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Arsenal transfer puzzle complete GFXGOAL

Viktor Gyökeres é a peça que faltava para o Arsenal, e Mikel Arteta não terá mais desculpas na luta pelo título da Premier League

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Nas últimas três temporadas, o Arsenal mostrou que tem condições de conquistar a Premier League. O problema é que o título não vem desde 2004. A equipe de Mikel Arteta acumulou três vice-campeonatos e ultrapassou a marca dos 80 pontos em duas ocasiões, mas segue sem levantar um troféu importante nos cinco anos desde o primeiro lockdown da pandemia.

Tem sido um período paradoxal para os torcedores dos Gunners — reconfortante e, ao mesmo tempo, doloroso. O time foi completamente reinventado sob o comando de Arteta e se livrou do clima de crise que marcou os últimos anos de Arsène Wenger e a breve passagem de Unai Emery. Ainda assim, não conseguiu traduzir as boas atuações em conquistas concretas. Talvez os torcedores estejam apenas aliviados por ver o clube novamente na briga pelo título.

Mas o clube quer mais. Arteta e sua comissão querem mais. Ao fim de cada uma das últimas três temporadas, o técnico discursou com paixão diante de um Emirates Stadium lotado — um feito em si, considerando as dificuldades enfrentadas após a saída de Highbury — prometendo que o time voltaria mais forte e com ainda mais fome de vencer. Prestes a iniciar sua sexta temporada completa no comando, Arteta está perto de moldar a equipe exatamente como imaginava — o que também aumenta a pressão. Agora, o Arsenal precisa transformar sua promessa em realidade.

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  • Rayo Vallecano v Real Sociedad - La Liga EA SportsGetty Images Sport

    Janela recordista

    No início de junho, parte da torcida do Arsenal estava preocupada com a aparente lentidão do clube no mercado, enquanto via rivais como Liverpool e Manchester City se movimentarem cedo.

    Desde então, o novo diretor esportivo Andrea Berta passou a agir em ritmo acelerado, fechando uma série de contratações. Martin Zubimendi, Christian Norgaard, Kepa Arrizabalaga e Noni Madueke já foram anunciados, e Viktor Gyökeres e Cristhian Mosquera estão próximos de seguir o mesmo caminho. Se todas as seis negociações forem concluídas antes da viagem da equipe principal para a Ásia na próxima semana, será um recorde de reforços finalizados a tempo de uma turnê de pré-temporada desde que as janelas de transferência passaram a ser obrigatórias.

    Contar com tantos novos jogadores desde o início será um enorme impulso para os preparativos da equipe. A base do time continua a mesma, mas agora há sangue novo suficiente para reforçá-la e energizá-la.

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  • Paris Saint-Germain v Arsenal FC - UEFA Champions League 2024/25 Semi Final Second LegGetty Images Sport

    Presságio de Arteta

    Após a eliminação do Arsenal na semifinal da Champions League na temporada passada, Mikel Arteta foi direto em sua análise sobre o que vem pela frente: “Para mim, está muito claro o que precisamos fazer para sermos melhores e aumentarmos nossas chances (de vencer). Ninguém pode garantir que, ao fazer isso ou aquilo, você vai ganhar a liga ou a Champions League. Nenhum treinador, nenhum dirigente vai sentar numa coletiva e afirmar isso, porque a margem é muito pequena — e, além disso, muitas coisas precisam dar certo para que isso aconteça.”

    Para muitos, suas palavras soaram como um sinal claro de que o clube pretende investir pesado nesta janela de transferências, com o objetivo de reduzir essas margens. O Arsenal da temporada 2024/25 sofreu bastante com lesões e perdeu boa parte de seus principais jogadores por longos períodos. Embora o clube tenha adotado uma abordagem de crescimento gradual no mercado sob o comando de Arteta, há agora um entendimento mais claro de que é preciso dar um salto significativo para superar o último obstáculo mental e esportivo.

    Janelas anteriores já foram marcadas por mudanças impactantes: em 2022, as chegadas de Gabriel Jesus e Oleksandr Zinchenko, vindos do Manchester City, trouxeram uma nova identidade ao time. No ano seguinte, o Arsenal quebrou o recorde britânico ao contratar Declan Rice por £105 milhões. Neste, o clube está adotando uma abordagem semelhante — unindo contratações de peso a investimentos robustos.

  • FBL-POR-LIGA-BOAVISTA-SPORTING LISBONAFP

    A peça que faltava no ataque

    De dezembro de 2019 a junho de 2025, Mikel Arteta priorizou a contratação de um novo atacante em apenas três ocasiões: a já mencionada chegada de Gabriel Jesus em 2022, a aquisição inteligente de Leandro Trossard por um bom preço seis meses depois e, mais recentemente, a aposta menos acertada em Raheem Sterling, emprestado para a temporada 2024/25. Kai Havertz, embora agora atue como centroavante em tempo integral, foi contratado originalmente como meio-campista — algo que o clube fez questão de enfatizar. “Ele trará uma enorme força ao nosso meio-campo e acrescentará variedade ao nosso jogo”, foram as palavras exatas de Arteta na época.

