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Nico Williams Barcelona GFXGOAL

Raphinha como 10 ou Robert Lewandowski no banco? Como o Barcelona pode se acertar com a chegada de Nico Williams?

Parece que o Barcelona enfim conseguirá concretizar a contratação de seu grande alvo. Após mais de um ano de intensa especulação, Nico Williams teria aceitado um contrato de seis anos com o clube catalão, que agora se prepara para acionar a cláusula de rescisão de €58 milhões estipulada em seu vínculo com o Athletic Bilbao.

O clube trabalha agora para garantir que o salário de Williams se encaixe nos rígidos limites financeiros impostos por LaLiga. Espera-se que o diretor esportivo Deco aprove várias saídas nas próximas semanas. Ansu Fati e Ronald Araújo estão entre os jogadores de linha com futuro indefinido, enquanto Marc-André ter Stegen parece cada vez mais próximo de uma saída, sobretudo após a chegada do goleiro Joan García, do Espanyol.

A ideia é evitar uma repetição do fiasco envolvendo Dani Olmo, cujo registro virou uma novela e se tornou um espetáculo indesejado ao longo de boa parte da temporada 2024/25. Bayern de Munique e Arsenal também demonstraram interesse em Nico Williams, mas ele deixou claro que seu desejo é jogar na Catalunha — o Diario Sport chegou a afirmar que ele estaria disposto até mesmo a aceitar uma redução salarial para facilitar o acordo.

O Barça parece, de fato, o próximo passo natural para Williams, que evoluiu de forma notável nas últimas quatro temporadas com o Athletic. Aos 22 anos, o ponta se firmou como um dos jogadores mais consistentes de LaLiga e garantiu um lugar regular na seleção espanhola. Não se espera que ele enfrente dificuldades para se adaptar ao time de Hansi Flick.

A única incerteza diz respeito à forma como Flick pretende ajustar sua escalação para acomodar Williams. O Barcelona foi uma das equipes mais eficientes da Europa no setor ofensivo na última temporada, e existe o risco de desequilíbrio se o treinador não encontrar a fórmula certa para encaixar o novo reforço.

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  • Nico Williams Lamine Yamal Spain 2025Getty Images

    Afinidade com Yamal

    Não é difícil entender por que Nico Williams tem sido uma prioridade de longo prazo para o Barcelona. Na última temporada, ele registrou um total de 18 participações em gols pelo Athletic Bilbao e também se destacou como um parceiro formidável de Lamine Yamal na seleção espanhola.

    Yamal costuma atrair os holofotes quando a Espanha entra em campo — seu desempenho deslumbrante com dois gols contra a França nas semifinais da Nations League é o exemplo mais recente —, mas Nico também exerce um papel fundamental no esquema de Luis de la Fuente. Embora não seja tão imprevisível quanto o prodígio do Barça, ele é igualmente eficaz em alongar defesas e oferecer cruzamentos perigosos.

    Na verdade, há quem diga que Nico Williams foi até mais decisivo do que Yamal durante a campanha vitoriosa da Espanha na Euro 2024, coroada com um gol na final contra a Inglaterra. Em nível de clubes, suas estatísticas ainda não se igualam às do jovem companheiro, mas isso pode mudar rapidamente jogando no Barcelona.

    O mais importante, do ponto de vista blaugrana, é que os dois jovens parecem elevar o nível um do outro. Mesmo atuando a cerca de 70 metros de distância no campo, Williams e Yamal compartilham uma afinidade natural que ajudou a transformar a Espanha novamente na seleção mais temida do futebol mundial. O Barça espera que essa conexão possa ser a chave para conquistar a tão desejada Champions League na próxima temporada.

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  • Raphinha-WilliamsGetty/GOAL

    Troca direta

    Pelo valor que está sendo investido, não há chance de Nico Williams ser apenas um jogador de elenco no Barcelona. Ele chega com status de titular para atuar na ponta esquerda — uma posição atualmente ocupada por Raphinha.

    No meio do ano passado, o interesse do Barça em Williams deixou Raphinha desiludido. Naquele momento, o espanhol era visto como uma clara melhoria em relação ao brasileiro, que vinha de uma temporada bastante frustrante sob o comando de Xavi.

