O São Paulo vive um grande dilema a respeito do seu futuro: mudar ou não o trabalho de Fernando Diniz, que não rendeu os resultados esperados em quase um ano, mas que vai ao encontro do que pensa a diretoria a respeito do futebol jogado. E com uma fórmula de atuação aprovada, inclusive pelos líderes do elenco como Dani Alves, Hernanes e Tiago Volpi.
Mesmo não sofrendo a mesma pressão do treinador, o caso do atacante Alexandre Pato é a perfeita tradução do momento atual do Tricolor. Um dos principais salários do elenco, contratado como solução para o ataque e querido pela torcida, o jogador não entrou em campo desde a eliminação contra o Mirassol, nas quartas do Campeonato Paulista.
Contra o Vasco, por exemplo, Diniz escalou Paulinho Bóia como titular e, na hora de tentar mudar o rumo da partida, mandou a campo Gabriel Sara e Helinho na hora de buscar a vitória. Pato, no banco de reservas, passou longe de entrar.
Pato fez quatro gols em 13 jogos em 2020, mas passou em branco dez vezes na temporada. Com o mercado fechado para transações internacionais, o atleta pode virar moeda de troca na busca por negócios internos no futebol brasileiro.
O jogador, aliás, deve ganhar ainda mais competição nesta semana, com a iminente troca entre Luciano e Éverton. O canhoto, centroavante em parte da carreira, tem a confiança de Fernando Diniz quando trabalharam juntos no Fluminense, e atua exatamente nas faixas ocupadas por Pato.
O dilema, porém, segue: perder um jogador com experiência internacional, vários jogos pela seleção brasileira e potencial para entregar mais é algo que atormenta os tricolores na hora de tomar a decisão. Aparentemente, certeza ninguém conseguirá ter.
O mesmo serve para Diniz, é claro. O treinador, blindado quando foi eliminado pelo Mirassol, não consegue mais repetir o futebol pré-pandemia e para no "limbo" da diretoria, entre a vontade de acreditar no trabalho e o temor de pecar pela inércia e uma sequência de resultados ruins.
Internamente, a pressão de vários conselheiros por mudança é enorme e, com eleição presidencial em vista e a pressão de uma possível candidatura de Marco Aurélio Cunha, o cenário ganha proporções ainda maiores. Mas a avaliação que segue é a mesma de duas semanas atrás: o time tem boa margem de evolução e os jogadores confiam na capacidade do comandante.
Enquanto essa equação de trabalho de campo e relação com os atletas seguir em alta, dificilmente Fernando Diniz será trocado. Difícil prever a reação frente a outros resultados catastróficos, mas há confiança de que ele termina a gestão Leco no cargo.