    Muitos torcedores do Arsenal vêm pedindo há anos que o clube vá com tudo atrás de um centroavante de presença de área, alguém capaz de marcar gols em volume e aliviar a pressão sobre Havertz, cuja falta de precisão na temporada passada trouxe frustrações, mesmo nos períodos em que esteve em boa forma.

    Para este ano, o clube reduziu suas opções a Viktor Gyökeres e à sensação do RB Leipzig, Benjamin Sesko, com Andrea Berta conduzindo negociações em paralelo. No fim, a escolha recaiu sobre o atacante sueco, depois que o valor pedido por Sesko ultrapassou os £80 milhões. Havia também relatos de que a preferência por Gyökeres já era maior devido à sua experiência, enquanto Sesko, aos 22 anos, ainda está em fase de desenvolvimento.

    Gyökeres, por sua vez, está longe de ser tímido. Quando perguntado recentemente onde se posiciona ao lado de nomes como Erling Haaland, Harry Kane e Robert Lewandowski, respondeu: “Definitivamente estou entre eles. É difícil me classificar, mas sim, estou na mesma mesa agora. São jogadores extraordinários, que atuam no mais alto nível há anos e já provaram muito mais do que eu. Da minha parte, preciso mostrar que consigo manter esse nível temporada após temporada. O que fiz no Sporting, tenho convicção de que posso repetir em qualquer lugar. Ainda não viram o melhor Gyökeres.”

    Com sua chegada, o Arsenal passa a contar com um ataque mais completo e uma referência ofensiva que pode, realisticamente, disputar a Chuteira de Ouro — algo que nenhum jogador dos Gunners conseguiu desde Pierre-Emerick Aubameyang, em 2018/19, quando ultrapassou os 20 gols em uma temporada da Premier League.

  • Nottingham Forest FC v Brentford FC - Premier LeagueGetty Images Sport

    Força em profundidade

    A grande atração da janela atual do Arsenal continuará sendo Viktor Gyökeres, mas ele está longe de ser o único reforço empolgante para os torcedores.

    Noni Madueke, apesar de ser alvo de críticas por ser mais um suposto “rejeitado” do Chelsea, oferece uma nova dimensão ao ataque e representa um apoio mais que necessário para Bukayo Saka, que tem sido sobrecarregado. Já Martin Zubimendi, alvo do Real Madrid, chega após mais uma temporada sólida e precisa com a Real Sociedad, oferecendo variedade e controle a um meio-campo que, em 2024/25, por vezes pareceu previsível. Para substituir Jorginho — cujo declínio físico limitou sua participação a cerca de 1.500 minutos na última campanha —, Arteta trouxe o capitão do Brentford, Christian Norgaard.

    No gol, a saída do pouco confiável Neto deu lugar a Kepa Arrizabalaga, vindo do Bournemouth. E na defesa, o clube aposta em uma aquisição de baixo risco e potencial elevado: Cristhian Mosquera, do Valencia, por cerca de £15 milhões.

    A temporada 2024/25 do Arsenal desandou, em grande parte, devido a uma crise de lesões que obrigou o time, em determinado momento, a escalar um trio ofensivo improvável formado por Raheem Sterling, Mikel Merino e Kieran Tierney em uma partida da Champions League. Se conseguirem evitar esse tipo de situação desta vez, a expectativa é de que retornem à sua forma mais dominante.

  • Arsenal FC v West Ham United FC - Premier LeagueGetty Images Sport

    Erros de 2024

    Parte do declínio do Arsenal pode ser atribuída às movimentações na janela de transferências do último verão europeu. Os únicos reforços acrescentados ao elenco foram Sterling e Neto, ambos por empréstimo, além dos destaques da Euro 2024, Mikel Merino e Riccardo Calafiori, contratados como opções de apoio. No entanto, até esta altura de 2024, nenhum desses jogadores havia chegado — com Calafiori sendo o primeiro a ser anunciado, apenas em 29 de julho.

    Os Gunners não só se prepararam mal para um início de temporada com essas negociações tardias, como também não trouxeram qualidade suficiente para competir de forma convincente pelo título novamente. Além disso, permitiram a saída de vários reservas que antes eram considerados confiáveis. Eddie Nketiah e Emile Smith Rowe foram vendidos para Crystal Palace e Fulham, respectivamente, enquanto Reiss Nelson foi emprestado ao mesmo Fulham. Ironia do destino, todos deixaram o clube em busca de mais tempo de jogo — algo que, dadas as circunstâncias posteriores, poderia ter acontecido se tivessem permanecido no Emirates.

