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Kerolin interview GFXGetty/GOAL

"Quero ganhar a Bola de Ouro": Estrela do Manchester City, brasileira Kerolin mira conquistas individuais e coletivas enquanto se adapta à liga inglesa

Quando a GOAL pergunta a Kerolin, principal contratação do Manchester City na janela de janeiro, por que ela escolheu a Inglaterra como o próximo destino de sua carreira frutífera, porém em desenvolvimento, a brasileira não hesita em mostrar sua personalidade ambiciosa. “Quando eu estava olhando a lista da Bola de Ouro e coisas assim, estava vendo onde as jogadoras estavam jogando”, ela explica. “A maioria delas estava aqui ou na Espanha.” E ela quer estar nessa lista, certo? “Eu quero estar no topo da lista”, ela responde. “Não vai ser fácil, mas os sonhos são para isso.”

O Campeonato Inglês Feminino (WSL) tem sido a primeira ou a segunda liga mais representada na lista de indicadas à Bola de Ouro na categoria feminina nos últimos quatro anos, com jogadoras atuando na Inglaterra ocupando a segunda posição em 2022 e 2023, e a terceira em 2021. É uma lista que, apesar de sua temporada de melhor jogadora na Liga Feminina dos Estados Unidos (NWSL) com o North Carolina Courage em 2023, Kerolin nunca integrou. Embora seja uma das melhores ligas do mundo, a principal competição norte-americana muitas vezes tem dificuldade de ter representação nos prêmios, a menos que suas estrelas conquistem grande sucesso internacional.

Não é a única razão de Kerolin para se juntar a um clube que está na final da Copa da Liga Inglesa que acontece neste sábado (15), nas quartas de final da Champions League Feminina na próxima semana e nas semifinais da Copa da Inglaterra que acontecem em abril. Ela quer ganhar títulos, trabalhar com as melhores jogadoras e, neste novo ambiente, ser desafiada a melhorar. Além disso, como ela repete várias vezes, quer fazer história. Colocar as mãos na Bola de Ouro certamente faria isso.

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  • Emily Fox Kerolin Arsenal Man City Women 2024-25Getty Images

    Novos arredores

    Kerolin não está se precipitando, no entanto. Ela sabe que tem muito trabalho a fazer. “Honestamente, agora, eu só acho que preciso continuar treinando e entender a liga”, diz ela, ao ser perguntada sobre o que acredita que precisa fazer para estar em posição de ganhar algo como a Bola de Ouro. “Eu sou realmente nova aqui, então há algumas diferenças entre aqui e a NWSL."

    “Se eu apenas for eu mesma e tentar ajudar o time, conseguir algumas assistências e marcar gols, eu sei que poderia chegar lá. Claro, mais do que isso, estar pronta para os treinos da (seleção), para a próxima Copa do Mundo (no Brasil), isso significa muito. Acho que agora é só uma questão de construir e me preparar para isso. Não vou ficar surpresa se acontecer, porque estou trabalhando para isso.”

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  • Kerolin Man City Women 2024-25Getty Images

    Muito a que se adaptar

    Com oito jogos desde sua chegada em janeiro, Kerolin está começando a ter uma ideia melhor de como é o estilo na Inglaterra e como ele difere das experiências anteriores no Brasil, Espanha e Estados Unidos. A fisicalidade da defesa é algo ao qual a veloz atacante está tendo que se adaptar em particular, observando a necessidade de “talvez fazer as coisas cedo para que não possam se aproximar de mim”.

    “Antes de eu vir para cá, Gabi Nunes dizia: 'Acho que você vai se dar muito bem aqui porque você é boa no drible e normalmente, quando você finta, as pessoas vão acreditar que você está indo para lá'”, diz ela, se referindo a uma conversa com sua companheira de seleção brasileira que se tornou a contratação recorde do Aston Villa no ano passado. “Mas quando cheguei aqui, não foi assim! Eu disse: 'Ei, Nunes, você me disse que seria fácil, mas não é! Vamos lá.'”

    Não é apenas o estilo de futebol que requer algum ajuste, também. A admissão de Kerolin de que sua mãe está “assustada” com o clima de Manchester pode provocar uma boa risada dos repórteres ingleses acostumados a essas condições, mas, como mostra o grosso casaco de inverno que a jovem de 25 anos vestiu, ela está achando isso “difícil” também. “Às vezes me pergunto, 'O que estou fazendo aqui?'” ela diz, rindo. “Espero realmente, realmente conseguir o que quero, porque se não, vou ficar muito decepcionada.”

  • Manchester City v SKN St. Pölten - UEFA Women's Champions League 2024/25 Group Stage MD5Getty Images Sport

    Começo difícil

    É justo dizer que as primeiras semanas de Kerolin em campo não foram fáceis, também. Chegando a um novo clube apenas seis meses depois de retornar de uma ruptura do ligamento cruzado anterior, uma lesão que os jogadores frequentemente dizem que leva meses para se sentirem como eles mesmos novamente depois, a atacante chegou no meio da campanha do Manchester City. Tendo vindo de uma liga que acontece entre março e novembro, ela foi colocada em ação em um momento que normalmente estaria começando a pré-temporada.

    Se isso não fosse suficiente para mexer com sua cabeça, as circunstâncias do próprio City têm sido difíceis. As derrotas para Manchester United e Arsenal, seguidas pelo empate da semana passada com o West Ham, colocaram as chances dos Citizens de se classificaram para a Champions League Feminina em sérias dúvidas, tanto que, quando Kerolin se senta para falar antes da final da Copa da Liga Inglesa desta semana, é menos de 24 horas desde que o clube anunciou que havia demitido o técnico Gareth Taylor.

