Brasil e Argentina sempre foi um clássico conhecido tanto pela qualidade técnica de seus craques quanto pelo grau extra de entrega e intensidade que se coloca dentro campo. A rivalidade é forte, afinal de contas. Histórica. Os exemplos dos vários dribles e gols marcantes talvez consiga até empatar com o de cenas de brigas ou discussões. O empate sem gols agora em novembro de 2021, no estádio San Juan del Bicentenario, pelas Eliminatórias para a Copa de 2022, teve um pouquinho de tudo isso. Menos o gol, é claro.
Mas o fato de as redes não terem sido balançadas não chegou a diminuir completamente a qualidade do jogo. Sem contar com um lesionado Neymar, a seleção brasileira de Tite teve boa atuação. O criticado Fred acertou a trave e o atacante Matheus Cunha, titular pela primeira vez, quase fez um golaço do meio-campo. Paquetá, jovem porém já peça importante no conjunto treinado por Tite, conseguiu fazer a bola circular e buscou passes decisivos. E se Vinícius Júnior não conseguiu finalizar a gol tão bem quanto vem fazendo no Real Madrid, roubou os holofotes ao arriscar uma ‘carretilha’ sobre a defesa argentina, “vitimando” o lateral Nahuel Molina no segundo tempo.
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As aspas sobre o "vitimando" não foram usadas à toa. Pois se houve uma vítima nesta noite, foi Rafinha. O brasileiro viu o cotovelo do truculento Nicolás Otamendi lhe acertar a boca, ainda no primeiro tempo. O vermelho só apareceu, como consequência, no algodão usado para estancar o sangue que escorria pelos lábios do jogador do Leeds e nas manchas ensanguentadas que atingiram a sua camisa canarinho. Cartão para o argentino? Dentro da Argentina e com torcida argentina pressionando? Não apareceu nem o amarelo. Otamendi jogou os pouco mais de 90 minutos e saiu sem nenhum tipo de sanção. Mesmo com o VAR. Absurdo.
Getty ImagesAssim como já havia acontecido na final da Copa América de 2021, vencida pela Argentina dentro do Maracanã, os comandados de Lionel Scaloni apelaram para a imposição física para frear qualquer tentativa possível do Brasil. Acontece que desta vez esta postura passou do limite, como no lance de Otamendi sobre Rafinha. Outras discussões quentes entre os jogadores também foram lugar-comum neste último duelo das seleções em 2021.
Se ao longo das últimas décadas pairou pelo ar um clima maior de paz quando Brasil e Argentina se enfrentavam, motivado especialmente pela interação dos atletas no futebol internacional, onde muitos vestem a camisa do mesmo clube e são companheiros, os últimos dois encontros entre os lados mostraram também uma rivalidade acirrada que remete até aos tempos mais antigos – embora sem chegar ao limiar de bestialidades como em alguns episódios das décadas de 1930 e 1940, onde até violência policial e invasões de campo eram corriqueiros. Isso sem falar no jogo suspenso de Itaquera, meses atrás.
A única exceção parece ser a relação entre os jogadores do PSG (Di María, Neymar, Messi e Marquinhos). Ainda assim, a final da última Copa América não chegou a ter cenas tão absurdas quanto a cotovelada de Otamendi em Raphinha.
Entre belos passes e xingamentos, brigas e belos dribles, este Argentina x Brasil de novembro de 2021 teve uma espécie de toque retrô na receita ‘violência + qualidade dos jogadores com a bola no pé’. O time de Tite agradou pelo futebol apresentado, bastante fluido, rápido e ousado mesmo sem Neymar. Di María mostrou novamente sua grande habilidade ao dar uma ‘caneta’ em Vinícius Júnior no primeiro tempo, mas Vini deu a resposta com a exuberante carretilha sobre outro adversário argentino depois.
No final das contas, deu empate no placar e no drible icônico: Di María 1x1 Vinícius. Os argentinos saíram do estádio com um ponto e o Brasil com seis - um pelo empate e cinco na boca do habilidoso ponta Raphinha, pela cotovelada de Otamendi que árbitro e VAR escolheram ignorar.
