Depois de três empates, exibições decepcionantes e o perigo de ver a situação ficar insustentável no Grupo H da Libertadores da América, o alerta foi dado no Grêmio. Vencer o Rosário Central era obrigação e a preparação para enfrentar os argentinos foi, do lado de fora, aparentemente conturbada depois que Luan, antiga referência técnica da equipe, foi afastado.
Não foi a única decisão corajosa do treinador Renato Portaluppi. Além de Luan, Michel também deixou o time titular. Os jovens Jean Pyerre e Matheus Henrique ocuparam as respectivas posições como meia e volante... e demonstraram o acerto tardio na decisão de Portaluppi ao escalar a equipe para o duelo desta quarta-feira (10).
A vitória, obrigatória, enfim veio: 3 a 1 e com autoridade. Acima de tudo, com uma boa exibição e protagonismos que deixam a torcida tricolor esperançosa de que será possível conseguir um bom resultado contra o já classificado Libertad e, na última rodada, bater a Universidad de Chile para avançar às oitavas de final.
Onipresente no meio-campo, Matheus Henrique foi quem ditou o ritmo nas transições: ninguém em campo recuperou mais vezes a posse de bola (10), tocou na bola (103!) ou trocou passes (89). E o jovem de 21 anos praticamente não errou ao entregar a esfera para um companheiro: acertou 96% dos passes. Muitos deles foram direcionados a Everton, o “Cebolinha”, que também vinha sendo criticado e fez, provavelmente, o seu melhor jogo na temporada.
Sempre da extrema esquerda para o centro, o camisa 11 foi quem mais deu trabalho ao goleiro Ledesma. Não fez gol, mas serviu Jean Pyerre, que abriu o placar. O jovem de 20 anos fez, em sua primeira partida como titular nesta Libertadores, o que Luan não havia feito nas três rodadas anteriores: estufou as redes e deu o passe para Leonardo Gomes fazer o primeiro de seus dois tentos.
Mas acima de tudo, Jean Pyerre buscou o jogo, tentou criar. Segundo a Opta Sports, criou seis oportunidades de gols para seus companheiros, simplesmente o dobro em relação ao que Luan havia feito até aqui nesta edição 2019 da Libertadores.
Apelidado como Imortal, o Grêmio segue vivo na Libertadores. E muito disso deveu-se às mudanças implementadas por Renato Portaluppi nesta partida decisiva: coragem para sacar medalhões e dar a responsabilidade a jovens de grande potencial que responderam à altura. Famoso por recuperar jogadores desacreditados, o Grêmio teve que arriscar para fazer o mais importante: recuperar a si próprio.


