Manchester United e Liverpool se enfrentam neste domingo (20), em Old Trafford, pela nona rodada da Premier League e a vida dos grandes rivais ingleses não poderia ser mais diferente.
Enquanto os donos da casa fazem o seu pior início de temporada em 30 anos, e estão mais perto da zona de rebaixamento do que do Top 4 (ocupam a 12ª posição), os visitantes são os atuais campeões europeus e chegam para o duelo com 100% dos pontos conquistados.
Várias são as razões que levaram o Liverpool ao atual momento de força e aos anos de fraqueza no United desde a aposentadoria de Sir Alex Ferguson, em 2013. A forma com a qual os clubes reforçaram seus elencos é um dos exemplos.
Os Reds Devils foram apostando mais no pedigree e fama de seus jogadores: já chegaram e saíram nomes como Di María, Schweinsteiger, Memphis Depay, Ibrahimovic, Mkhitaryan, Lukaku e Alexis Sánchez – para citar os mais globalmente conhecidos. Lukaku e Sánchez, inclusive, não quiseram continuar em Old Trafford e foram emprestados para a Inter de Milão.
A forte crítica com a forma como o United vem se comportando nos mercados de transferências, inclusive, chegou ao ápice na atual temporada: o clube sente a carência de atacantes, perdeu dois e não contratou ninguém de peso para a função. Tampouco conta com um grande criador de jogadas ofensivas. Criação e finalização são os dois maiores problemas dos Red Devils dentro de campo.
O Liverpool também gastou uma quantia considerável de dinheiro, mas a margem de erro foi muito menor e ao longo dos anos o tão exaltado elenco atual tomou forma. O trabalho feito pelos Reds nos mercados de transferências é outro dos contrastes com o arquirrival. Alisson no gol, Van Dijk na zaga, Fabinho e Keita no meio. No ataque, a trinca Salah-Firmino-Mané é a melhor do mundo nas últimas temporadas. Veio o título da Liga dos Campeões e agora o objetivo é voltar a reinar na Inglaterra após 30 anos. Criação e finalização não são problemas para o time treinado por Jurgen Klopp.
Como Firmino e Mata personificam o jogo atual de seus times
Getty ImagesFirmino abraça Salah, após dar assistência para gol (Foto: Getty Images)
Historicamente, tanto United quanto Liverpool possuem um discurso de futebol ousado, para a frente, criativo e sem medo. Hoje, apenas o time da Cidade dos Beatles consegue mostrar tais características em campo. E se há um jogador que pode representar isso, neste início de temporada, é Roberto Firmino.
Firmino na Premier League 2019-20
- Jogos: 8
- Gols: 3
- Assistências: 3
- Chances criadas: 11
O brasileiro já soma três gols e o mesmo número de assistências na atual campanha de Premier League, além de ter protagonizado belos dribles e mostrado atributos plásticos que encantam ainda mais o torcedor. Firmino não é líder em nenhuma das estatísticas de ataque, mas é o cérebro criativo no time de Klopp. Um camisa 9 que faz cada vez mais um papel de camisa 10, nas várias vezes em que recua de sua posição centralizada no 4-3-3: organiza o jogo, abre espaços e entrega bolas em ótimas condições para seus companheiros finalizarem.
Getty ImagesMata, assim como todo o United, vai encontrando dificuldades ofensivas (Foto: Getty Images)
Dono de uma carreira vitoriosa na Premier League, mais pelo que fez no Chelsea, Juan Mata chegou ao United no primeiro ano pós-Ferguson. O espanhol, dono de um raciocínio acima da média, além de grande habilidade pelas pontas ou centralizado como meia, teve bons momentos, mas tem sido tão irregular quanto o seu clube.
Na atual campanha, Mata vem atuando centralizado no 4-2-3-1 desenhado por Solskjaer. Apesar da camisa 8 em suas costas, é o 10 do United, embora não tenha deixado de jogar também pelos lados. O espanhol, contudo, vai demonstrando dificuldades para criar chances: não deu nenhuma assistência, não marcou nenhum gol.
Mata na Premier League 2019-20
- Jogos: 7
- Gols: 0
- Assistências: 0
- Chances criadas: 5
A culpa não é somente sua. Os péssimos resultados parecem minar, pouco a pouco, a confiança dos jogadores. Muitas vezes a bola chega picada em seus pés, mas outras tantas Mata não teve a ousadia de arriscar um passe mais vertical.
Em entrevista recente ao The Athletic, Mata disse acreditar que o clássico camisa 10 perdeu o seu espaço no futebol: “talvez não extinto, mas não é como foi antes”, disse. Aos 31 anos, o espanhol também não é mais tão decisivo como um dia já foi. Tampouco o United, que deixou de ser potência e ainda olha para trás quando busca se reconhecer.
Já o Liverpool, do móvel e criativo Firmino, tão meia quanto atacante, só olha para a frente e vive o melhor momento de sua carreira.




