O Atlético Mineiro, de Jorge Sampaoli, além de líder do Brasileirão é uma das equipes que joga o futebol mais emocionante e inteligante no Brasil hoje. É uma equipe com a cara de seu técnico e que busca sempre o ataque. Os frutos dessa mentalidade ofensiva estão escancarados no Galo: melhor ataque da competição e primeiro lugar isolado no certame nacional.
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Da mesma forma que já foi visto no Santos, Sampaoli consegue montar times altamente competitivos, que buscam manter a posse de bola, mesmo sem um elenco recheado de estrelas. O caso do Galo é diferente, pois conta com um plantel maior, mais qualificado e com mais opções do que o argentino tinha na Vila Belmiro em 2019.
Dono do melhor ataque do Brasileirão até aqui, com 29 gols marcados, o Atlético Mineiro promete ser um dos times que brigará pelo título nacional, que não vem desde 1971.
Mas quais são as principais armas desse time que vem enchendo os olhos com boas atuações dentro das quatro linhas?
Superioridade numérica
O futebol moderno trouxe consigo uma das expressões mais recorrentes nos últimos tempos: superioridade numérica. Isso quer dizer nada mais que ter mais jogadores que o adversário em uma determinada faixa do campo. O motivo para isso é bastante simples: deixar pelo menos um jogador do seu time livre de marcação com tempo e espaço para pensar o jogo e executar passes que levem o time para frente.
Por exemplo, na saída de bola, se o adversário sobe para marcar com três jogadores, o entusiasta da superioridade numérica colocará pelo menos quatro atletas de seu time para fazer essa saída. No três contra quatro sempre sobrará um jogador livre, que poderá articular a saída de seu campo com mais calma para encontrar a melhor opção de jogada.
Sampaoli é um dos principais nomes que trabalham com essa questão da superioridade numérica, seja na defesa, quanto no meio de campo ou no ataque. O Galo de 2020 chega ao ataque normalmente com cinco homens: os dois pontas, mais dois atacantes e um meia ofensivo. Como grande parte das equipes jogam com quatro defensores, a armadilha já está montada e muitas vezes é o jogador livre que acaba decidindo a jogada.
Isso sem contar no avanço dos laterais, que são parte importante do jogo de Sampaoli. Quando não aparecem como "elementos surpresa", os laterais ajudam na construção da jogada pela zona central, criando, assim, a tal da superioridade numérica.
Tendo mais jogadores que o adversário em determinada faixa de campo ajuda na fluidez do time e diminui a possibilidade de erros nos passes. É pelo bom posicionamento treinado por Sampaoli, que muitas vezes suas equipes chegam ao ataque com poucos toques na bola e em alta velocidade.
Pressão forte para recuperar a bola
Um dos conceitos e práticas mais importantes para o futebol moderno, do qual Sampaoli é um dos mais influentes expoentes, é na pressão para recuperar a bola. Quando o time de Sampaoli perde a posse da pelota, há um esforço extra para recuperar a bola do adversário o mais rápido possível.
A explicação para tal prática também é simples: em tese, quem tem a bola tem mais possibilidades de fazer o gol, que nada mais é do que colocar a bola no fundo das redes. Embora essa ideia venha sendo desmentida em muitas ocasiões, essa é a forma que Sampaoli pensa o jogo e que tem gerado bons resultados aqui no Brasil.
Por isso, o desgaste físico das equipes de Sampaoli é tão alto. Porque para recuperar o balão, os jogadores precisam de um esforço extra e algumas vezes precisam dar corridas e piques impressionantes.
Se a recuperação da bola for bem sucedida no campo de defesa do adversário, o time de Sampaoli estará muito mais próximo do gol e pegará o sistema defensivo "de saída", o que pode causar um verdadeiro pânico no oponente por estar desorganizado. O tal do futebol moderno conta - e muito - com o erro do adversário para que a equipe que busca o ataque tenha sucesso.
Qualidade dos jogadores
Divulgação/Atlético-MG(Foto: Atlético-MG/Divulgação)
É impossível falar sobre armas ofensivas sem destacar algo óbvio: a qualidade individual dos jogadores. Em 2020, o Galo teve 22 chegadas de atletas ao seu elenco principal (alguns deles foram promovidos da base). Com maior poderio financeiro que o Santos, o clube mineiro contou com chegadas importantes como Keno, Nathan, Everson, Junior Alonso e Mariano, que agregaram muito em termos de qualidade à equipe.
Keno é um dos principais exemplos de como a qualidade individual pode potencializar um estilo de jogo definido e ofensivo. O ponta de 31 anos estava meio "esquecido" no Pyramids, do Egito, e retornou ao Brasil com certa desconfiança. Ele demorou para balançar as redes, mas agora, já mais adaptado, tem sido peça fundamental para o ataque do Galo, além de ser um jogador que desequilibra e busca jogadas individuais de profundidade.
No Brasileirão, o ex-Palmeiras participou de 13 jogos, marcou sete gols e deu uma assistência. Com sua experiência, Keno tem sido um dos principais nomes dessa campanha surpreendente do alvinegro mineiro até aqui.
Ainda assim, com problemas defensivos
Porém, como nem só de gols marcados vive uma equipe, Sampaoli tem procurado corrigir o sistema defensivo. Isso porque antes do jogo contra o Goiás, que terminou 3 a 0 para o Galo, o time de Minas Gerais sofreu gols nas seis rodadas anteriores. Em uma dessas rodadas, os dois gols sofridos para o Fortaleza renderam uma amarga derrota aos mineiros, que jogavam com um jogador a mais.
Em 14 jogos, o time de Sampaoli sofreu 16 gols, em média mais que um gol por partida e a grande dificuldade do Galo é em jogos fora de casa. Atuando dentro de seus domínios, a equipe sofreu apenas cinco gols, enquanto fora de casa foram 11 tentos sofridos.
A vitória sobre o Goiás trouxe um respiro para essa incômoda estatística, e aponta um caminho que o treinador argentino deve continuar a procurar melhora, já que em campeonato de pontos corridos, uma boa defesa é, muitas vezes, meio caminho andado rumo ao título de campeão.
