
Lance duvidoso, os olhos atentos são direcionados ao juiz para ver se ele vai fazer o gesto que desenha um retângulo no ar para chamar o auxílio do árbitro de vídeo. O VAR foi popularizado de vez durante a disputa do Mundial de 2018, mas se apresentou no futebol brasileiro justamente na final da Copa do Brasil entre Cruzeiro e Corinthians.
Árbitro na decisão vencida pelos cruzeirenses na última quarta-feira (17), Wagner Do Nascimento Magalhães chamou o auxílio do VAR em dois lances: o pênalti de Thiago Neves em Ralf, convertido por Jadson e que marcou o empate corintiano, e a anulação do gol anotado pelo jovem Pedrinho – que seria o de 2 a 1 para os paulistas – após o juiz considerar falta de Jadson no cruzeirense Dedé em lance anterior à finalização.
Ainda que as decisões de Wagner do Nascimento tenham sido, com justiça, colocadas sob dúvidas, a certeza é de que um novo capítulo foi escrito em nosso futebol. Os clubes brasileiros já estavam acostumando-se ao VAR nas fases mais agudas da Libertadores, mas em competições chanceladas pela CBF foram as primeiras intervenções oficiais da tecnologia.
Alexandre Schneider/Getty ImagesReclamações de cruzeirenses... (Foto: Alexandre Schneider/Getty Images)
O VAR estava à disposição desde as semifinais do torneio de mata-mata, mas não chegou a ser usado (apesar da revolta do Palmeiras, que pediu a interferência externa no jogo de ida contra o Cruzeiro ao ter um gol anulado por falta no goleiro Fábio). No Brasileirão 2018 o recurso ainda não está à disposição por motivo econômico – uma vez que a CBF quis repassar os custos aos clubes.
Alexandre Schneider/Getty Images... reclamações de corintianos (Foto: Alexandre Schneider/Getty Images)
Após a vitória por 2 a 1 que deu ao Cruzeiro o bicampeonato consecutivo da Copa do Brasil, e sexto título no total, jogadores de ambos os lados se dividiram em relação à novidade. Uma das ironias foi ver Robinho, do Cruzeiro, revelar que não é fã do VAR enquanto Pedrinho afirmou em um primeiro momento que, mesmo tendo seu gol anulado, a tecnologia é bem-vinda no esporte.
E de fato, ela tem que ser. O futebol se transforma ao longo dos tempos, e passou por outras várias alterações [como a mudança na regra do impedimento nos anos 1920, a que impediu que goleiros pegassem a bola com as mãos em recuos deliberados em 1990 e a mudança oficial de 3 pontos concedidos para cada vitória]. Mas se as polêmicas seguem a existir, não há tecnologia que salve se não houver um investimento cada vez maior no preparo dos apitadores.
Ou seja: ainda que de fato ajude comprovadamente a diminuir erros mais absurdos que podem ser tomados pelo árbitro, o VAR está longe de acabar com as polêmicas e discordâncias nos critérios dos juízes. De qualquer forma, bem-vindo seja!


