Vender Rodrygo, substituir Luka Modric e as seis transferências que o Real Madrid precisa para fazer Xabi Alonso remontar elenco após decepção no Mundial de Clubes

A passagem de Luka Modric pelo Real Madrid chegou ao fim. O croata já não vinha no seu melhor há algum tempo, com seus minutos em campo diminuindo ano após ano. Ainda pode ser útil, e deve agregar ao Milan como titular eventual ou uma opção de confiança no banco. Mas, no Real, ele vinha se tornando um obstáculo caro. Carlo Ancelotti já havia alertado, há quase três anos, que Modric precisava se preparar para um “momento de transição” no Santiago Bernabéu. E esse momento, enfim, chegou.

O problema é que o ideal, ao abrir mão de um jogador, é já ter alguém pronto para assumir a vaga. E com Modric isso se complica, porque ele é praticamente insubstituível, tanto dentro quanto fora de campo. O Real parece apostar em uma alternativa ainda em desenvolvimento: Arda Güler, cheio de talento, mas que ainda não se firmou de verdade com a camisa branca.

Desde a saída de Toni Kroos, falta ao elenco um meio-campista experiente, capaz de controlar o ritmo e manter a cabeça no lugar nos grandes jogos. Não é tarefa para um jovem em formação. Franco Mastantuono parece promissor e pode oferecer chegada ao ataque, mas o time precisa mesmo é de alguém que dite o ritmo, com calma e inteligência. Uma peça difícil de encontrar, mas fundamental nos grandes clubes. Modric dominava essa função. O Real precisa de um novo maestro.

Até quando essa novela vai continuar? A essa altura, já está desgastante. Rodrygo é um ótimo ponta-esquerda, mas tem sido escalado como falso 9 ou deslocado para a direita. Deu certo com Ancelotti em algumas fases, principalmente quando ele saía do banco e mudava o jogo, mas está claro que o brasileiro precisa de um clube que o aproveite na sua posição original. Seria o melhor para ele, e é bem provável que o próprio Rodrygo já tenha percebido isso.

O Arsenal parecia um destino possível, principalmente diante da queda de rendimento de Gabriel Martinelli. Mas os Gunners mudaram o foco, buscaram um centroavante e ainda contrataram Noni Madueke, o que esfriou as conversas. Liverpool e até o Manchester City já foram citados como interessados, embora de forma mais tímida.

Para o Real, no fim das contas, pouco importa para onde ele vá. Rodrygo virou peça sobrando na esquerda, destoante na direita e uma dor de cabeça cada vez mais cara. Sua venda pode render um bom valor, que serviria para reforçar qualquer outro setor. Está na hora de agir.

Durante a apresentação de Trent Alexander-Arnold, Florentino Pérez soltou uma indireta provocadora ao dizer que Real Madrid e Liverpool têm “uma ótima relação”. Para os torcedores dos Reds, soou como um golpe baixo.

A saída do lateral inglês vai doer em Anfield por um bom tempo, mesmo com a chegada de Jeremie Frimpong. E o Real parece disposto a explorar ainda mais essa conexão. Ibrahima Konaté, que há menos de um ano estava perto de renovar com o Liverpool, viu as negociações emperrarem. E o interesse do Real já é real. O zagueiro tem contrato até o fim da temporada 2025/26.

Para o clube espanhol, a contratação faz todo o sentido. O time não tem um zagueiro destro confiável: Rudiger prefere jogar pela esquerda e já não vive seu auge. Konaté, por outro lado, tem 26 anos e, em boa forma, é um dos melhores defensores da Premier League. E sua posição natural é justamente o lado direito da dupla de zaga.

Com os problemas físicos no setor, levando em consideração que Militão ainda não está 100% após romper o ligamento cruzado anterior do joelho, Konaté deixa de ser luxo e vira necessidade. Se o Real quiser tirá-lo de Anfield, o ideal é agir logo, antes que o francês se torne peça ainda mais vital para o Liverpool com o início da temporada se aproximando.

Parece que a possibilidade de Vinícius Júnior deixar o Real Madrid já passou. Ainda é difícil imaginar um cenário em que ele e Kylian Mbappé consigam realmente jogar juntos. No Mundial de Clubes, o time funcionou melhor quando só um deles estava em campo ao lado de Gonzalo García, mas o brasileiro não dá sinais de que pretende sair.

A grande ironia é que o Real tem, hoje, dois dos cinco melhores jogadores do mundo. E, quando estão inspirados, formam a dupla de ataque mais explosiva do futebol com sobras. O problema? Isso raramente acontece. Ambos jogam na mesma faixa do campo, com características muito parecidas. Alonso até tentou mexer nesse encaixe durante a pré-temporada nos Estados Unidos, deslocando Vini para a direita ou empurrando Mbappé para o centro, mas nada fluiu de verdade.

A realidade é que o treinador está preso a essa dupla e nenhum dos dois quer sair. Resta ao Real se comprometer com Vinícius a longo prazo, e, se não for por convicção, que seja para silenciar especulações externas. Agora, a responsabilidade está nas mãos de Alonso, que precisa encontrar um jeito de fazer os dois brilharem juntos. É o tipo de “problema bom” que qualquer técnico gostaria de ter.

Se Rodrygo não vai ser esse nome, quem assume a direita? O Real até tem algumas opções que podem quebrar o galho, mas nenhuma convence de verdade, e quase todas são deslocadas de suas posições originais. Valverde talvez seja o nome mais sólido num 4-3-3, mas faz falta no meio ou até na lateral. Brahim Díaz também pode jogar por ali, mas não parece estar pronto para ser titular absoluto. Arda Guler seria outra alternativa, mas Alonso já deixou claro que o enxerga como um organizador mais recuado.

O que o Real precisa de verdade é de um ponta direita driblador, que dê profundidade e leve velocidade ao ataque. O problema é que esse perfil está cada vez mais raro no mercado. Mohamed Salah, Bukayo Saka e Lamine Yamal formam o trio dos sonhos, e todos são inalcançáveis. Fora eles, o nível cai, mas o jovem Désiré Doué, do PSG, parece estar trilhando um caminho que pode levá-lo ao Bernabéu no futuro. Talvez ainda seja cedo, mas o Real precisa agir. Um titular fixo na ponta direita daria liberdade para os craques do meio decidirem com tranquilidade.

Com a chegada de Trent Alexander-Arnold, a lateral direita tem dono. Ele será o titular absoluto, atuando como ala no esquema de três zagueiros ou como lateral, dependendo de Alonso. A ideia era que Lucas Vázquez fosse seu reserva imediato, mas o jogador anunciou sua saída do clube nesta semana. E agora? Sobraram Valverde, que já é coringa demais em várias posições, e um Éder Militão ainda lidando com o histórico de lesões para ocupar uma posição tão específica. A conta não fecha.

A base não tem nomes prontos para subir e assumir a função, e o Real parece desequilibrado: são quatro laterais esquerdos no elenco, contra apenas um lateral direito de origem. Não faz sentido gastar uma fortuna em outro nome para o setor, mas seria prudente trazer uma peça de composição. Um reforço barato, no estilo “operação Joselu”, já ajudaria, que fosse alguém para entregar minutos quando Trent precisar respirar.