Jurgen Klopp deve sentir que está envolvido em um jogo particularmente frustrante neste momento da temporada. Assim que o técnico do Liverpool resolveu um problema aparece outro, pronto para atrapalhar seus planos e testar sua capacidade.
Uma temporada que prometeu muito até agora deu muito pouco para os Reds, cujas inconsistências são tais que podem vencer o Manchester City em um fim de semana e perder para o Nottingham Forest no outro.
Fora do ritmo da Premier League, onde já perdeu mais jogos do que em toda a última campanha, o time de Klopp pode, pelo menos, ganhar um impulso ao garantir a classificação para as oitavas de final da Liga dos Campeões nesta semana.
Um empate fora de casa, contra o Ajax, nesta quarta-feira (26), será suficiente para o Liverpool passar e, no processo, poupá-lo de um encontro estressante com o líder da Serie A, o Napoli, na próxima semana.
Não pela primeira vez nesta temporada, Klopp se vê procurando uma resposta de sua equipe. O Liverpool foi derrotado pelo Forest no último sábado e, o impulso construído pelas vitórias contra Rangers, City e West Ham, foi embora de maneira bastante brutal.
Klopp sentiu que sua equipe teve azar, e é verdade que eles tiveram chances de conquistar os três pontos, mas a maioria dos comentaristas diria que os Reds tiveram o que mereciam por mais um desempenho pouco convincente e repleto de erros fora de casa.
Os problemas de Klopp são muitos, envolvendo lesões, busca pelo equilíbrio e formação, uma quebra no jogo de pressão de seu time e uma incapacidade alarmante de marcar o primeiro gol nos jogos e, assim, controlar os adversários.
Getty/GOALTalvez tão preocupante quanto qualquer coisa, porém, seja a visão de jogadores anteriormente confiáveis que lutam tanto por forma e ritmo.
O caso de Fabinho, em particular, é preocupante. Se você tivesse feito uma pesquisa no início da temporada para encontrar o jogador mais importante do Liverpool, pelo menos taticamente, então é provável que o brasileiro estivesse no topo da lista.
Mas ele parece uma sombra de seu antigo eu até agora nesta temporada, e seus problemas continuaram contra Nottingham Forest, onde ele parecia cansado e nitidamente desconfortável contra um time disposto a ceder a posse de bola e esperar por oportunidades de contra-ataque.
No seu melhor, Fabinho é central no jogo do Liverpool, com e sem a bola. “O farol”, como o gerente assistente Pep Lijnders o chama. Aquele que guia, constantemente na posição certa, sempre lendo o jogo e cortando o perigo.
Por alguma razão, as coisas simplesmente não estão funcionando bem nesta temporada. O meio-campo do Liverpool tem lutado desde o início, e Fabinho também.
Ele está perdendo a bola com mais frequência do que na temporada passada, recuperando-a com menos frequência e, apesar de ter mais toques e fazer mais passes, luta para trazer controle e estabilidade para um time que deseja ambos.
É revelador que ele não tenha começado nem contra o Manchester United nem contra o Arsenal, e talvez apenas a ausência de Thiago Alcântara, que ainda sofre de uma infecção no ouvido, o impeça de ser substituído também em Amsterdã.
Getty/GOALÉ provável que Fabinho comece ao lado de Jordan Henderson, outro jogador experiente que está bem aquém de sua melhor forma nesta temporada.
As lutas desses dois, além dos problemas contínuos de disponibilidade de Thiago, apresentam um verdadeiro dilema para o Liverpool, tanto agora quanto no futuro.
O Liverpool já está enfrentando a perspectiva de uma grande reconstrução no meio-campo, com James Milner, Naby Keita e Alex Oxlade-Chamberlain sem contrato no próximo verão e Arthur Melo, com certeza, será enviado de volta à Juventus no final de seu empréstimo.
Curtis Jones e Harvey Elliott são jogadores de grande potencial, Stefan Bajcetic também, mas não é irracional sugerir que os Reds podem precisar fazer até três contratações de grande nível.
Dada a forma como o clube tem operado no mercado de transferências nos últimos anos, essa é uma perspectiva assustadora. Até agora nesta temporada (com exceção do Community Shield), Klopp só conseguiu colocar em campo seu trio 'preferido' - Henderson, Fabinho e Thiago - por 110 minutos, e em ambos os jogos que começaram, eles lutaram para atuar como o treinador queria deles.
Na estreia, o Fulham complicou a equipe, enquanto Leandro Trossard teve um dia brilhante quando Brighton explorou grandes espaços, em Anfield, no início de outubro.
A resposta de Klopp foi mudar de rumo, adicionando um atacante extra e passando para um sistema 4-4-2/4-2-4.
Getty/GOAL“Trata-se de defender melhor”, disse, e é verdade que houve uma melhora nesse aspecto, com cinco gols sofridos nos últimos seis jogos, contra 14 em nove antes da mudança.
Fabinho, no entanto, ainda parecia lento e sem convicção, e o fato de o Liverpool não ter substituto à altura coloca suas lutas em foco ainda mais nítido.
Henderson é um tipo diferente de número 5, e seria injusto esperar que Bajcetic, de 17 anos, ou Milner, de 36 anos, entrasse em seu lugar. O que Klopp precisa, sim, é que Fabinho se lembre de quem ele é, e quão bom ele pode ser.
Este, não se esqueça, é um jogador que ficou em 14º na lista recente da Bola de Ouro, à frente de nomes como Casemiro, Joshua Kimmich e Bernardo Silva. Kevin De Bruyne e Luka Modric foram os únicos meio-campistas classificados acima dele, uma prova de seu excelente desempenho quando o Liverpool perseguiu e chegou perto de garantir quatro títulos na temporada passada.
Por mais que Klopp e seus jogadores neguem, os esforços dessa busca cansativa e, em última análise, comovente parece estar persistindo em Anfield neste ano.
Está presente nas lutas de Virgil van Dijk no início da temporada, na forma irregular de Henderson, Trent Alexander-Arnold, Andy Robertson e Mohamed Salah, e na queda nos níveis de energia e qualidade em geral.
Certamente, parece que está em Fabinho também. Klopp deve esperar que ele se livre de seus problemas em breve, porque sem ele para guiá-los, o time do Liverpool continuará perdido.




