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Tadeo AllendeGOAL

Como Tadeo Allende virou o número 2 do Inter Miami e mostra que nem só de Lionel Messi vive o time de Javier Mascherano

No começo da temporada, Tadeo Allende acumulava chances perdidas — e não foram poucas. O meia argentino, contratado pelo Inter Miami por empréstimo do Celta de Vigo no último inverno, chegou com a expectativa de ser a peça final do ataque dos Herons. Sua missão era clara: transformar em gol as oportunidades que apareceriam.

E elas sempre aparecem. Jogar ao lado de Lionel Messi significa viver em um cenário constante de desorganização defensiva dos adversários. Quando Messi recebe a bola, rivais se desesperam, linhas se quebram e espaços brotam por todo o campo. Cabe aos companheiros aproveitar esses buracos, atacar os espaços no tempo certo e finalizar. O jogo é cheio de movimentos, trocas e padrões táticos, mas, na prática, o trabalho de Allende tinha um objetivo simples: colocar a bola na rede.

O problema é que isso custou a acontecer. Mesmo com 15 gols na temporada — um número bom no papel, acima até do seu xG — a sensação era de que ele poderia ter entregado mais. O Miami produz tantos ataques que as chances surgem o tempo todo. Em várias delas, Allende não estava nos pontos mais perigosos, e algumas oportunidades claras escaparam.

Agora, o cenário mudou. Allende finalmente encontrou seu melhor ritmo na finalização — e na hora certa. O Miami caminha forte na disputa pela MLS Cup, com Messi em um nível histórico na pós-temporada, igualando o recorde de gols nos playoffs da liga, com oito. Mas é Allende quem virou o complemento ideal dessa engrenagem. E no sábado, contra o Vancouver, a versão que entrar em campo pode definir se o time de Javier Mascherano segue vivo… ou dá adeus ao sonho.

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  • Javier Mascherano Inter Miami 2025Getty

    Uma aquisição intrigante

    E aqui entra a discussão sobre a política de contratações do Inter Miami — um assunto que já deixou muita gente cansada. Há quem diga que o clube virou um “puxadinho” argentino, já que vários reforços recentes nasceram na Argentina. O técnico Javier Mascherano jogou com Messi, e muita gente chama isso de “contratações para agradar ao Messi”. E pode até ter um fundo de verdade.

    Mas o fato é que Allende não era exatamente o perfil que o Miami mais precisava. Na temporada passada, o time sofreu nos playoffs pela falta de velocidade na zaga e por um meio-campo envelhecido. O clube precisava de um zagueiro capaz de comandar a linha defensiva e de mais jogadores experientes na MLS para dar equilíbrio ao setor.

    Em vez disso, chegaram apostas duvidosas para a defesa e um empréstimo do Celta de Vigo sem nenhuma experiência na MLS. Allende era uma contratação curiosa: pouco testado na elite espanhola e ainda novo para um jogador que vinha de um time mediano no futebol argentino.

    A justificativa do clube era simples: Allende poderia ajudar em várias funções.

    “Estamos felizes em trazer Tadeo Allende para fortalecer nosso ataque. Ele é versátil e pode atuar em diferentes posições”, disse o presidente de operações de futebol, Raúl Sanllehí, na época.

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  • Inter Miami CF v SE Palmeiras: Group A - FIFA Club World Cup 2025Getty Images Sport

    Um começo misto

    Desde o início, Allende foi titular e apareceu em várias funções, assim como o clube havia prometido. Mas, acima de tudo, ele tinha a missão de correr, abrir espaços e pressionar — especialmente quando Messi estava com a bola. No começo, deu certo. Ele marcou em quatro jogos seguidos e parecia uma arma real.

    Mas os gols logo pararam. Depois de balançar a rede contra o Charlotte, em 15 de março, ele ficou dois meses sem marcar. Foram 15 finalizações — mais de duas por jogo — e só três acertaram o gol. Eram chances claras, muitas delas criadas por Messi. A função de Allende era simples: finalizar. E ele não estava conseguindo.

    Mesmo assim, contribuía muito sem a bola, e isso já justificava sua presença no time. Marcou gols importantes, como um contra o Palmeiras no Mundial de Clubes, e só ficou fora de seis jogos da temporada em todas as competições.

    E, para o Miami, foi uma temporada de altos e baixos. O time fez o que dava para fazer: caiu para um elenco superior na Concachampions, ficou em terceiro no Leste e perdeu para o PSG no Mundial de Clubes. E fica claro que Allende não foi o problema. A defesa sim. Mas um dado chama atenção: o Miami não perdeu nenhum jogo em que ele marcou.

    Quando Allende estava funcionando, o time crescia.

  • Esquentando nos playoffs

    A virada aconteceu na pós-temporada. De repente, Allende ficou letal. Já são oito gols nos playoffs — sete deles nos últimos três jogos. Ele não está desperdiçando chances, errando de cabeça ou falhando em finalizações simples. O hat-trick contra o NYCFC, que garantiu o Miami na decisão da Conferência Leste, foi espetacular.

    O terceiro gol explicou tudo: corrida perfeita no tempo certo, calma para pensar na jogada e um toque por cobertura belíssimo sobre o goleiro Matt Freese. Foi coisa de atacante de elite — alguém totalmente confiante.

    Mascherano resumiu assim:

    “Nada é mais forte do que a convicção de um jogador. Quando um atleta sabe para onde ir e acredita no caminho, as táticas deixam de importar.”

  • luis suarez(C)Getty Images

    Um Luis Suarez em queda

    Messi sempre precisou de alguém ao lado dele. No Barcelona foram Neymar, Henry, Suárez, Villa. No PSG, Mbappé. Na Argentina, vários talentos passaram. É difícil tirar Messi de um jogo, mas ele precisa de um parceiro confiável.

    No ano passado, esse parceiro foi Luis Suárez. Ele brilhou na sua estreia na MLS. Mas nesta temporada, caiu de rendimento. Os gols diminuíram e ele também começou a desperdiçar chances.

    Miami precisava que alguém assumisse esse papel decisivo — e Allende fez isso com maestria. Ele virou o “número 2” confiável, o jogador em quem Messi pode confiar para finalizar jogadas. Com Suárez em queda, essa parceria ganhou um peso enorme.

  • Inter Miami CF v New York City FC - Audi 2025 MLS Cup Western Conference FinalGetty Images Sport

    A chave de tudo?

    E agora chegamos ao jogo de sábado. A grande dúvida de Mascherano será sobre quem vai acompanhar Messi. O camisa 10 é titular absoluto, claro, e será o centro da estratégia — especialmente contra uma defesa do Vancouver que já deu alguns sustos nos playoffs.

    Escalar o time ao redor de Messi é o desafio. Suárez não foi titular nas últimas duas partidas, com o jovem Mateo Silvetti, de 19 anos, ocupando a posição. Isso permitiu que Messi recuasse para um papel mais criativo, liberando Allende para atacar os espaços.

    É possível que Allende e Suárez joguem juntos. E também é possível vencer com Suárez. Mas o sistema que mais funcionou recentemente foi justamente aquele sem o uruguaio desde o início.

    Sem Suárez, o Miami joga melhor. Isso é evidente.

    Mas Allende precisa manter o nível. Ele terá espaço, chances e momentos. E, se aproveitar, pode ser decisivo para levar o Inter Miami à sua primeira MLS Cup.