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Endrick 16x9GOAL

Uma noite "perseguindo" Endrick antes, durante e depois de Palmeiras 0 x 1 Internacional

Restavam menos de dois minutos para a bola rolar na Arena Barueri. Após quebrarem a última 'rodinha' pré-jogo, os atletas do Palmeiras logo perceberam que precisariam 'enrolar' um pouco mais antes do relógio bater 20h (de Brasília) e o juiz apitar o início de jogo. Há quem diga que, se há uma coisa pontual no Brasil, é o nosso futebol. Bom, de fato foi o caso de Palmeiras x Internacional, pela 2ª rodada do Brasileirão.

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Alguns dos palmeirenses ouviam as últimas instruções de Abel Ferreira - o mesmo valia para os jogadores do Internacional e Eduardo Coudet -, mas não era o caso de Endrick. O futuro jogador do Real Madrid - ele também responde por 'terceira maior venda da história do futebol brasileiro' - estava elétrico. Aparentava realmente estar a fim de jogo. Trocava passes rápidos com o zagueiro Murilo em frente à área defendida por Weverton, que acenava e aplaudia os gritos da torcida alviverde o exaltando. Ele era apenas o primeiro, aliás. Vários atletas do elenco tiveram nome entoado.

Murillo, então, devolveu um dos toques com muita força, isolando a bola. Normalmente, você imaginaria que eles deixariam o aquecimento de lado e focariam seus últimos segundos preciosos antes do apito inicial para prestar uma reza, iniciar algum tipo de ritual de concentração ou qualquer outra coisa que os jogadores de hoje façam. Endrick, porém, estava para jogo. Saiu correndo atrás da bola. E quando retornava com ela nos pés, a cantoria da torcida já chegara em seu nome.

"Êô, êô, Endrick é o terror!"

O pré-jogo foi mais empolgante do que os 90 minutos, claro.

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  • Endrick Palmeiras Internacional 2024Cesar Greco/Palmeiras/by Canon

    Não era o dia de Endrick

    O primeiro lance do garoto foi uma bela arrancada pelo lado direito. Ele costurou a marcação colorada exatamente da maneira que você poderia imaginá-lo fazendo. No fim, acabou derrubado na intermediária, para grande reclamação dos cerca de 13 mil torcedores caseiros.

    E após os gritos de infelicidade, figurou-se um breve baixar de som em Barueri enquanto o camisa 9 permanecia no chão. Não demorou muito, entretanto, para que ele levantasse e se deslocasse rumo ao bololô da grande área, levando a mão à coxa direita e reclamando de dores. Nada que o soar do apito reiniciando o jogo não pudesse curar. Na cobrança da falta, porém, sem sustos para os Colorados.

    A segunda falta do jogo também poderia ter sido em cima dele. Desta vez, porém, os gritos de reclamação foram ainda maiores, dado que o árbitro Lucas Paulo Torezin deixou passar a entrada do defensor do Inter em cima da cria da base alviverde. Não só essa, na verdade - o juiz também estava para jogo, aparentemente.

    E os colorados começavam a gostar do jogo. Se os donos da casa trocavam passes na intermediária e até ganhavam certa liberdade entre as duas primeiras linhas, furar os bloqueios mais estacionados do time do sul vinha sendo um problema. O cenário típico para um calmo, mas talentoso ponta com grande explosão e agilidade prosperar. Como um vulcão em erupção.

    Mas não era, até ali, o dia de Endrick.

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  • Endrick Palmeiras Internacional 2024Cesar Greco/Palmeiras/by Canon

    "Se quiser chegar a novos patamares, tem que estar focado"

    Isso ficou escancarado quando Wesley invadiu a área palmeirense, aos 21 minutos, e acabou derrubado por um estabanado Gustavo Gómez, que mal fez questão de reclamar da decisão do árbitro de apontar a marca da cal. Enquanto a torcida fazia o seu papel - prestando indignação pelo pênalti bem marcado -, o olhar preocupado de Endric atravessava o campo à procura de Abel Ferreira, na linha lateral.

    Primeiro, quem chegou foi Raphael Veiga. Abel dando instruções. Endrick chegou logo em seguida, pouco antes de Flaco López. Os dois últimos claramente não fazendo questão de esconder a frustração pelo jogo abaixo do esperado desempenhado até então.

    Em sua coletiva pós-jogo, conversando com a GOAL, o técnico questionou o fato de o Palmeiras se utilizar tanto de jogadores da base recentemente, como, além do camisa 9, também é o caso de John John e Estevão, por exemplo: "Que equipes que lutam para ser campeãs usam tantos jogadores [da base] como nós usamos? E não me refiro à qualidade dos moleques - eles são bons -, mas a experiência e maturidade competitiva".

    Seguiu: "Espero que ele (Endrick) não se perca muito com o extrafutebol. É um conselho que eu lhe dou. Se quiser chegar a novos patamares, tem que estar focado".

