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Lionel Messi Barcelona return GFXGetty/GOAL

Retorno ao Barcelona seria cenário perfeito para Lionel Messi e Argentina antes da Copa do Mundo de 2026

“A paz custou a sua força; a vitória o derrotou”, diz o imponente vilão Bane ao Batman ao acertar um de seus socos no sucesso de bilheteria O Cavaleiro das Trevas Ressurge. O já experiente justiceiro luta com tudo o que lhe resta, mas acaba derrotado — com as costelas quebradas — vítima da armadilha mais perigosa de todas: a complacência.

Houve uma sensação semelhante de futilidade ao assistir Lionel Messi no segundo tempo da derrota do Inter Miami para o Paris Saint-Germain, pelas oitavas de final do Mundial de Clubes. Aos 38 anos, Messi ainda é capaz de criar momentos de pura genialidade — como o belo passe de primeira para Luis Suárez, que merecia virar assistência —, mas nem de longe foi o bastante contra um adversário que opera em um nível técnico e físico absolutamente implacável.

Foi doloroso ver, talvez, o maior jogador da história do futebol travando uma batalha que nunca teria chance de vencer. “A partida foi o que esperávamos”, admitiu Messi ao DSports após o 4 a 0. “Eles são um grande time, campeões da última Champions League, e estão em excelente forma. Tentamos fazer o nosso melhor, e acho que deixamos uma boa impressão no Mundial de Clubes.”

Mas será que, nesta fase de sua carreira lendária, “deixar uma boa impressão” é o máximo a que Messi pode aspirar? Ele encontrou paz em Miami — mas talvez também tenha se acomodado. E isso pode ser uma péssima notícia para a Argentina, a apenas um ano da defesa de seu título mundial.

Ainda assim, rumores recentes sobre um possível retorno ao Barcelona reacenderam a esperança. Se concretizado, esse reencontro pode mudar tudo — para Messi, para a Albiceleste e para o desfecho de um capítulo que ainda insiste em ser escrito com grandeza.

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  • Inter Miami CF v FC Porto: Group A - FIFA Club World Cup 2025Getty Images Sport

    Incerteza contratual

    Os rumores foram iniciados por Esteban Edul, da ESPN Argentina, que afirmou que Messi está considerando uma mudança para uma liga mais competitiva quando seu contrato com o Inter Miami terminar em dezembro. O objetivo seria claro: garantir a melhor preparação possível para a Copa do Mundo. Mas a verdade pode ser mais complexa.

    O jornalista espanhol Guillem Balague ofereceu uma perspectiva mais cautelosa, sugerindo que "ninguém sabe — muito menos o próprio Messi" — se o capitão do Inter Miami realmente disputará o torneio em 2026. "Neste momento, ele está apenas vivendo jogo a jogo, torneio a torneio", disse Balague à BBC Sport.

    "Se ele renovar e continuar nos Estados Unidos, vai avaliar a situação quando chegar o momento. Por enquanto, está apenas dando um passo de cada vez. Todos querem vê-lo liderando a Argentina na Copa do Mundo que será disputada nas Américas no próximo ano, mas ele ainda não indicou a ninguém qual será sua decisão final."

    Desde então, a BBC Sport relatou que Messi está aberto a renovar com o Inter Miami, que, por sua vez, acredita que as negociações estão caminhando positivamente. No entanto, se Messi realmente decidir disputar sua sexta Copa do Mundo — e quiser causar impacto mais uma vez em alto nível —, se manter na MLS pode não ser o melhor caminho. A liga norte-americana ainda está longe de oferecer o mesmo nível de exigência das principais competições europeias.

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  • Messi-Inter-Miami-PSG-2:1Getty/GOAL

    Constrangimento no Mundial de Clubes

    Esse contraste ficou ainda mais evidente com o desempenho de Inter Miami, Los Angeles FC e Seattle Sounders na primeira edição do Mundial de Clubes em novo formato. O Miami superou o Porto por 2 a 1 na fase de grupos — graças a uma cobrança de falta sublime de Lionel Messi —, se tornando o primeiro clube da história da CONCACAF a derrotar um adversário europeu em uma competição oficial. Também foi o primeiro time das Américas a vencer uma partida no Mundial de Clubes, e garantiu a classificação para as oitavas de final ao empatar com Al Ahly e Palmeiras.