    No entanto, quando a negociação não se concretizou, Raphinha deixou de lado o abatimento e passou a provar que o setor de recrutamento do clube havia subestimado seu valor. Hansi Flick soube explorar a versatilidade do brasileiro de forma muito mais eficiente do que Xavi jamais conseguiu, e ele rapidamente se tornou a principal força criativa da equipe na busca pelos três títulos mais importantes da temporada.

    Em 55 partidas disputadas, Raphinha acumulou impressionantes 56 participações diretas em gols, finalmente alcançando o nível de desempenho que se esperava dele. Foi peça fundamental na conquista da dobradinha doméstica e na campanha até as semifinais da Champions League, se destacando pela ética de trabalho exemplar e profissionalismo inquestionável. Seu impacto foi tão grande que há quem o coloque como um dos favoritos à Bola de Ouro de 2025. Diante de uma trajetória de redenção tão marcante, pareceria injusto que o clube simplesmente seguisse com o plano original de substituí-lo por Nico Williams.

    Ainda assim, não há dúvida de que Williams traz um perfil bem distinto. Ele é um ponta-esquerda à moda antiga, com um estilo mais direto e vertical. No sistema de Flick, Raphinha passou a atuar quase como um armador, recuando com frequência para iniciar a pressão central do Barça. Em contraste, Williams tende a permanecer mais aberto pela linha lateral, sempre pronto para encarar seu marcador no um contra um e explorar o espaço com velocidade.

  • Ronaldinho-RaphinhaGetty/GOAL

    Raphinha no papel de Ronaldinho

    A solução mais óbvia, portanto, é que Hansi Flick transforme Raphinha no novo camisa 10 do Barcelona. Na temporada passada, o brasileiro foi escalado nessa função em seis partidas, e sua atuação mais marcante veio na goleada por 5 a 0 sobre o Young Boys, pela Champions League — jogo em que deu um passe mágico para o gol que abriu o placar de Robert Lewandowski e ainda marcou o segundo com uma finalização precisa.

    Raphinha tem todas as ferramentas para assumir esse papel criativo central. Ele é capaz de driblar múltiplos defensores, encontrar passes incisivos onde ninguém mais vê espaços e ainda possui agilidade e controle suficientes para mudar de direção sob pressão com impressionante fluidez. O Barça pode confiar nele como seu principal articulador ofensivo, assim como fez com Ronaldinho na era Frank Rijkaard.

    Curiosamente, porém, o próprio Raphinha acredita que seu estilo em campo lembra mais outro lendário camisa 10 brasileiro do clube. "Fora de campo sou um pouco mais como o Ronaldinho, mas em campo me pareço mais com o Rivaldo — mais focado, mais sério", disse ele em março, ao ser questionado sobre comparações com o Bruxo.

    Na prática, Raphinha talvez seja um híbrido raro: une a criatividade e irreverência de Ronaldinho com a objetividade e faro de gol de Rivaldo. Seja como for, uma coisa é certa — ele é bom demais para ficar no banco. Raphinha pode continuar evoluindo ao lado de Nico Williams, desde que Flick encontre a fórmula ideal para encaixar ambos no mesmo time.

  • FC Barcelona v Real Madrid CF - La Liga EA SportsGetty Images Sport

    Implicações no meio-campo

    Flick tem favorecido uma formação de 4-2-3-1 desde que assumiu o comando do Barcelona, adotando uma linha defensiva extremamente alta para sufocar os adversários, recuperar a posse rapidamente e buscar a rota mais direta ao gol. A função de camisa 10 tem sido, em grande parte, compartilhada por Dani Olmo e Fermín López — ambos com atuações de destaque ao longo da última temporada.

    No entanto, se Raphinha for deslocado para o centro, Olmo e Fermín provavelmente irão para o banco. Recuá-los para atuar mais atrás não é uma alternativa viável, devido à excelente parceria formada por Pedri e Frenkie de Jong à frente da defesa, com Gavi atualmente desempenhando um papel de apoio fundamental.

    Caso essa mudança se concretize, inevitavelmente surgirão questionamentos sobre o futuro de Olmo e Fermín no elenco. Flick até poderia considerar uma variação para o 4-4-2, posicionando um dos dois no centro ao lado de Pedri ou De Jong, com Raphinha atuando como meia de apoio a Lewandowski. No entanto, essa alteração tática poderia comprometer o sistema de pressão coordenada que tem sido a base do sucesso recente do Barça.

