Tem como Mohamed Salah salvar sua campanha pela Bola de Ouro? Lenda do Liverpool busca um propósito na reta final da temporada

Quando o Liverpool enfrentou o atual campeão da Premier League, Manchester City, no Etihad Stadium em 23 de fevereiro, Salah inaugurou o placar a partir de um toque de Szoboszlai no poste próximo, antes de dar o passe para o húngaro fazer o segundo gol dos Reds em uma vitória por 2 a 0 que deixou a equipe de Arne Slot 11 pontos à frente no topo da tabela.

Foi um dia extremamente significativo para Salah, em todos os sentidos. Desde Lionel Messi em 2014/15, nenhum jogador em uma das 'Cinco Grandes' ligas da Europa havia marcado e assistido numa mesma partida 11 vezes em uma temporada - e foi uma das principais razões pelas quais Salah era o principal favorito para vencer a Bola de Ouro de 2025.

Quando perguntado depois sobre suas chances de glória individual, o sempre humilde Salah preferiu focar nos troféus em equipe. "Vamos ganhar a Premier League e a Champions League!" disse o ponta-direita à TNT Sports. "Porque a Bola de Ouro, todo mundo sabe que às vezes outras coisas estão envolvidas nisso."

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Confira os detalhes

Salah obviamente tinha alguma razão sobre a natureza um tanto duvidosa da votação da Bola Ouro. O prêmio nem sempre vai para o melhor jogador do mundo ao longo do ano em questão, e vimos vários vencedores merecedores serem ignorados desde o início do século. Wesley Sneijder, Franck Ribery e Vinícius Junior foram praticamente roubados em 2010, 2013 e 2024, respectivamente. Pavel Nedved ficou tão surpreso quanto todos os outros por ter vencido Thierry Henry para o primeiro lugar em 2003. "Para mim, Henry é o melhor atacante do mundo agora", disse o tcheco.

Pior ainda estava por vir para o francês, que terminou em quarto lugar no ano seguinte, apesar de ter marcado 30 gols durante a conquista impecável do título da Premier League pelo Arsenal. No entanto, enquanto os Gunners eram imbatíveis na Inglaterra, eles decepcionaram na Europa. O Arsenal nem sequer chegou à fase eliminatória da Liga dos Campeões de 2002/03, enquanto foram surpreendidos nas quartas de final pelo Chelsea de Claudio Ranieri na temporada seguinte.

Quando se considera que Henry também não conseguiu ter um grande impacto na Euro 2004, sua decepção com a Bola de Ouro não foi tão surpreendente. Ganhar a Liga dos Campeões ou um grande torneio internacional tornou-se imperativo para qualquer candidato legítimo nas últimas duas décadas - o que explica por que Salah não tem mais chances de terminar no topo este ano.

Salah ainda está tendo uma temporada extraordinária. Ele esteve diretamente envolvido em mais gols em todas as competições do que qualquer outro jogador das principais cinco ligas da Europa (54 - nove a mais do que um dos favoritos à Bola de Ouro, Raphinha). A estrela do Liverpool também lidera a tabela geral de assistências, com 22. No entanto, mesmo com números tão notáveis, juntamente com uma medalha de vencedor da Premier League, é agora altamente improvável que seja suficiente para garantir a Bola de Ouro.

O problema para Salah não é apenas que o Liverpool está fora da Liga dos Campeões; é também que muitos times contendo rivais fortes à premiação ainda estão na competição. Dembélé está na melhor fase de sua vida pelo PSG, que deve pelo menos chegar às semifinais, enquanto Harry Kane, do Bayern de Munique, já quebrou o recorde de mais gols em uma única campanha para um jogador inglês (ele já está com 11!), enquanto Kylian Mbappé já superou a marca de Cristiano Ronaldo em sua temporada de estreia no Real Madrid.

E então há a brilhante dupla do Barcelona, Raphinha e Lamine Yamal, que parecem mais do que capazes de impulsionar o time blaugrana até Munique. Certamente seria uma surpresa colossal se um desse quinteto de classe mundial não acabasse vencendo a Bola de Ouro com base em suas atuações no torneio que definitivamente terá mais influência sobre os votantes em um ano sem uma competição importante em nível internacional.