    Feito inédito para qualquer equipe da MLS, a campanha do Inter Miami contrasta fortemente com o desempenho de LAFC e Sounders, que terminaram na lanterna de seus grupos, sem conquistar uma única vitória. O fracasso do LAFC foi particularmente frustrante, considerando o sorteio teoricamente acessível: ao lado de Chelsea, Flamengo e Espérance de Tunis, os californianos eram vistos como candidatos reais à classificação.

    No entanto, toda euforia gerada pelas conquistas do Miami evaporou diante da goleada para o Paris Saint-Germain. Enquanto os Sounders perderam por um respeitável 2 a 0 para a equipe de Luis Enrique na fase de grupos, o time de Javier Mascherano foi atropelado em 45 minutos: quatro gols sofridos até o intervalo, no que foi, até agora, o confronto mais desequilibrado do mata-mata.

    Provavelmente teria sido ainda pior se o PSG não tivesse reduzido o ritmo no segundo tempo — Luis Enrique fez cinco substituições antes dos 25 minutos. O Miami só conseguiu finalizar aos cinco minutos da segunda etapa, com um chute desviado de Messi, tamanha a superioridade francesa.

    Diante desse cenário, é difícil pintar a campanha do Inter Miami como um sucesso. E seria perfeitamente natural que essa experiência fizesse Messi refletir sobre seus próximos passos.

  • Lionel Messi Zlatan Ibrahimovic Inter MiamiGetty/GOAL

    'Não é o Messi que eu conheço'

    De fato, foi demais para um dos ex-colegas de Messi suportar. Zlatan Ibrahimovic, que jogou ao lado do craque argentino no Barcelona durante a temporada 2009/10, não poupou palavras ao Foot Mercato logo após o apito final que selou a eliminação do Inter Miami diante do PSG:

    “Messi joga com estátuas, não com companheiros de equipe. Está cercado por jogadores que se movem como se carregassem sacos de cimento.”

    Ibrahimovic foi além: “Esse não é o Messi que eu conheço. Se ele estivesse em um time de verdade, daria tudo de si. Mas não há treinadores, nem estrelas, nem sequer jogadores que entendam como se movimentar sem a bola. Se estivesse em qualquer grande equipe, veríamos o verdadeiro leão. Messi joga sozinho porque ama o futebol, porque ainda faz coisas que 99% dos jogadores jamais conseguirão. Mas este não é o Messi que eu conheço.”

    Luis Suárez, Jordi Alba e Sergio Busquets completam o núcleo de ex-jogadores do Barcelona que agora vestem a camisa do Inter Miami, com Javier Mascherano assumindo o comando técnico. Mas fora esse grupo, há pouca qualidade de alto nível no elenco. E o PSG expôs essas deficiências de forma implacável.

    Ibrahimovic está certo em um ponto fundamental: Messi é um peixe grande em um lago pequeno, e tem sido forçado a carregar o time nas costas. Para brilhar em sua plenitude, o argentino precisa fazer parte de uma engrenagem coesa, com jogadores de altíssimo nível que saibam acompanhá-lo, e não ser um salvador literal, esperado para decidir partidas sozinho.

  • Lionel MEssi Joan Laporta BarcelonaGetty/GOAL

    Assuntos pendentes

    Se o “verdadeiro leão” pretende rugir novamente em 2026, Messi precisa voltar à Europa — mais especificamente, ao Barcelona. É difícil imaginá-lo vestindo outra camisa europeia, especialmente após sua apagada e desconectada passagem de dois anos pelo Paris Saint-Germain.

    Além disso, persiste uma nítida sensação de que há negócios inacabados entre Messi e o Barça. A joia mais brilhante de La Masia deixou o Camp Nou sem uma despedida digna em 2021, após o clube ser mergulhado em uma crise financeira sem precedentes sob a gestão do ex-presidente Josep Maria Bartomeu.

    Foi um fim melancólico para uma relação de 21 anos marcada por conquistas históricas. Messi não apenas se tornou o maior artilheiro da história do clube, mas também foi o arquiteto de uma era dourada que rendeu 10 títulos de LaLiga e quatro da Champions League. E, talvez mais importante: ele ainda tinha — e tem — futebol de alto nível para oferecer. Felizmente, ainda há tempo para o Barcelona corrigir esse capítulo.

    Reportagens recentes da imprensa espanhola indicam que Joan Laporta, reeleito presidente pouco depois da saída de Messi, está determinado a trazê-lo de volta. A proposta seria um contrato inicial de seis meses a partir de janeiro. Caso Messi realmente deixe o Inter Miami no fim do ano, o Barça poderia contratá-lo sem custos de transferência, o que torna difícil acreditar que essa possibilidade não esteja sendo considerada nos bastidores do clube.

