Voltar ao futebol brasileiro é o melhor caminho para Neymar fugir do 'limbo' atual

A escolha de Neymar em trocar o futebol europeu pelo da Arábia Saudita foi decepcionante por si, mas ainda assim inserido no contexto de um boom de investimentos feitos pelo governo do país no futebol doméstico. Em 2023, ainda havia quem acreditasse que rapidamente a Saudi Pro League se transformaria em uma das principais ligas do mundo, conforme previsto convenientemente por Cristiano Ronaldo em sua chegada ao Al Nassr.

Mas não foi o que aconteceu. O nível técnico ainda está claramente abaixo de outras praças, independentemente da presença do Al Hilal nas semifinais da última edição da Champions League asiática. O mesmo Al Hilal treinado por Jorge Jesus, ainda que sem Neymar, escreveu história com uma incrível sequência de vitórias ininterruptas – feito que, ao redor do mundo, reverberou mais como curiosidade do que qualquer outra coisa.

Um ano após a cachoeira de dinheiro derramado em contratações de nomes de peso, o futebol saudita não consegue estar nem mesmo entre as 10 melhores ligas nacionais do futebol mundial. Segundo estudo recente divulgado pela Opta Sports, o Top 10 obedece a seguinte ordem:

• Premier League (Inglaterra)

• Serie A (Itália)

• Bundesliga (Alemanha)

• La Liga (Espanha)

• Ligue 1 (França)

• Série A (Brasil)

• Jupiler Pro League (Bélgica)

• MLS (Estados Unidos)

• Championship (2ª divisão da Inglaterra)

• Liga Profissional (Argentina).

Além de jogar em um palco de baixíssimo apelo, a lesão de Neymar o tirou quase que definitivamente da editoria esportiva para colocá-lo de vez na seção de fofoca. Neymar já vinha sendo, em seus últimos momentos no PSG e início de Al Hilal, mais notícia pelo que fazia fora de campo do que pelo que entregava dentro das quatro linhas... mas ter ficado tanto tempo sem jogar só aumentou esta impressão. As melhores notícias que Neymar tem a entregar são escritas pelos seus pés, pelos seus dribles, gols e pela fantasia que ele entrega em campo quando joga. Mas tem que voltar a jogar.

Em mais de um ano, o único brilho apresentado por Neymar no futebol foram os seus dois últimos gols, ambos marcados nos 5 a 1 sobre a Bolívia e que, segundo a estatística considerada pela FIFA, o colocaram no topo da lista de maiores artilheiros da história da seleção brasileira. Ou seja, um feito que bebeu mais na fonte de seu legado já estabelecido do que na construção de um caminho a ser trilhado pela frente.

A ida para o Al Hilal, somada à lesão que lhe tirou um ano de futebol, colocou Neymar momentaneamente em uma espécie de limbo esportivo. Uma situação bizarra para alguém do tamanho do camisa 10.

E imaginando que nenhum clube de ponta da Europa esteja disposto a arcar com todos os custos (financeiros e não financeiros) do Pacote Neymar, um retorno para jogar o Brasileirão – o sexto melhor campeonato nacional do mundo, segundo o já citado estudo da Opta – aparece como melhor caminho para que o maior craque de sua geração volte a ter, dentro das notícias esportivas, a relevância que ele merece: dentro de seu país, movendo paixões intensas, respirando o futebol de bom nível e decidindo jogos como sempre fez.