Cristiano Ronaldo teve sua individualidade marcada até mesmo no semblante após a vitória por 1 a 0 sobre o Marrocos, que fez dos africanos o primeiro time eliminado neste Mundial de 2018.
Porque, ao ter feito o único gol da partida realizada nesta quarta-feira (20), garantiu não apenas um resultado vital para os lusos: também tornou-se o maior goleador de uma seleção europeia, superando a lenda Ferenc Puskas com 85 tentos em seu nome.
O tom nas palavras de outros jogadores foi de alívio, e o treinador Fernando Santos não poupou críticas à exibição de sua equipe, que em suas palavras “tem obrigação de fazer coisas melhores”.
De fato.
Porque ainda que os marroquinos tenham feito uma belíssima partida, Portugal deveria fazer mais. E no final das contas teve uma exibição terrível de seus jogadores de meio-campo, seja na recomposição ou no excesso de escolhas equivocadas para o passe. No linguajar popular, a “bola queimou” nas chuteiras lusas.
Os marroquinos aproveitaram para fazer da fraqueza adversária a sua fortaleza. Dominaram a posse de bola [54.8% a 45.2%] e jogaram como se fossem o time grande: conseguiram até mesmo mais finalizações contra os portugueses [15] do que fez a Espanha [13] no jogo inaugural do Grupo B.
A ironia é que a fraqueza marroquina está justamente no ataque. Por isso o bravo time treinado pelo francês Hervé Renard não conseguiu um resultado melhor. Por isso e por uma defesa milagrosa do excelente goleiro Rui Patrício, após cabeçada mortal de Belhanda no início do segundo tempo. O desvio nas costas de Pepe, para bloquear arremate marroquino já nos minutos finais, também foi vital para segurar os três pontos.
Defesaça de Rui Patrício valeu um gol (Foto: Getty Images)
Sem conseguir encaixar a transição para o ataque, Cristiano Ronaldo ficou mais isolado e por vezes a sua concentração quase inabalável pareceu ter sido abalada em dois momentos: um chute longe do gol, em boas condições de fazer melhor, e por ter se jogado na área de maneira até mesmo cômica no segundo tempo.
Getty ImagesCR7 já soma 4 gols nesta Copa do Mundo (Foto: Getty Images)
Mas a sua única finalização na direção do gol foi mortal. Assim como todas as três que saíram de seus pés direito e esquerdo no duelo contra os espanhóis. Só que desta vez as redes foram estufadas com a cabeça, depois que CR7 conseguiu fugir da marcação do zagueiro Manuel da Costa [jogador com descendência portuguesa] para testar barbante adentro.
Já são quatro gols em dois jogos. Nos gramados russos, Cristiano já fez de pênalti, de falta, com a bola rolando e de cabeça. Não existe, no mundo, finalizador mais completo do que o camisa 7. Mas se Portugal mantiver o futebol jogado nesta quarta-feira (20), nem isso pode ser o bastante.