    Soou como um grande favor, portanto, quando Borré mandou sua cobrança para fora.

  • Endrick Palmeiras Internacional 2024Cesar Greco/Palmeiras/by Canon

    Momento contra

    Não que as celebrações em campo pelo pênalti perdido fossem similares a de um gol - pelo contrário, foram bem comedidas -, mas os minutos seguintes aparentavam provar que todo o momento havia passado para o Palmeiras - e Endrick.

    O atacante iniciou, pouco depois, jogada no meio de campo com um chapéu e costurando dois adversários. Ele abriu, então, com Lázaro, que completou com uma bola enfiada para Veiga. O camisa 23 acabou finalizando nas redes, mas pelo lado de fora. Era a melhor chance dos donos da casa até ali. Mas, se existia qualquer processo de 'mudança de ares' em andamento naquele ponto, Wesley tratou de interromper...

    A saída errada do Palmeiras era o deslize que o Inter precisava para acabar com qualquer chance de mudança de ímpeto. Piquerez foi desarmado no campo de defesa, e Borré acabou ganhando espaço para encontrar Wesley dentro da área. O ex-Palmeiras bateu cruzado para vencer Weverton, aos 44'. 1 a 0.

    Endrick reagiu cabisbaixo, em silêncio, sem gesticular. No soar do apito que encerrava os primeiros 45 minutos, não falou com ninguém, praticamente. DIrigiu-se ao túnel da Arena Barueri e desapareceu descendo os degraus, três minutos acrescidos depois.

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  • EndrickCesar Greco/Palmeiras

    "Não há milagres"

    Na conversa com repórteres pós-derrota, Abel Ferreira também declarou entender o resultado como "injusto": "Pelo que produzimos no segundo tempo, merecíamos mais. Nossos jogadores tentaram, fizeram de tudo", opinou. "Infelizmente, não conseguimos marcar nem de bicicleta, nem de fora da área, nem cara a cara com o goleiro".

    E, novamente, os holofotes recaem sobre Endrick. A postura menos ecoante combinou com as de seus companheiros na segunda etapa e até mesmo na zona mista, após o jogo - com exceção, talvez, de Rony, que causou uma breve festa da torcida quando foi introduzido ao gramado, aos 18', atravessando o campo em um sprint de invejar a maioria dos atletas, mas, ainda assim, ficou limitado à tentativa de bicicleta citada por Abel, no penúltimo lance da partida, que pouco assustou o goleiro Rochet.

    Endrick foi quem teve uma chance bem mais clara. Aliás, seu valor de xG (gols esperados) foi o maior dentre os atletas palmeirenses - 0,46. Pouco antes dos dez minutos, ele fez o 'facão' dentro da área, se oferecendo para bela bola enfiada de Piquerez. Na hora de finalizar, porém, cara a cara com o goleiro adversário, acabou pegando muito mal na bola e mandando-a pela linha de fundo, em tiro de meta. Uma chance que certamente lhe custaria potenciais minutos em campo no Real Madrid. Nesta quarta, pode ter custado dois pontos no nacional à sua equipe.

    "É um jovem, vai fazer agora 18 anos, tem nos ajudado muito", continuou avaliando o técnico. "Hoje nos ajudou. Duas ou três oportunidades surgiram dos pés dele".

    Eeste início de temporada também tem sido utilizado para manejar as minutagens do jovem. Contra o Inter, Endrick jogou 90 minutos pelo Palmeiras apenas pela segunda vez em 2024 - o empate em 1 a 1 contra o São Paulo, pelo Paulistão, no MorumBIS completa como exceção. A GOAL questionou Abel se isso apontava a um gerenciamento de minutos focado na parte física do atacante focada, mas o treinador português foi bem sucinto na explicação: "Temos que começar a pensar em quem vai substituir o Endrick quando ele sair".

    O camisa 9 pode não ter feito seu melhor jogo com a camisa do Palmeiras - certamente não fez, aliás. Abel, porém, fez questão de ressaltar o que todos já sabem:

    "Vai ser difícil. Não há milagres. Para substituir o Endrick, é preciso pagar 40 ou 50 milhões [de euros], que foi o que ele custou".

    O ponta, na verdade, sai por cerca de 70 milhões de euros. Mas o argumento segue.

    A derrota dói ao Palmeiras pelas circunstâncias. Jogo 'em casa' - apesar de Abel lembrar que a Arena Barueri não é o Allianz Parque - e contra um adversário em retrospecto inconstante. A postura mais retroativa de Endrick ao longo do jogo simbolizou o jogo abaixo apresentado pelo Palmeiras, acima de tudo. Não só ele, como adiantado - foi a impressão geral.

    Mais sorte, no final das contas, do Inter - que não viu o vulcão entrar em erupção.

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