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Gigantes do (atual) futebol brasileiro: a despedida

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Em 1965 era publicado o livro "Gigantes do Futebol Brasileiro", escrito pelos jornalistas João Máximo e Marcos de Castro. Obra literária obrigatória para qualquer fanático pelo futebol e suas histórias, ela expreme o sumo dos maiores craques do nosso país e foi relançada em 2011 com atualizações de personagens.

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Ao todo são 21 minibiografias, sendo que 20 dos relatados estiveram no futebol brasileiro no auge de suas carreiras. Ronaldo, o Fenômeno, é o último listado, o único que passou a maior parte de sua vida futebolística em clubes europeus. Hoje, a realidade aparentemente imutável é ver os nossos maiores astros passarem seus ápices no Velho Continente.

Mas isso não quer dizer que os clubes brasileiros não tenham grandes ícones defendendo suas instituições nos gramados atuais. O palmeirense Dudu, craque do time na conquista do Brasileirão 2018, é um exemplo do presente, mas as últimas duas rodadas da Série A também ficaram marcadas por despedidas de personagens que, em um futuro próximo, serão lembrados como grandes ídolos do passado em seus clubes.

As despedidas emocionadas, diante de seus torcedores, aconteceram na penúltima rodada do Brasileirão de 2018. Renato entrou em campo com o Santos (que venceu o Atlético-MG por 3 a 2) pela última vez. Campeão brasileiro em 2002 e 2004 e bi do Paulista em 2015-16, o meio-campista que vestia a camisa 8 como se fosse um terno costurado pelo melhor dos alfaiates, disputou um total de 424 duelos pelo Alvinegro da Vila Belmiro, onde continuará agora como dirigente. Acaba a metáfora do terno, inicia a de um esportista que sempre será imaginado, aqui no Brasil, com a camisa santista.

Emerson Sheik e Danilo foram homenageados pelo Corinthians no último compromisso do ano diante dos torcedores no estádio de Itaquera (empate sem gols com a Chapecoense). O atacante anunciou a sua aposentadoria, enquanto o maestro não teve o vínculo renovado. Ambos estiveram presentes nas memórias mais vitoriosas do Timão, com destaque para as conquistas de Libertadores e Mundial, em 2012, com atuações decisivas de Sheik e passes tão belos quanto certeiros de Danilo.

A última despedida aconteceu na vitória do Botafogo sobre o Paraná (2 a 1), uma que talvez simbolize, mais que qualquer outra neste 2018, o quanto o sentimento de gratidão existe independentemente do peso nas taças conquistadas. Em 18 anos de carreira, Jefferson dedicou 12 deles ao Botafogo (disputou 459 partidas, menos apenas do que Nilton Santos e Garrincha). Foi um coadjuvante do clube no seu primeiro calvário, com a disputa da Série B em 2003, e no ano seguinte passou a ser um dos maiores destaques de um Glorioso em momentos de pouquíssimas glórias. 

A partir de sua segunda passagem, em 2009, viu o clube voltar a flertar com as conquistas nacionais. Foi herói em um importante título estadual (2010), destaque em outro (2013) e reserva no último (2018). Mas o status como imortal botafoguense recebeu o carimbo definitivo no final de 2014: de um lado, ele era, naquele momento, um dos melhores do país em sua posição e havia defendido pênalti cobrado por Lionel Messi no clássico entre Brasil e Argentina, realizado em outubro daquele ano; do outro, o Botafogo era rebaixado à Série B e dava a impressão de estar a detalhes de fechar suas portas definitivamente.

Valorizado por outros gigantes do Brasil e do exterior, o camisa 1 fez o que poucos fariam: optou por ficar no clube, que ajudou a conduzir de volta à elite na temporada seguinte. Os anos subsequentes foram mais difíceis para Jefferson, envolto em lesões graves, do que para o Botafogo. O título nacional de primeira importância não veio, mas no final das contas não diminuiu em nada a idolatria nesta relação mútua de amor - algo raríssimo no futebol atual.

Renato, Danilo, Sheik e Jefferson não tomariam a vaga de nenhum dos 21 craques listados em "Gigantes do Futebol Brasileiro", mas são e sempre serão, todos, titãs de seus clubes - e, por consequência, de nosso esporte. Afinal de contas, ídolos são para sempre.

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