    As restrições salariais impostas por LaLiga seguem sendo um obstáculo, mas Laporta estaria disposto a mover céus e terra para viabilizar o retorno. A ideia seria alinhar esse reencontro com a reabertura completa do Camp Nou reformado — o cenário ideal para a volta de um ícone que nunca deveria ter saído pelas portas dos fundos.

  • Lionel Messi BarcelonaGetty Images

    Mudança de perspectiva

    Essa não seria a primeira vez que o Barcelona tenta recontratar Lionel Messi. Joan Laporta já havia feito um esforço significativo para trazê-lo de volta em 2023, antes de sua transferência para o Inter Miami. Messi, campeão mundial meses antes, chegou a dar o sinal verde para o retorno. No entanto, no fim das contas, a operação revelou-se inviável do ponto de vista financeiro para o clube catalão.

    "Meu objetivo era voltar para casa, onde tudo começou. Infelizmente, isso não foi possível", revelou Messi em entrevista ao canal do YouTube Simplemente Fútbol, logo após sua chegada a Miami. Naquele momento, parecia que ele havia aceitado o fim de seu ciclo no mais alto nível do futebol.

    “Poder dizer que conquistei tudo no futebol é algo realmente valioso”, acrescentou. “Como sempre digo, tive a sorte de ganhar tudo tanto com o Barcelona quanto com a seleção argentina.” Mas dois anos se passaram, e o cenário mudou. O Barça se estabilizou parcialmente após ativar suas chamadas “alavancas econômicas”, e a perspectiva de Messi — assim como suas ambições — pode ter evoluído.

    Agora, ele teria a chance de adicionar um capítulo final e glorioso ao seu legado, calando os poucos críticos que ainda questionam seu status como o maior de todos os tempos. Muitos dos questionamentos em seus últimos anos no clube giraram em torno do insucesso na Champions League. Mas sob o comando de Hansi Flick, Messi poderia ser justamente a peça que falta para devolver o Barça ao topo da Europa.

    Se conseguir isso, ele chegaria à Copa do Mundo de 2026 preparado, com meia temporada de futebol do mais alto nível no currículo — muito mais relevante do que seguir acumulando aventuras de menor intensidade na MLS, que pouco fazem para manter seu ritmo competitivo.

  • Lamine Yamal Lionel Messi BarcelonaGetty/GOAL

    Deixe-o dar tudo de si pela última vez

    Mas a antiga camisa 10 de Messi não estaria esperando por ele no Barcelona. Isso porque Lamine Yamal está prestes a herdá-la de Ansu Fati, que acaba de ser emprestado ao Monaco.

    Curiosamente, isso pode ser algo positivo para Messi — pela mesma razão pela qual ele também não teria garantias de ser titular absoluto sob o comando de Hansi Flick. O ataque do Barcelona já é um dos mais produtivos da Europa, como demonstram as estatísticas da temporada 2024/25, o que significa que a pressão sobre Messi seria consideravelmente menor do que na sua primeira passagem pelo clube. Seu papel agora seria o de mentor e maestro: ajudando Yamal, Raphinha e companhia a atingirem um novo patamar, tanto tecnicamente quanto mentalmente.

    Flick poderia utilizá-lo em rotação na posição de armador, revezando com Dani Olmo e Fermín López, priorizando o argentino nos grandes jogos e dosando seus minutos com sabedoria nos demais. Essa abordagem já tem dado resultado em Miami, onde Messi lidou com lesões persistentes ao longo do último ano — e não há razão para que não funcione também no Barça.

    Seria uma “Última Dança” digna de comparação com a de Michael Jordan no Chicago Bulls. A ideia de Messi alimentando a máquina de gols que é Robert Lewandowski e trocando jogadas mágicas com Yamal — como fez com Ronaldinho no início da própria carreira — é simplesmente arrebatadora.

    Essa seria uma maneira nobre de Messi gastar o que resta de seus dons futebolísticos quase divinos — mesmo que antecipe sua aposentadoria. A verdade é que a Argentina dificilmente manterá seu título mundial com uma versão de Messi limitada a 50% da capacidade, como se vê em Miami. Mas, se o Barcelona oferecer a ele uma última plataforma no mais alto nível, a Albiceleste terá novamente seu grande líder pronto para brilhar no maior palco de todos.

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