Sabe aquela cena clássica na qual o valentão da escola rouba o lanche da criança mais frágil e o deixa sem muita reação? Por 55 minutos esta cena encontrou um equivalente no futebol, enquanto o Chelsea batia o Manchester United por 1 a 0 no último sábado (20).
Até Anthony Martial empatar para os Reds, a única investida do time treinado por José Mourinho havia sido uma cabeçada de Romelu Lukaku. Se algum time merecia a vitória, era o Chelsea. Entretanto, os Blues desperdiçaram um caminhão de oportunidades e sofreram o castigo quando Martial colocou o United na frente neste duelo de rivais com estilos bem diferentes.
E ainda que o Chelsea seja um time conhecido pela grande habilidade na valorização do passe, ficou evidente o motivo pelo qual o técnico Maurizio Sarri queria tanto a contratação de Gonzalo Higuaín, que não fechou acordo por causa da política do clube londrino em não contratar atletas com mais de 30 anos. O argentino acabou acertando com o Milan, onde já fez 6 gols em 7 jogos.
Álvaro Morata, Eden Hazard e Willian não conseguiram criar chances perigosas próximas à área. O atacante espanhol, por exemplo, deixou evidente a necessidade de o Chelsea reforçar o seu elenco com um definidor de jogadas.
(Foto: Getty Images)
O meio-campista Ross Barkley acabou por empatar o jogo, finalizado em 2 a 2, mas os Blues perderam controle da partida e Sarri não ficou impressionado ao ver os seus comandados decidirem apostar nas bolas longas.
“Por 60 minutos nós jogamos o nosso futebol. E aí, depois do 1 a 1, não jogamos o nosso futebol e apelamos apenas para as bolas longas. Não nos organizamos para os rebotes”, afirmou o treinador italiano depois do encontro. “E neste tipo de jogo o United é melhor do que a gente”.
“Estou realmente desapontado com esta performance. O 2 a 2 no último minutos é bom, bom para a confiança dos meus jogadores, mas preciso buscar algo além. Eu vi a partida do banco, e agora eu quero estudar o segundo tempo do jogo”.
“Nós interrompemos o nosso futebol e jogamos outro futebol, com bolas longas. Não estamos organizamos para isso, eu não quero bolas longas. Eu não quero o rebote. Eu quero jogar com passes curtos”.
Getty / Goal compositeAinda que tenha conseguido impor rapidamente a sua filosofia de jogo, Sarri sabe que terá dificuldades para mudar a cultura futebolística do Chelsea. A finalização é difícil de melhorar, com Morata em péssimo momento enquanto tem a preferência na disputa com Olivier Giroud.
Se você tira Eden Hazard, autor de 7 gols até aqui, quem pode decidir para o Chelsea? O empate do último sábado (20) demonstrou que é difícil encontrar uma resposta, especialmente em jogos de nível tão alto. Pedro e Willian podem fazer gols, mas não dá para apostar que aparecerão entre os artilheiros da Premier League.
O Chelsea mostrou-se superior ao United e ganhou a batalha no meio-campo e defesa, mas para ganhar o título falta aos Blues exatamente o que sobra nos líderes Liverpool e Manchester City: centroavantes capazes de decidir em qualquer jogo.