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  • Man City Women huddle 2024-25Getty Images

    Juntas como um grupo

    Essa decisão, que incluiu o retorno do ex-treinador Nick Cushing em caráter interino, apresenta um grande risco. Ela veio apenas cinco dias antes da final da Copa da Liga, que será a primeira de quatro partidas em 12 dias contra o Chelsea, líder da WSL e atual campeão. “Sou muito nova aqui, então é difícil dizer muito sobre o treinador”, ela observa. “É o que é. Eu só acho que agora, precisamos estar juntas.”

    Felizmente, sua visão de vida em Manchester até agora sugere que a equipe está muito unida antes de uma parte crucial da temporada. Ela cita a capitã Alex Greenwood como alguém que, apesar de estar lesionada desde dezembro, realmente a ajudou a se adaptar, junto com a atacante Khadija Shaw, com quem está formando uma boa relação dentro e fora de campo.

    “Acho que em nossa mente agora, é tipo, 'Aconteça o que acontecer, se foi com Gaz (Gareth Taylor) ou não, devemos estar juntas, acreditar no plano de jogo e ir em busca de um troféu'”, acrescenta Kerolin. “Realmente acredito no grupo e vamos estar juntas para tentar vencer o jogo.”

  • Kerolin North Carolina Courage 2022Imagn Images

    Experiência em grandes jogos

    Felizmente, à medida que se aproximam grandes partidas, a chegada de Kerolin traz mais experiência nos momentos de pressão. Foi apenas no meio do ano passado que ela ajudou o Brasil a chegar à final olímpica, marcando em uma vitória surpreendente na semifinal sobre a Espanha, favoritas ao ouro. Ela tem mostrado alta qualidade de forma consistente na NWSL, ganhando o prêmio de melhor jogadora e ajudando o North Carolina Courage a conquistar títulos importantes e, em questão de estilo, traz algo novo ao ataque do City. Ela tem a capacidade de fazer uma grande diferença.

    “Eles na verdade ainda não sabem como eu jogo,” diz ela, enquanto se prepara para enfrentar o Chelsea pela primeira vez. “Acho que isso pode me ajudar a ir no um contra um, tentar dar assistências, fazê-las correr para trás e ter a reação de 'O que está acontecendo?' Talvez tentando aproveitar este momento."

    “A experiência das Olimpíadas é apenas ir e aproveitar, porque acho que se eu estivesse sob muita pressão, isso não seria bom para nós. Apenas ficar relaxada e tentar aproveitar o jogo, é realmente importante, especialmente na final, porque normalmente estaríamos tipo, 'Oh, eu preciso ser perfeita, preciso fazer tudo bem, não posso errar'. Mas faz parte do jogo, apenas aproveitar e se divertir. Acho que é importante para esses jogos.”

  • Kerolin Brazil Women 2024AFP via Getty Images

    Cheia de gingado brasileiro

    É uma atitude que combina com o estilo de Kerolin. Em campo, ela exala a ginga brasileira e, quando fala, o amor e a paixão por sua terra natal transparecem. Ela fala sobre jogar futebol nas ruas quando era jovem, sobre como a capoeira lhe trouxe "algo diferente", e cita Vinícius Junior como o jogador que mais a entusiasma assistir atualmente. “Ele é quem mais me impressionou, a forma como ele está jogando e não importa o que as pessoas digam fora do futebol, ele continua jogando, continua marcando, continua ajudando seu time”.

    Ela fala com orgulho sobre ser a primeira brasileira a jogar pelo time feminino do Manchester City e está animada sobre como pode fazer a diferença para a equipe com esse estilo único. Vinda de um país com uma longa história de triunfos neste esporte, não é surpresa que títulos sejam uma motivação para ela, mas também é notável o quanto Kerolin quer se divertir.

    “No final, estes são jogos importantes, mas também acho que, para o jogador, é importante se sentir livre e se divertir e aproveitar o futebol, porque acho que os torcedores também vêm para ver um bom futebol e as jogadoras fazendo o que fazem de melhor”, ela diz.

  • Kerolin Man City Women celebrate 2024-25Getty Images

    Motivada ao sucesso

    Por trás de tudo isso está uma pessoa motivada ao sucesso. Kerolin faz uma careta quando perguntada sobre sua lesão no ligamento cruzado anterior e não tem medo de falar sobre os altos e baixos que pode enfrentar, apesar de parecer extremamente confiante por fora. “Precisamos entender o processo e respeitá-lo, porque não é fácil”, ela admite.

    Mas esse tempo que passou sem jogar só aumentou o sentimento dentro dela. “Basicamente, naquele momento, eu (passei de) ser a melhor jogadora da liga para nada”, ela diz. “Acredito que, se isso acontece, é por algum motivo, e eu estou aqui agora, então é por algum motivo. Se você trabalha duro, não importa o que aconteceu, você receberá coisas boas de volta.”

    Ela sofreu esse revés no último dia da temporada regular da NWSL, pouco antes do North Carolina entrar nos playoffs. Ela não pôde ajudá-los na busca pelo título. Na ocaisão, o Gotham derrotou o Courage na primeira rodada da pós-temporada.

    Questionada se essa experiência a deixa mais faminta agora, enquanto se prepara para entrar em uma sequência de grandes jogos em que realmente pode fazer a diferença, ela não hesita. “Definitivamente”, ela responde. “Me mostrou o quanto isso importa para mim. Acho que cada treino e jogo significam muito para mim, mais do que antes, porque fiquei fora por oito meses. Vou apenas dar o meu melhor porque nunca sabemos o que vai acontecer.”

    É outra camada de motivação para uma jogadora com muita garra, alguns grandes sonhos e o talento para acompanhá-los.

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