    Agora, Arteta e Andrea Berta tentam corrigir os erros cometidos em 2024 nesta nova janela. Mesmo assim, correm o risco de continuar agindo em modo de recuperação.

  • Crystal Palace v Manchester City - Emirates FA Cup FinalGetty Images Sport

    Mais por vir?

    Mesmo além das seis contratações previstas para serem concluídas em breve, o Arsenal ainda parece ativo no mercado em busca de mais reforços. Os rumores envolvendo o camisa 10 do Crystal Palace, Eberechi Eze, continuam persistentes, assim como o interesse duradouro no atacante do Real Madrid, Rodrygo.

    Esse tipo de movimentação só deve avançar se o clube identificar uma oportunidade clara a ser aproveitada. No caso de Rodrygo, ele ainda não definiu seu futuro de longo prazo no Real Madrid após mais uma temporada em que foi preterido no time titular, e pode buscar mais clareza sobre sua situação antes de considerar uma saída. Já em relação a Eze, acredita-se que sua cláusula de rescisão supere £60 milhões, e o Arsenal estaria avaliando a possibilidade de uma estrutura de pagamento mais flexível, ao invés de desembolsar o valor total à vista.

    De todo modo, tudo indica que o Arsenal ainda tem margem financeira para realizar pelo menos mais um grande investimento antes do encerramento da janela. A abordagem mais cautelosa do ano passado pode acabar rendendo frutos agora.

  • Manchester City FC v Liverpool FC - Premier LeagueGetty Images Sport

    Rivais fortalecidos

    Um dos últimos grandes obstáculos entre o Arsenal e a tão sonhada glória é o poder de fogo financeiro de seus principais rivais. O Manchester City iniciou sua reformulação com um investimento de £200 milhões em janeiro, e já adicionou mais £100 milhões nesta janela. Em Merseyside, o Liverpool poderia quebrar novamente seu recorde de transferências ao tentar contratar Alexander Isak — um antigo alvo do Arsenal — para se juntar a Florian Wirtz, Jeremie Frimpong e Milos Kerkez.

    Os Reds mal foram ameaçados rumo ao título da Premier League na última temporada e podem encerrar a janela tendo investido quase £400 milhões em um elenco que já era repleto de grandes talentos. O City, por sua vez, continuará sendo uma força dominante — a menos que sofra punições pelas 115 supostas infrações às regras da Premier League — e acabou de assinar um contrato recorde de £1 bilhão para manter seu fluxo de receita intacto.

    Na Europa, o atual campeão da Champions League — e algoz do Arsenal na última temporada — Paris Saint-Germain, é favorito para defender seu título continental, mesmo após a surpreendente derrota para o Chelsea na final do Mundial de Clubes da Fifa. A capacidade de Luis Enrique de promover rodízios em massa na Ligue 1 deve manter os parisienses em forma e com energia para a reta final de mais uma campanha exaustiva. Já na Espanha, o Real Madrid tende a se tornar ainda mais sólido sob o comando de Xabi Alonso, enquanto o projeto do Barcelona — ancorado no talento de Lamine Yamal — parece sustentável enquanto o jovem astro se mantiver saudável.

    O desafio do Arsenal, portanto, não é apenas evoluir internamente, mas também conseguir competir com rivais que estão se reestruturando agressivamente e ampliando ainda mais suas ambições.

  • FBL-ENG-PR-LIVERPOOL-ARSENALAFP

    Hora de vencer

    Arteta e o Arsenal não podem mais se deixar guiar pelo medo. A tendência recente de recorrer a táticas excessivamente cautelosas e focadas em ganhos marginais, em busca de um controle absoluto e sem margem para erro — seja por conta das lesões ou não — acabou prejudicando uma equipe vibrante, que tem talento mais do que suficiente para estar vencendo títulos. Os obstáculos externos representados pelos rivais são reais, mas internamente não há desculpa para não jogar o futebol ambicioso que o time quer — e precisa — praticar.

    Dentro dos bastidores do Emirates Stadium, o clube rejeita qualquer insinuação de que Arteta esteja sob pressão, considerando o progresso evidente que ele promoveu em campo. No entanto, seria ingênuo imaginar que a pressão não vai surgir — e que questionamentos não virão — caso o time termine mais uma temporada sem levantar um troféu. Nesse ponto, as críticas não viriam apenas de fora. Um elenco tão talentoso permanecer tanto tempo sem conquistas deixaria de ser apenas uma questão de azar.

    A movimentação agressiva do Arsenal nesta janela de transferências sugere que tanto Arteta quanto o clube sabem o quão perto estão da glória. Resta saber se essa última investida será, de fato, suficiente para alcançá-la.