o impossível em busca de fazer história.

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Shankly foi um dos poucos treinadores a ter revolucionado o jogo não tanto pela sua tática, mas tendo como grande foco a liderança nata para lidar com torcedores e seus próprios atletas. Décadas depois, Klopp repete muito da fórmula do ‘pai fundador’ do Liverpool moderno. O que não quer dizer que não saiba de tática – muito pelo contrário. O escocês, por exemplo, conseguiu criar uma cultura em volta de sua equipe de trabalho, o que foi refletido em campo por um conjunto na acepção da palavra. O melhor Liverpool comandado por Klopp é mais conhecido, hoje, pelo seu equilíbrio do que pela trinca ofensiva composta por Mané-Salah-Firmino.

Do outro lado, Mauricio Pochettino também remete a uma das melhores épocas do Tottenham. Os Spurs foram, antes mesmo do Liverpool de Shankly a partir dos anos 70, um time conhecido por jogar um futebol diferente no país – longe dos chutões para a frente. Um estilo de jogo aplicado também por um Bill. Neste caso, Bill Nicholson, ex-jogador de um Tottenham campeão na década de 50 sob o comando de Arthur Rowe, comandante cuja inspiração lançou as bases que veríamos futuramente no compilado de características do Ajax e Dínamo de Kiev e, mais tarde, até mesmo no Barcelona a partir de Johan Cruyff. Sob o comando de Nicholson, em 1963 o Tottenham tornou-se o primeiro clube britânico a ser campeão europeu ao conquistar a Recopa Europeia [a hoje extinta competição também chamada como Taça das Taças].

Pochettino não vestiu a camisa do Tottenham na época de jogador, mas assim como Nicholson com Rowe carrega consigo a inspiração em um mestre: no caso, Marcelo Bielsa, com quem ganhou títulos pelo Newell’s Old Boys, da Argentina, e também teve passagem pelo Espanyol de Barcelona na época em que calçava chuteiras. Chegou ao clube londrino, já como treinador, em 2014 e mudou a realidade de um time que antes não conseguia se incluir no grupo das seis maiores potências da Premier League. Fez isso utilizando uma fórmula muito parecida com a que vemos em Klopp no Liverpool, embora com menor poderio financeiro.

GFX Liverpool Tottenham 2018Getty Images / DAZN
Time%Posse de bola%passes certosGolsChances criadasChutes a golFinalizações contra
Liverpool59,6783,69113573290448
Tottenham Hotspur57,1983,27103592289704
Números dos finalistas, considerando todas as competições desta temporada 18-19 (Fonte: Opta Sports)

Este estilo de jogo semelhante também está desenhado em números nesta temporada. Existe pouca diferença na média de posse de bola, acerto de passes, finalizações e gols marcados. O favoritismo do Liverpool é baseado, além da tradição maior como vencedor, em sua qualidade defensiva aperfeiçoada da temporada passada para a atual graças a investimentos que o Tottenham, que manteve seus principais nomes mas não contratou novos, não teve. Nos últimos dois confrontos entre ambos, os Reds venceram por 2 a 1.

Ao contrário das finais recentes, que tiveram Cristiano Ronaldo ou Messi, a possibilidade de recordes e marcas individuais não ditam a maioria das manchetes mais buscadas pelo público – e também é importante dizer que esta não é uma crítica à dominância destes craques, apenas uma ‘folga’ em relação ao cenário que já estávamos conformados.

“Grande disputa tática” e outros termos utilizados com um protagonismo maior em relação a anos anteriores mostram que o foco da análise mais popular desta vez está nos trabalhos feitos por Klopp e Pochettino. Ou seja: assim como lá atrás os xarás Nicholson e Shankly queriam para Tottenham e Liverpool, o foco está inteiro no jogo de equipe e o encanto de possibilidades que isto traz consigo. O grande protagonista da final 2018-19 da Champions League é o futebol em equipe.

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