A atuação do Brasil na goleada por 7 a 0 sobre Honduras deixou marcas positivas pelo desempenho ofensivo e em conjunto. No primeiro teste depois do corte de Neymar, e último antes do início da Copa América de 2019, o ataque cumpriu com a sua obrigação de brilhar contra um adversário de qualidade discutível e que durante boa parte do tempo ainda contou com menos um em campo. Finalizado o duelo, a impressão geral é que a trinca ofensiva para a estreia contra a Bolívia será composta por David Neres, Roberto Firmino e Richarlison. Desde que assumiu a seleção, Tite jamais havia conseguido montar uma linha de frente com jogadores que lhe ofereciam tantas opções.
Quando o Brasil foi eliminado na Copa do Mundo de 2018, por exemplo, a grande esperança era por uma grande exibição de Neymar – que flutuava da ponta esquerda para o meio. Não aconteceu. Titular na referência de ataque então, Gabriel Jesus não conseguiu fazer um bom torneio e sequer balançou as redes enquanto Willian também pouco apareceu na ponta-direita. Mais recuado na linha de meio-campo no 4-3-3, Coutinho não desempenhou o seu melhor. Uma linha de frente que, apesar de contar com a individualidade de seu jogador mais decisivo, era engessado e não fez o bastante para avançar às semifinais.
Hoje, a impressão é de que Tite tem em suas mãos um grupo de atacantes com maior repertório para mudanças ao longo de uma partida. Seja pelo comportamento dentro de campo ou através de substituições. David Neres, Roberto Firmino e Richarlison são três jogadores que, poderíamos dizer, valem por sete. Afinal de conta, ao longo da última temporada exerceram diversas funções em seus clubes e demonstraram capacidade para serem eficazes exercendo diferentes papéis na seleção.
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MowaConvocado para a ponta-direita, David Neres também decide do outro lado (Foto: Pedro Martins/Mowa)
David Neres, por exemplo, foi convocado para ser opção na extremidade direita. Mas, assim como também acontecia pelo Ajax, atuou na esquerda – substituindo a vaga deixada por Neymar – contra Honduras. Começou como titular e fez o quinto gol. Antes, havia entrado no decorrer do amistoso contra a República Tcheca na extremidade direita, mas deu assistência para Gabriel Jesus estufar as redes na vitória por 3 a 1 quando se deslocou para o flanco canhoto do gramado. Nenhum jogador com tão pouco tempo sob o comando de Tite foi tão efetivo: em três jogos, apenas um como titular, fez gol e deu uma assistência.
Richarlison pode exercer, quase com a mesma qualidade, três funções distintas no ataque (Foto: Getty Images)
Richarlison, que dentre as caras novas no pós-Copa da seleção talvez seja o maior destaque, vem sendo escalado na ponta-direita, mas também atua do outro lado e faz as vezes de centroavante. Um jogador, três opções. Foi jogando mais adiantado que finalizou os 7 a 0, levando ao fundo das redes a única de suas três finalizações na mira contra os hondurenhos. Desde a sua primeira convocação, o carismático atacante fez cinco gols e contribuiu com duas assistências.
MowaFTitular no pós-Copa, Firmino também demonstra versatilidade em alto nível (Foto: Pedro Martins/Mowa)
No momento em que Richarlison fechou a goleada, Roberto Firmino atuava mais recuado, assumindo a responsabilidade por criar as jogadas – função semelhante à que demonstrou no Liverpool campeão da Champions League semanas atrás. O jogador, que entrou no decorrer da partida no lugar de Gabriel Jesus (autor de dois tentos, mas que hoje ao que tudo indica é opção no banco), estufou as redes enquanto esteve na referência de ataque. Depois, mais recuado, também seguiu a ter boa participação. Quem ganha com esta formatação também é Philippe Coutinho, que enfim vem sendo escalado mais próximo da área como homem centralizado no 4-2-3-1. Muito melhor do que ficar longe de onde mais decide, como aconteceu contra a Bélgica.
Sem poder contar com a sua melhor referência técnica no gramado, a seleção de Tite demonstrou, no último teste antes da estreia na Copa América, nesta sexta-feira (14), contra a Bolívia, grande capacidade para finalizar oportunidades e, acima de tudo, opções que não funcionam apenas sob determinado desenho de jogo. Quem ganha com isso é todo o conjunto.
