“Os torcedores do United estão em uma situação difícil, é claro. Quando eu saio de casa ou estou passeando com os meus cachorros, torcedores do United se aproximam de mim e dizem: ‘preferimos que o City ganhe a liga ao invés do Liverpool’”.
A frase acima foi dita por Kyle Walker, lateral-direito do Manchester City, e resume bem o sentimento de desespero que toma grande parte dos torcedores do United. Os Red Devils, que durante os quase 27 anos sob o comando de Sir Alex Ferguson dominaram o futebol inglês, agora veem os seus dois maiores rivais disputarem o título. E nesta quarta-feira (24), o Derby de Manchester será decisivo não apenas na corrida pela taça, mas também para determinar as esperanças do clube de Old Trafford em voltar para a Champions League.
O Manchester United recebe o City às 16h (de Brasília) em um Old Trafford que, nas palavras de Pep Guardiola, treinador dos Citizens, não coloca aquele medo que colocava no passado. O catalão tem motivos para acreditar nisso, uma vez que venceu duas vezes e perdeu apenas uma nos clássicos disputados na casa do adversário. Se levar a melhor nesta partida atrasada da 31ª rodada, o lado azul da cidade retorna de vez à liderança da Premier League: chegaria a 89 pontos após 35 duelos, abrindo um de vantagem em relação ao Liverpool com três partidas a serem disputadas.
Pesadelo para o United
Getty/GoalO United vê, de muito longe, seus dois maiores rivais na luta pelo título
Por mais doloroso que possa ser aguentar o City comemorando o bicampeonato, é a realidade que grande maioria da torcida do United prefere. Pois apesar da disputa local, o arquirrival dos Red Devils é, na verdade, o Liverpool. E a questão aí é o domínio maior do futebol inglês.
O Manchester City soma cinco títulos ingleses, o United tem 20. Os Red Devils são os maiores campeões da Inglaterra, status que conseguiram em 2011 e ampliaram em 2013 (ainda sob o comando de Alex Ferguson) ao ultrapassarem as 18 taças conquistadas pelo Liverpool – que vive um jejum de 29 anos sem terminar uma temporada no topo da tabela.
Imaginar o arquirrival encostar novamente na disputa para decidir a hegemonia no país é algo que nenhum torcedor do United deseja. Nas respostas a um tweet do clube prévio ao derby, há um número considerável de torcedores pedindo para os jogadores “entregarem”. Outros, mais equilibrados, querem vencer pensando na Champions League.
Lógico que não é a vontade do técnico Ole Gunnar Solskjaer e do clube. Não apenas por virem de uma vexatória goleada por 4 a 0 contra o Everton. Faltando quatro jogos para o final da temporada, o United ocupa a sexta posição, três a menos em relação ao Chelsea, que ocupa a última vaga para a proxima edição da Champions League.
Mudança de realidade
United não disputa o título desde a aposentadoria de Ferguson, em 2013 (Foto: Getty Images)
Não é uma posição na tabela que honre a tradição do United, que ainda não se encontrou após a aposentadoria de Sir Alex Ferguson. Desde então foram quatro treinadores e nenhum deles conseguiu disputar o título da Premier League. Interino oficializado como técnico após um início espetacular, Solskjaer vive o outro lado da moeda no momento: nos últimos dez jogos, venceu quatro e perdeu seis – incluindo aí a eliminação na Champions League para o Barcelona.
Quando David Moyes, o primeiro treinador pós-Ferguson, foi mandado embora em 2014, o United estava a 22 pontos do City. Hoje a diferença é de 26 pontos. Quando José Mourinho foi demitido após derrota por 3 a 1 para o Liverpool, em 2018, a diferença em relação aos Reds era de 19 pontos. Hoje, é de 24. O Manchester United está longe de seus maiores rivais e longe de ser o que era anos atrás.
Getty ImagesVai ser difícil para o torcedor ter o que comemorar... (Foto: Getty Images)
Nesta quarta-feira (23), também estará longe de comemorar independentemente do resultado: com os dois maiores rivais em alta e com situação complicada para buscar a sua vaga na Champions League, o United hoje só pode escolher o que é “menos pior” para si.
