
No elenco histórico do Santos que conquistou o bicampeonato da Libertadores, em 1962 e 63, Pepe foi o jogador que futuramente teria a carreira mais vitoriosa como treinador. Mas jamais repetiu na área técnica da Vila Belmiro as glórias que teve quando calçava as chuteiras.
O mesmo cenário se repetiu com outros jogadores campeões continentais que viraram treinadores. Principalmente entre os que foram heróis tanto em título de Libertadores quanto em Mundiais – que tem uma importância toda especial no futebol sul-americano.
Zico, que fez história como treinador no Japão e com o Fenerbahce, da Turquia, já afirmou diversas vezes que não gostaria de ser técnico de equipes brasileiras. Nem mesmo do Flamengo, para não estragar a lembrança da “relação única” que o Galinho criou com a maior torcida do Brasil.
Rogério Ceni, que tem no São Paulo um peso tão forte ao que Zico tem na Gávea, aceitou o desafio de comandar a equipe onde colecionou glórias. Mas o primeiro capítulo não foi positivo, e ainda que o atual comandante do Fortaleza possa escrever futuramente uma nova história no Morumbi, é uma incógnita que só o futuro poderá dizer.
(Foto: Lucas Uebel/Grêmio FBPA/Divulgação)
Por isso, chega a ser irônico que o primeiro a conseguir o feito de ser campeão da Libertadores como jogador e treinador, tanto no Brasil ou por um clube nosso onde mais brilhou, seja Renato Gaúcho. Isso porque apesar de ser o maior ídolo da história gremista, Renato Portaluppi não teve pudor para rodar por outras equipes brasileiras: seja como atleta ou comandante. Foi um andarilho de gigantes, tanto jogando ou treinando.
(Foto: Divulgação/Grêmio)
E aí está a beleza deste seu momento como treinador: foi justamente quando a sua casa o chamou pela terceira vez, que ele fez história ao conquistar a Copa do Brasil em 2016. E nesta quarta-feira (29) foi além ao se transformar no primeiro brasileiro a ser campeão da Libertadores como jogador e treinador. E justamente pelo seu Grêmio.
Renato fez algo inédito na história do futebol brasileiro: elevou ao quadrado a idolatria que construiu através do esférico. Algo que outros ainda não conseguiram. Se já merecia uma estátua como jogador, também merece outra como treinador.
É claro que a teologia espalhada por vários clubes conta com deuses próprios e únicos, e não devemos cair no erro de comparar as divindades de cada religião. Mas que não fique dúvidas: Renato fez um milagre até então impensável. O de aumentar ainda mais o seu poder como senhor maior do Tricolor Gaúcho. Não duvide que, além de estátuas vestindo camisa suada ou de botão, Portaluppi vire em um futuro próximo o nome da arena gremista, o templo onde ele sempre terá a palavra final.
