
A lista inicial de Tite, com os 23 nomes para a disputa da Copa do Mundo de 2018, foi motivo de debate e algumas discordâncias. Algo óbvio e normal, levando em conta as convocações do Brasil para Mundiais. Entretanto, não houve surpresas.
O nome de Taison foi o que mais levantou polêmica: menos pela presença em si, e sim por significar as ausências de Arthur ou Luan, respectivos destaques do Grêmio no meio-campo e na armação de jogadas. Para a função do primeiro, Tite vê em Fred, Casemiro, Renato Augusto e Fernandinho opções que lhe dão maior segurança. Opinião do treinador.
A situação de Luan é o cerne de toda a questão para explicar o pensamento de Tite. O camisa 7 gremista merecia a convocação pelo que vem fazendo desde 2016, mas o seu comportamento tático no Grêmio não bate de cara com o estilo da Seleção: no Tricolor, Luan é o cérebro do meio-campo no 4-2-3-1 de Renato Gaúcho. Mas o Brasil, que alterna o 4-1-4-1 com o 4-3-3, usa os meio-campistas e meias para pressionarem as defesas. São mais diretos, velozes.
Grande jogador que é, Luan teria habilidade e inteligência para se adaptar a este estilo. Mas precisaria recuperar o tempo de jogo que não teve com Tite, porque na prática recebeu apenas uma oportunidade: na vitória por 2 a 0 sobre o Equador, nas Eliminatórias, quando substituiu Willian aos 84 minutos e pouco conseguiu fazer. Foram apenas nove toques na bola e seis passes. Nem mesmo no amistoso feito em solidariedade às vítimas da tragédia da Chapecoense, contra a Colômbia, o gremista foi titular.
MoWa Press
Pedro Martins / MoWA PressAs ausências mais sentidas (Fotos: Pedro Martins/MoWa Press)
Taison foi presença mais constante no grupo. Principalmente nos amistosos, onde ganhou mais tempo – embora sempre como reserva – e fez um dos gols nos 4 a 0 sobre a Austrália. Mas até mesmo quando se analisa a participação de ambos nas Eliminatórias, dá para entender um pouco a opção de Tite. Ainda que você não precise necessariamente concordar com ela.
Taison entrou em campo quase nos acréscimos dos jogos contra Colômbia e Venezuela, e perde em um minuto na comparação com Luan: pouquíssimos 5 contra 6. Mesmo assim, participou mais das ações de jogo: 14 passes contra 6, 20 toques na bola contra 9 - sendo um deles dentro da área contra nenhum do gremista.
Além das Eliminatórias, Taison participou de mais amistosos com Tite
O jogador do Shakhtar não é um nome que agrada, ainda mais quando “toma” uma vaga que poderia ser de Arthur ou Luan, destaques máximos do melhor time do país nas últimas temporadas. Mas a sua presença não é surpresa. Ao contrário de 2014 e 2010, quando as respectivas presenças de Henrique e Grafite chocaram o grande público, Taison não chega a ser novidade.
Se Tite absorveu bem um conselho de ex-jogadores de outras Seleções Brasileiras, foi o de não fazer grandes mudanças no time que vai disputar a Copa do Mundo. O comandante, que não teve um ciclo completo pré-Copa, fez prevalecer o seu trabalho acumulado, a opinião de que a lista final otimiza mais o grupo. A opção mais polêmica não deverá ser muito utilizada no Mundial, mas no entendimento do treinador é uma peça que resolveria mais problemas sem mudar aquilo que já foi estabelecido.
Não existe nenhum problema na discórdia, mas ao menos a noção de que foi uma decisão embasada no pensamento de jogo [que agrada ao público e apresentou rápidos resultados] se faz presente. E isso já é uma evolução em relação às convocações para as últimas Copas.
