
O que você faria com um mês livre e R$ 100 milhões na sua conta? Esta é a mesma pergunta que a diretoria do Flamengo gostaria de responder caso soubesse a resposta. Após acumular tal montante com vendas do Éverton, Jonas, Vinícius Jr. e Vizeu, além do pagamento com juros do Hernane, o clube preferiu apostar naquilo que é expert nos últimos anos: falhar.
Com vocação ofensiva, durante os últimos anos se reforçou de forma eficiente no ataque e displicente na defesa. Para piorar, ainda vendeu Jorge, maior revelação da lateral desde Athirson, para buscar Trauco e Renê.
CR Flamengo
(Foto: CR Flamengo)
Como mostramos aqui há duas semanas, um dos grandes problemas do Flamengo nos últimos dois anos são as laterais e a defesa. Graças a cumplicidade dos clubes com a CBF, o assassino calendário nacional impede tempo para treinos e os acertos acabam sendo através da conversa.
Porém, os jogadores atuais dessas posições, aí estão por causa de uma prática que entrou em desuso pela diretoria: contratação através das oportunidades. Com o caixa baixo, os atletas que chegavam eram na base do custo apropriado.
Flamengo/Divulgação
(Foto: Gilvan de Souza/CR Flamengo/Divulgação)
Só que isso mudou. O time hoje apresenta um status técnico que estes não acompanham mais justamente por essa diferença de política de contratações. Destoam do nível ofensivo e ficam expostos às críticas. São culpados? Em parte sim, mas os maiores responsáveis pelos erros estão com a caneta e carteira nas mãos e pouco fizeram.
O Flamengo hoje tem um time que ofensivamente é forte, mas a fragilidade das laterais (atingindo todo o sistema defensivo) expõe os problemas não resolvidos. Para piorar, o meio-campo é pouco combativo sem a bola e oferece latifúndios aos adversários. Jogos a cada três dias e sem substitutos à altura. Como ser campeão assim?

(Foto: Getty Images)
Mas a diretoria parece não se preocupar. A resiliência ao fracasso é, depois do ótimo legado financeiro, o maior retrato da gestão atual. Nas redes sociais já retornaram as tradicionais piadas do "ficou no cheirinho". Enquanto o torcedor sofre, as alianças para a eleição se agitam.
Terceiro no Brasileirão. A Libertadores se tornou uma epopeia. Copa do Brasil ilesa, por enquanto. O temido mês de agosto chega ao fim e o Flamengo se aproxima, mais uma vez, do quase. Com uma diretoria que tem o "cheirinho" da derrota, o fracasso não é um acidente, mas sim algo planejado.
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Bruno Guedes é músico, apaixonado por futebol e beisebol. Brasiliense por certidão e carioca de coração, acredita no futebol brasileiro e tem Romário como o maior jogador que viu dentro das quatro linhas. |


