O Manchester United ficou apenas no empate por 1 a 1 com o já rebaixado Huddersfield, disparado a equipe mais frágil desta Premier League, e está matematicamente fora da Champions League 2019-20. Com uma rodada a ser disputada o máximo que a equipe treinada por Ole Gunnar Solskjaer pode conseguir é a quinta posição, mas o mais provável é que fique mesmo em uma insossa sexta colocação.
Neste domingo (05), jogando fora de casa, os Red Devils tiveram ampla superioridade, mas não conseguiram traduzir isso em gols. McTominay contou com a falha do goleiro Jonas Lossl para abrir o placar logo aos 8 minutos, e o castigo para tantas oportunidades desperdiçadas veio aos 60’, quando Mbenza deixou tudo igual para os Terriers. Foi a terceira derrota nos últimos cinco jogos (incluindo aí a eliminação para o Barcelona, nas quartas de final da Champions League), marcados pela ausência de vitórias e incríveis 11 gols sofridos. Balançar as redes de De Gea nunca pareceu ser tão fácil.
Após o jogo Solskjaer não fugiu da responsabilidade e ao menos reconheceu o óbvio: com a bola nos pés, o Manchester United não conseguiu provar que é um time digno de futebol para estar na maior competição europeia: “Estamos onde estamos por uma razão. Ao longo da temporada não fomos bons o bastante para competir por uma vaga na Champions League”, afirmou o norueguês para a Sky Sports.
“Não conseguimos somar pontos o bastante, vencer jogos o bastante ou marcar gols o bastante. É sempre difícil quando você perde o seu treinador no meio da temporada. Nós sentimos um pouco isso”, observou, fazendo referência à demissão de José Mourinho, na 17ª rodada da Premier League. Justamente o acontecimento que trouxe Solskjaer de volta para Old Trafford, onde fez história como jogador de futebol no auge do trabalho feito por Sir Alex Ferguson.
Por mais uma temporada este Manchester United, que muito contrata e pouco entrega em campo, decepcionou. Tem sido algo constante desde que Ferguson se aposentou, em 2013, após quase 27 anos de muitas vitórias para os Red Devils. Nos últimos seis anos, o clube só terminou no Top 4 da Premier League em duas ocasiões – e na última delas, 2018, a campanha do vice em nenhum momento abriu espaço para sonhar com o título enquanto o City de Guardiola quebrava recordes com um estilo de jogo absolutamente oposto ao pragmatismo de Mourinho.
Ainda que esta não seja a intenção de Alex Ferguson, que segue figura presente nos jogos especialmente em Old Trafford, é como se uma maldição estivesse cercando o clube desde sua aposentadoria. A nova versão de uma espécie de ‘trava’ esportiva que o próprio Fergie destrancou em 1990, ao conquistar a Copa da Inglaterra quatro anos após a sua chegada no clube. Desde 2013 o Manchester United já acumula quatro treinadores que não estiveram à altura das expectativas: David Moyes, Van Gaal, José Mourinho e agora Solskjaer.
A expectativa no entorno de Solskjaer, entretanto, foi criada toda durante o seu período como interino: foram 15 vitórias (com direito a uma sequência de oito consecutivas) dois empates e três derrotas. Um período onde o time conseguiu mostrar o talento que possui em vários jogadores, como Paul Pogba, e desempenhou um futebol mais prazeroso de se assistir – incluindo a classificação para as quartas de final da Champions após uma virada épica sobre o PSG. Mas foi só Solskjaer ser efetivado que esta espécie de ‘maldição pós-Ferguson’ apareceu: em nove partidas foram duas vitórias, dois empates e cinco derrotas além da péssima qualidade nas exibições.
Em defesa de Solskjaer, quando ele chegou ainda como interino o clube estava na sexta posição e provavelmente terminará a temporada no mesmo lugar. Mas o que depõe hoje contra o seu trabalho é a exatamente expectativa que ele próprio gerou. Quando Alex Ferguson chegou ao Manchester United, em 1986, ele era o quinto homem a ocupar a vaga desde a aposentadoria do também escocês Matt Busby, que por mais de duas décadas comandou os Red Devils e levou o clube à sua primeira conquista europeia.
Entre a despedida de Busby e a chegada de Fergie o United deixou de ser um time de elite. Literalmente: em 1974 até mesmo caiu para a segunda divisão. Ferguson não conquistou nada nos seus primeiros anos, mas a insistência no seu trabalho valeu a pena. Depois da Copa da Inglaterra em 1990, o clube conquistou todos os troféus possíveis e criou no entorno de si uma aura de invencibilidade. Colocava medo em qualquer adversário. Desde 2013 não é mais assim e Solskjaer sabe muito bem disso. O fracasso na tabela também está um pouco em sua conta e o norueguês, que estava nos braços da torcida meses atrás, já começa a próxima temporada pressionado. Exatamente por isso, ao citar a demissão de Mourinho o norueguês também já começou a defender a sua posição visando a próxima temporada.
