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Venda milionária de Noni Madueke para o Arsenal mostra que "plano maluco" do Chelsea pode realmente dar certo - e gerar rios de dinheiro para os Blues

Esperava-se há algum tempo que a nova e enigmática estratégia de transferências do Chelsea começasse a dar sinais concretos de sucesso. De repente, isso parece estar, enfim, acontecendo. Depois de conquistar dois títulos em dois meses com um elenco extremamente jovem, os Blues estão prestes a faturar com a venda de um jogador considerado negociável.

Noni Madueke está a caminho do Arsenal, em uma transferência de £52 milhões (R$ 393 milhões), e o acordo iminente deve render mais de £20 milhões (R$ 151 milhões) de lucro ao Chelsea, mesmo com o jogador tendo deixado a desejar em campo desde que chegou do PSV por £30,5 milhões (R$ 231 milhões) em janeiro de 2023.

É a nova “grande estratégia” em prática. E com resultados esportivos finalmente aparecendo, a diretoria do clube deve se sentir validada em sua, muitas vezes, confusa abordagem no mercado de transferências.

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  • Chelsea FC v Everton FC - Premier LeagueGetty Images Sport

    Pouco retorno em campo, muito fora dele

    Poucos torcedores do Chelsea devem lamentar a saída iminente de Noni Madueke. Embora o fato de ele estar a caminho de um rival direto como o Arsenal incomode alguns, a verdade é que seu desempenho inconsistente faz com que a negociação por £52 milhões (R$ 393 milhões) seja vista como um excelente negócio.

    Desde que chegou do PSV, há dois anos e meio, Madueke mostrou lampejos de potencial, mas o retorno de 20 gols e nove assistências em 90 jogos está longe de justificar a permanência, especialmente quando a proposta representa mais de £20 milhões (R$ 151 milhões) de lucro para os Blues.

    O atacante só se firmou como titular na segunda metade da última temporada. Porém, sua baixa produtividade e o comportamento individualista no terço final do campo irritaram os torcedores. Seu grande momento pelo clube foi um hat-trick contra o Wolverhampton, ainda em agosto de 2023.

    A torcida do Arsenal, que não é exatamente conhecida pela paciência, já demonstra insatisfação com a contratação: a hashtag "#NoToMadueke" chegou a ser tendência nas redes sociais, com muitas críticas direcionadas ao técnico Mikel Arteta.

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  • Chelsea FC v Everton FC - Premier LeagueGetty Images Sport

    Histórico de indisciplina

    Embora Enzo Maresca tenha conseguido controlar um elenco jovem e repleto de egos, a disciplina de Madueke nos bastidores foi uma preocupação constante — e um fator decisivo para sua saída.

    Sob o comando de Mauricio Pochettino, em 2023/24, o ponta protagonizou um episódio polêmico após o Chelsea receber um pênalti contra o Everton: ele e Nicolas Jackson tentaram tirar a bola das mãos de Cole Palmer, o cobrador oficial.

    Além disso, antes do duelo contra o Wolverhampton, em que marcou um hat trick, Madueke cometeu uma gafe nas redes sociais ao publicar publicamente que a cidade era “um lugar de m*rda”.

    Em dezembro, já com Maresca, foi cortado do jogo contra o Aston Villa. O técnico explicou: “Noni pode fazer muito mais. Quando ele começa a marcar ou dar assistências e fica satisfeito, cai de rendimento. Não gostei de como ele treinou. Ele pode ser muito, muito melhor.”

    Pouco depois, foi excluído até mesmo da lista de relacionados para o confronto com o Fulham, por decisão “técnica”. Embora tenha recuperado espaço no time titular, nunca foi considerado imprescindível, nem para o treinador e nem para a diretoria.

  • Chelsea FC Training Session And Press Conference - FIFA Club World Cup 2025Getty Images Sport

    "Ninguém mandou ele sair"

    No início de junho, surgiu a informação de que Madueke estava entre os jogadores negociáveis. Internamente, a sensação era de que seu desenvolvimento havia estagnado. E logo os rumores com o Arsenal se intensificaram.

    Diferentemente de outras saídas recentes, essa se trata de um raro caso em que o próprio jogador queria deixar o elenco principal.

    Confirmando, na prática, sua transferência, Maresca declarou: “Noni está em contato com o novo clube. Deve ser anunciado nas próximas horas. Como disse antes: se um jogador quer sair, é difícil para o clube e para o técnico. Noni decidiu ir embora, ninguém mandou ele sair. Se ele está feliz, nós também estamos.”

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  • noni-madueke(C)Getty Images

    O "plano maluco" do Chelsea

    A negociação faz sentido esportivo, disciplinar e, principalmente, financeiro. E talvez represente um dos primeiros sinais de que a estratégia, antes considerada confusa, começa a funcionar.

    Desde a saída de Roman Abramovich, o Chelsea abandonou a política de contratações de grandes nomes consolidados e passou a investir em jovens talentos, formando o elenco mais jovem da Premier League.

    Além da perspectiva esportiva, a motivação financeira também é clara: redução da folha salarial, contratos longos com amortização contábil e respeito às Regras de Lucro e Sustentabilidade da Premier League (PSR).

    Negociar jogadores “não essenciais” com lucro tornou-se peça-chave desse modelo, e Madueke, que ainda tem cinco anos de contrato amortizado, garantiu ao clube uma posição sólida nas negociações.

