
Individualmente, Lionel Messi foi o destaque absoluto do Barcelona na vitória por 4 a 2 sobre o Tottenham, em Londres, no duelo válido pela Champions League que manteve os catalães na liderança do Grupo B. O argentino deu assistência, fez dois gols e encantou com o seu futebol.
Mas quando analisamos o conjunto que entrou em campo na última quarta-feira (03), é inevitável não apontar para o meio-campo. Artur, Busquets e Rakitic fizeram uma parceria de encher os olhos: inteligência, habilidade e trocas de posições com um aproveitamento invejável nos passes (91.4%, 100% e 94.5%, respectivamente). Todos foram decisivos.
O grande trunfo tático do técnico Ernesto Valverde, ao enfrentar fora de casa um dos melhores times da excelente Premier League inglesa, foi ao encontrar o meio-termo do que vinha dando certo no ano passado com o que marcou os melhores momentos do Barcelona neste início de temporada 2018-19.
Ironias da vida, quem acabou perdendo o seu lugar entre os titulares foi exatamente o jogador que forçou Valverde a mudar o 4-4-2 até certo ponto pragmático, se analisarmos o DNA barcelonista, para um 4-3-3 mais ofensivo: Ousmane Dembélé. O ponta, que viu a sua primeira temporada atrapalhada por duas lesões, enfim deslanchou. Em seus primeiros seis jogos neste novo ciclo, marcou cinco vezes – gols decisivos, como o que garantiu a Supercopa da Espanha sobre o Sevilla e as vitórias contra Real Sociedad e Valladolid.
Dembélé fez o seu último gol justamente na estreia do Barça na atual Champions League, quando estufou as redes do PSV holandês em vitória por 4 a 0. Nos três jogos subsequentes, empates com Girona (2 a 2), Athletic Bilbao (1 a 1) e derrota surpreendente para o Leganés (2 a 1) em compromissos válidos pela liga espanhola - resultados que impediram os catalães de construírem uma vantagem em relação ao Real Madrid na liderança do certame doméstico.
Além de ter poupado alguns jogadores, a grande crítica direcionada a Valverde foi em relação ao sistema defensivo. Ciente das dificuldades que seria enfrentar o Tottenham, do artilheiro inglês Harry Kane, o comandante barcelonista seguiu com o 4-3-3... mas com uma variação fácil para o 4-4-2 que encaixa mais com suas ideias de futebol. E a peça-chave para isso foi Coutinho.
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O brasileiro foi escalado na ponta, formando trinca de ataque com Suárez e Messi. Entretanto, como vinha atuando no meio-campo, mais recuado, também voltava para marcar e tapar espaço. Coutinho talvez seja o único jogador da elite europeia a conseguir fazer tão bem ambas as funções. E deu muito certo: o camisa 7 abriu o placar e deu uma bela assistência para o golaço de Rakitic, construindo a vantagem de 2 a 0 que deu justamente maior tranquilidade para o Barça saber o que fazer após Harry Kane diminuir a vantagem.
Em seu primeiro momento de pressão na temporada, Valverde fez a alteração correta e, ainda que Dembélé possa ter perdido a merecida vaga entre os titulares, o treinador encontrou em Coutinho a peça tática fundamental para aliar o que deu certo ontem com o que marcou alguns dos melhores momentos hoje.