Há, então, uma preocupação entre os torcedores do Liverpool de que Salah será duramente afetado pelo baque da Bola de Ouro. Ele certamente não parecia nada como o seu eu habitual na desastrosa derrota na final da Copa da Liga Inglesa dos Reds para o Newcastle, que ocorreu apenas cinco dias após a eliminação na Liga dos Campeões.

Quase todos os jogadores de linha no dia tiveram um desempenho ruim, mas Salah estava anônimo. Dado que ele só havia marcado em uma de suas sete finais anteriores pelo Liverpool (um pênalti contra o Tottenham em Madri), havia esperança de que ele se recuperaria de ser anulado por Nuno Mendes correndo em círculos ao redor de Tino Livramento, mas Salah nunca apareceu em Wembley.

Pela primeira vez desde que se mudou para Merseyside vindo da Roma no verão de 2017, 'o Rei Egípcio' não conseguiu nem chutar ao gol nem criar uma chance em um jogo em que jogou 90 minutos. Nesse contexto, a data Fifa provavelmente veio no momento ideal para Salah - e também para seus companheiros de Liverpool, muitos dos quais pareceram mental e fisicamente exaustos nas últimas semanas.

Claro, a pressão de viajar para jogos em várias partes do mundo não ajuda na recuperação do cansaço, mas vários jogadores definitivamente se beneficiaram da mudança de cenário, já que Luis Diaz, Cody Gakpo e Alexis Mac Allister marcaram gols enquanto estavam em compromissos com suas seleções, para a alegria de Slot.

"É sempre bom se os jogadores vão para um ambiente diferente e depois voltam para nós após uma experiência positiva," disse o holandês em sua coletiva de imprensa antes do confronto da Premier League contra o Everton em Anfield na quarta-feira. "E alguns dos nossos jogadores se mostraram de uma forma muito boa novamente."

Crucialmente, Salah também esteve entre os que se destacaram, com o jogador de 32 anos marcando um gol e dando uma assistência na vitória do Egito por 2 a 0 sobre a Etiópia em sua primeira atuação após desaparecer em Wembley. O tempo fora pode muito bem ter "revigorado" Salah, como Slot colocou, mas também o focou novamente ao colocar as coisas em perspectiva.

A Bola de Ouro nunca foi o principal objetivo de Salah nesta temporada, nem a Liga dos Campeões. Como ele disse à Sky Sports no começo do ano, "A única coisa na minha mente é que quero que o Liverpool ganhe a Premier League e só quero fazer parte disso."

Com o Liverpool 12 pontos à frente do segundo colocado Arsenal nesta rodada de jogos no meio da semana, o título está agora ao alcance - e Salah não tem apenas feito parte do desafio dos Reds, ele tem sido absolutamente integral para isso.

Salah participou de todos os 28 jogos do Liverpool nesta temporada - em apenas quatro deles ele não contribuiu diretamente para um gol - com o atacante marcando 27 e fazendo mais 17 assistências. Como resultado, ele está agora perfeitamente posicionado para se tornar apenas o segundo jogador na história da Premier League a registrar mais de 20 gols e assistências em uma única campanha. Henry foi o primeiro, é claro, e sua demonstração de excelência em 2002/03 não lhe rendeu a Bola de Ouro.

No entanto, é frequentemente esquecido que suas estatísticas históricas não lhe renderam a Premier League também, com o Arsenal terminando como vice-campeão para o Manchester United. Pode-se ter certeza, então, de que não vai faltar motivação para Salah nas etapas finais da temporada.

Enquanto o Liverpool tem uma vantagem saudável no topo da classificação, o título ainda não foi conquistado, e seu talismã estará determinado a garantir que o que ele sente ser a "melhor temporada" de sua carreira até agora não termine sem ele levantar o troféu que mais importa para ele: a Premier League - não a Bola de Ouro.