    De uma forma ou de outra, a chegada de Nico Williams promete abalar a atual estrutura da equipe. Pelo menos um jogador importante deverá perder espaço — com Lamine Yamal talvez sendo o único nome realmente intocável nas mãos de Flick.

  • Athletic Club v FC Barcelona - La Liga EA SportsGetty Images Sport

    Copiar o modelo do PSG

    Nem mesmo Robert Lewandowski pode ser considerado intocável caso Nico Williams chegue ao Barcelona. Hansi Flick pode chegar à conclusão de que o atacante polonês é o jogador mais dispensável do setor ofensivo — uma ideia difícil de aceitar, considerando que ele foi o artilheiro do clube na temporada 2024/25, com impressionantes 41 gols marcados.

    No entanto, aos 36 anos, Lewandowski já se encontra na reta final da carreira. O ex-atacante de Bayern e Borussia Dortmund tem apenas mais um ano de contrato, e é pouco provável que receba uma renovação — especialmente após Deco admitir publicamente que o clube já está se preparando para sua saída.

    Diante disso, não seria surpresa ver seus minutos gradualmente reduzidos ao longo da próxima temporada. O Barcelona conta com opções ofensivas suficientes para jogar sem um centroavante tradicional e poderia, inclusive, adotar um modelo semelhante ao implementado por Luis Enrique na campanha mais bem-sucedida da história recente do Paris Saint-Germain.

    O PSG atingiu um novo patamar ao confiar em Ousmane Dembélé como referência no ataque, com o prodígio Désiré Doué e o reforço de janeiro Khvicha Kvaratskhelia completando o trio ofensivo preferido, enquanto Bradley Barcola oferecia rotação. Quem pode garantir que o Barça não teria sucesso semelhante ao escalar Raphinha como um falso 9? Ele certamente tem capacidade técnica e entrega tática comparáveis às de Dembélé.

    Nesse cenário, Lewandowski poderia ser utilizado como arma de impacto no banco, o que permitiria a permanência de Dani Olmo e Fermín López como titulares na linha de criação. Seria uma decisão polêmica, especialmente porque o polonês ainda demonstra vigor físico e instinto matador. No entanto, pode ser justamente esse tipo de ajuste ousado que dará ao Barcelona a margem necessária para reconquistar a Champions League.

  • Hansi Flick Barcelona 2025Getty

    Prioridades controversas

    Entre todas as opções disponíveis a Hansi Flick, escalar Raphinha como camisa 10 parece a mais lógica para manter o equilíbrio da equipe com a chegada de Nico Williams. No entanto, a grande verdade é que o Barcelona não precisa necessariamente do ponta do Athletic Bilbao.

    Com 102 gols marcados, o Barça teve o melhor ataque de LaLiga na última temporada — de longe. E também terminou como o time mais produtivo ofensivamente na Champions League, com 43 gols, cinco a mais do que o eventual campeão Paris Saint-Germain. Flick poderia perfeitamente manter a atual linha de frente por mais um ano e ainda assim teria uma chance legítima de repetir a tríplice coroa.

    Nico Williams é, sem dúvida, um jogador de altíssimo nível e trará qualidade extra ao setor ofensivo. Mas o foco principal deveria estar na defesa. É ali que residem as fragilidades mais preocupantes. No miolo de zaga, por exemplo, o Barça parece perigosamente carente de profundidade. Embora contem com o excepcional Pau Cubarsí e o confiável Iñigo Martínez como dupla titular, Andreas Christensen tem sofrido com lesões recorrentes, e Ronald Araújo passou de promessa a uma verdadeira preocupação.

    A escassez de cobertura de alto nível para os laterais Jules Koundé e Alejandro Balde também é alarmante. Com Martínez já aos 34 anos, o clube deveria priorizar investimentos no setor defensivo — especialmente agora, com o Real Madrid se reforçando fortemente nessa área. Os ajustes no ataque poderiam muito bem esperar até a eventual saída de Lewandowski.

    A parceria entre Williams e Yamal promete gerar muitos momentos de brilhantismo, e certamente ajudará o Barcelona a continuar competindo no mais alto nível. Mas simplesmente marcar mais gols do que todos os adversários não é uma estratégia sustentável se o objetivo for inaugurar uma nova era de domínio europeu. Reforçar a retaguarda é essencial para transformar talento em títulos duradouros.