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Apesar de todos os problemas, da desorganização tática, de mostrar estar perdida como o seu treinador, de mais uma atuação apagada de seus principais jogadores, incluindo o gênio Lionel Messi, e de Jorge Sampaoli mais uma vez escalar e mexer mal no time, a Argentina, com experiência, muito coração e um pouco de sorte, conseguiu fazer um jogaço contra a França e, durante alguns bons minutos, igualar o confronto.
No entanto, um jovem craque de 19 anos tratou de desequilibrar o jogo e, no confronto entre juventude e experiência, destruir a Argentina.
Kylian Mbappé foi o nome da partida e, com uma atuação de gala, desequilibrou para a França do início ao fim, aproveitando a desorganização da fraca, lenta e envelhecida defesa argentina.
Primeiro, o astro do Paris Saint-Germain sofreu um pênalti, logo aos 13 minutos de jogo, em jogada que é o exemplo perfeito de toda essa diferença.
Arrancando desde antes do meio-campo até a área hermana, Mbappé alcançou incríveis 32,4km/h. No caminho, ele venceu o limitado Tagliafico, que deveria ter cometido falta no início da jogada, vendo a possibilidade de um desfecho letal, e tomado o cartão amarelo, mas evitado o que aconteceu. Preferiu não o fazer.
(Foto: BENJAMIN CREMEL/AFP/Getty Images)
Na sequência, o atacante francês deixou Mascherano e Banega comendo poeira e, já dentro da área, foi derrubado de forma ingênua por Marcos Rojo, curiosamente, herói argentino contra a Nigéria.
Mbappé ainda criou boas chances no primeiro tempo, mas a França as desperdiçou. O castigo veio com um golaço de Ángel di María, aos 41 minutos, e a virada argentina no início da etapa final com Mercado.
No entanto, pouco depois, a França, em um intervalo de 11 minutos, destruiu a Argentina tendo Mbappé como protagonista.
Primeiro, Pavard acertou um lindo chute, empatando o jogo com o gol mais bonito da Copa. Depois, o jovem atacante, em apenas quatro minutos, marcou duas vezes, ambas combinando técnica e habilidade com velocidade e frieza na finalização.
Getty(Foto: Getty Images)
Vários fatores, alguns deles já citados, causaram a derrota por 4 a 3 e eliminação hermana nas oitavas de final, mas um dos principais foi o embate entre o inspirado, talentoso, jovem e veloz craque francês contra uma envelhecida, lenta, desorganizada, limitada e fraca defesa argentina.
Os Bleus usaram e abusaram das jogadas em velocidade com Mbappé e Griezmann, outro que teve ótima atuação, contra uma retaguarda argentina ruim.
Sofrendo no meio-campo e tentando compensar sua atuação ruim com a habitual vontade, Mascherano não conseguiu ajudar muito na marcação e facilitar a vida da última linha de quatro albiceleste, assim como Banega e Enzo Pérez. Isso foi caótico para Mercado (31 anos), Otamendi (30), Rojo (28) (Fazio -31-) e Tagliafico (25).
Muito limitada e desorganizada, a defesa de Jorge Sampaoli perdeu praticamente todas as jogadas em velocidade e foi vencida facilmente em quase todos os lances. A França venceu com facilidade a linha de marcação no meio-campo e brincou com a última linha de quatro e as tentativas de cobertura da Argentina. Se tivesse caprichado mais no último passe e nas finalizações, poderia ter definido a partida com apenas 30 minutos de bola rolando.
No entanto, falhou e desperdiçou muitas chances, e acabou permitindo uma reviravolta inesperada, que ocorreu por uma mistura de talento, sorte, competência e experiência dos hermanos, que, até então, souberam sofrer.
No fim das contas, porém, Mbappé desequilibrou um duelo que já previa dor de cabeça para a Argentina e decidiu as oitavas de final com uma das melhores atuações da Copa do Mundo da Rússia. Afinal, não é todo dia que um jovem de 19 anos sofre um pênalti, marca dois gols, cria várias jogadas, dá uma tremenda dor de cabeça para o adversário e ofusca um dos melhores jogadores de todos os tempos.