    É verdade que existe o risco de o jogador se destacar com a camisa do Arsenal e essa venda se tornar um erro estratégico. Mas, no entendimento do Chelsea, é um risco calculado e que vale a pena correr.

  • Chelsea FC v Paris Saint-Germain: Final - FIFA Club World Cup 2025Getty Images Sport

    Enchendo mais ainda os cofres

    Para um clube do tamanho do Chelsea, com uma torcida acostumada a títulos e que passou um tempo em jejum, o sucesso em campo precisava sustentar a nova abordagem do clube no mercado de transferências.

    Após três temporadas tumultuadas desde a compra do clube pelo consórcio liderado por Todd Boehly e a Clearlake Capital, a estratégia provocou preocupação e frustração nos torcedores, a ponto de alguns irem às ruas protestar. Mas, ao fim de 2024/25, há sinais claros de que o Chelsea está no caminho certo para se restabelecer entre os gigantes da Europa.

    A primeira meta foi a classificação para a Champions League, conquistada com folga, mesmo com dificuldades na reta final da Premier League. Depois veio um título, a Conference League, cuja conquista era esperada, já que o Chelsea dominou a competição até a decisão.

    Mas o momento mais impactante veio no Mundial de Clubes. Os Blues surpreenderam o planeta ao atropelar o Paris Saint-Germain, campeão europeu, por 3 a 0 na final disputada no MetLife Stadium. A vitória rendeu cerca de £90 milhões (R$ 681 milhões) em premiação e apresentou ao mundo uma equipe jovem, talentosa e dominante. Isso sem Noni Madueke, que já havia voltado a Londres para concluir sua transferência ao Arsenal.

    Foi simbólico que o protagonista da decisão tenha sido Cole Palmer. Contratado por £42 milhões (R$ 318 milhões) junto ao Manchester City em 2023, o meia-atacante deve ter quadruplicado seu valor de mercado desde então. Sob o sol forte de Nova Jersey, ele brilhou com dois gols e uma assistência diante do PSG.

  • Cole PalmerGetty

    "Todo mundo falou muita m*rda"

    Palmer, o novo talismã do Chelsea, não tem dúvidas de que o projeto está em ascensão, sobretudo sob o comando de Enzo Maresca, que conquistou dois títulos em sua temporada de estreia à frente do time.

    “Foi uma temporada excelente – ainda melhor porque todos duvidaram da gente antes da final”, disse Palmer após levar o prêmio de melhor em campo. “A gente sabia disso. Lutamos contra uma grande equipe. O técnico [Maresca] preparou um plano perfeito, sabia onde estariam os espaços. Ele me deu liberdade, e eu retribuí com gols.”

    “Ele está construindo algo especial, algo importante. Falaram muita m*rda sobre a gente ao longo da temporada, mas sinto que estamos indo na direção certa.”

  • Joao Felix ChelseaGetty Images

    Ainda é um "plano maluco"

    O "plano maluco" do Chelsea no mercado segue longe de ser perfeito. Prova disso é a multa de £27 milhões (R$ 204 milhões) aplicada pela UEFA há poucas semanas por violação das regras financeiras da entidade.

    Há também um custo humano: jovens como Cesare Casadei, Mathis Amougou e o brasileiro Ângelo foram tratados como ativos comerciais, comprados e repassados rapidamente sem reais oportunidades no time principal.

    A estratégia parece mesmo baseada em tentativa e erro. Só na última janela, o clube desperdiçou mais de £100 milhões (R$ 757 milhões) com nomes como João Félix, Kiernan Dewsbury-Hall, Renato Veiga e Omari Kellyman, todos sem impacto em campo. Com exceção deste último, os demais devem ser negociados já neste ano, com futuro incerto e possíveis prejuízos.

    Ainda assim, a venda de Madueke representa um exemplo de como o processo pode funcionar: um jogador útil, que valorizou, mas que o clube não considerou essencial e que agora renderá um valor significativo em caixa.

    Ao tirar a emoção da equação, é possível enxergar lógica nesse modelo de negócios.

  • Chelsea FC v Paris Saint-Germain: Final - FIFA Club World Cup 2025Getty Images Sport

    Adiantado na janela do verão europeu

    A movimentação do Chelsea nesta janela mostra que o clube parece ter aprendido com erros passados. Os jovens Liam Delap e Jamie Gittens, recém-chegados, são talentos muito promissores. E João Pedro, que custou £60 milhões (R$ 454 milhões), já mostrou seu valor no Mundial de Clubes com impacto imediato.

    Ao mesmo tempo, o clube busca reduzir a folha salarial e gerar lucro com a venda de jogadores fora dos planos, como João Félix, Raheem Sterling e Djordje Petrovic.

    A improvável e impressionante conquista do Mundial de Clubes colocou o Chelsea de volta aos holofotes, como Maresca já havia prometido após a conquista do primeiro troféu da temporada, em maio. Desde o início, o técnico italiano afirmava que o clube estava “adiantado no cronograma”. E agora, com um elenco jovem, competitivo e preparado para enfrentar os melhores, ele parece ter razão.

    Com a volta à Champions garantida, dois troféus na estante e jogadores negociáveis como Madueke gerando lucro, o projeto Boehly-Clearlake vive seu melhor momento. Incrivelmente, parece que o único caminho agora é para o topo.

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