Representantes da Associação de Clubes Europeus (ECA, na sigla em inglês) estiveram na sede da Fifa em Zurique, na Suíça, no mês de janeiro para discutir a fórmula do novo Mundial de Clubes que a entidade máxima do futebol pretende promover a partir de 2021.
As informações foram publicadas na última segunda-feira pelo jornal norte-americano The New York Times. Segundo o diário, a comitiva, que contava com dirigentes de clubes como Liverpool, Juventus e Barcelona, ofereceu ajuda à Fifa para tirar o evento do papel. Mas não sem pedir algumas coisas em troca.
A proposta da ECA seria a criação de uma joint venture com a Fifa, um status que colocaria os interesses das agremiações europeias acima dos representantes das outras cinco confederações que estarão no torneio. Uma das exigências seria a participação de 12 clubes do Velho Continente, e não oito, como o previsto atualmente.
A associação de clubes europeus também quer o aumento das premiações no novo Mundial. De acordo com o The New York Times, a Fifa recorreu a uma empresa de consultoria financeira norte-americana para iniciar seus esforços para garantir US$ 1 bilhão (aproximadamente R$ 4,4 bilhões), valor que considera necessário para realizar o evento - e atrair os gigantes do Velho Continente.
Guerra nos bastidores
As polêmicas envolvendo o novo Mundial surgiram desde o início do projeto, com a Uefa apontando uma série de limitações - em parte por querer manter o status da Liga dos Campeões como o torneio mais importante do planeta. No dia do anúncio, por exemplo, a ECA soltou uma carta ameaçando boicotar o evento.
Uma aproximação com os europeus, em contrapartida, poderia desgastar as relações da Fifa com a Conmebol. Alejandro Dominguez, presidente da entidade sul-americana, é um antigo aliado de Gianni Infantino, seu par em Zurique - mas os dois já estariam discordando dos critérios de classificação das equipes do continente para a competição.
Enquanto isso, segundo o The New York Times, tem gente já querendo tirar proveito da indefinição. O bilionário norte-americano Stephen M. Ross teria se reunido com clubes europeus e apresentado o formato de um torneio de pré-temporada que distribuiria US$ 10 bilhões aos participantes (cerca de R$ 44 bi).
Domínio europeu
Desde 2012, quando o Corinthians derrotou o Chelsea por 1 a 0 em Yokohama, só equipes do Velho Continente conquistaram o Mundial de Clubes: Real Madrid (2014, 2016, 2017 e 2018), Bayern (2013), Barcelona (2015) e Liverpool (2019).
Muitos acreditam que a nova fórmula do torneio, com mais clubes europeus milionários e de elencos estelares, servirá para aumentar este abismo.
Se o projeto não for mudado, o evento em 2021 terá oito europeus, seis sul-americanos e as dez vagas restantes sendo distribuídas entre Concacaf, Ásia, África e Oceania. Eles seriam divididos em oito grupos de três, com os melhores de cada chave avançando às quartas de final. Os mata-matas seriam disputados em jogo único.
