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Fiorentina fall GFXGOAL

A queda da Fiorentina: como a Viola se tornou o pior time do Campeonato Italiano

Mesmo deixando o peso da história um pouco de lado, o cenário da Fiorentina chama atenção. A Viola terminou a última Serie A em sexto lugar, à frente até do atual líder Milan, e a expectativa era de um time ainda mais forte no segundo ano do trabalho de Raffaele Palladino no Artemio Franchi.

O roteiro, porém, saiu completamente do controle. Palladino deixou o clube ao fim da temporada 2024/25, Stefano Pioli chegou e já foi demitido, e os resultados seguiram ruins sob o comando do atual técnico, Paolo Vanoli. Com isso, o ambiente em Florença ficou pesado, a ponto de alguns jogadores e até familiares passarem a receber ameaças de morte.

Diante desse caos, a pergunta é inevitável: o que está dando tão errado na Fiorentina? E, mais importante, ainda existe esperança de escapar do rebaixamento. A GOAL destrincha o cenário e tenta responder a essas questões a seguir.

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  • Udinese v Fiorentina - Serie AGetty Images Sport

    De renovação a demissão em apenas três semanas

    No dia 7 de maio, a Fiorentina anunciou a renovação do contrato de Raffaele Palladino até 2027. A decisão parecia natural. O time estava nas semifinais da Conference League e caminhava para garantir vaga novamente no torneio europeu pela Serie A.

    Menos de três semanas depois, porém, o cenário mudou completamente. Palladino deixou o clube em um acordo descrito como “consensual”, mesmo após conduzir a Viola à sua melhor campanha no Campeonato Italiano em nove anos.

    Apesar de parte da torcida não estar totalmente convencida pelo estilo de jogo do técnico de 41 anos, o principal motivo da saída teria sido um desgaste na relação com o diretor esportivo Daniele Pradè. As divergências internas acabaram pesando mais do que os resultados em campo.

    “Vejo o futebol como um quebra-cabeça: todas as peças precisam se encaixar”, disse Palladino ao Gazzetta dello Sport. “Tenho orgulho do trabalho feito em Florença, mas as condições para seguir juntos deixaram de existir. As ideias eram muito diferentes.”

    A saída foi sentida não apenas pelo treinador, mas também pelo elenco. Palladino criou uma relação forte com os jogadores, sendo fundamental para a grande fase de Moise Kean, que marcou 25 gols na temporada 2024/25. David de Gea, por sua vez, voltou a jogar em alto nível após um período conturbado longe dos holofotes.

    “Recebi mensagens e chamadas dos jogadores que me fizeram chorar”, revelou Palladino. “Vivemos momentos muito fortes juntos. Criamos algo especial.”

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  • “Sai daqui!”: crise explode nas arquibancadas

    Quando Palladino concedeu a entrevista, Stefano Pioli já estava no comando. O problema é que a mudança não surtiu efeito imediato. A Fiorentina somou apenas dois pontos nos primeiros quatro jogos da Série A italiana sob o novo treinador.

    Na Conference League, os resultados até trouxeram algum alívio, com vitórias sobre Sigma Olomouc e Rapid Wien. Mas no campeonato nacional, o time seguiu em queda livre.

    A revolta da torcida se voltou principalmente contra o diretor esportivo Daniele Pradè. Protestos pesados tomaram conta do entorno do Artemio Franchi, com cartazes e adesivos pedindo sua saída de forma explícita.

    Os ultras do clube também queriam que ele saísse há muito tempo, pois o viam como "o símbolo de um fracasso esportivo que dura anos".

    Enfurecidos pela venda dos melhores jogadores (mais dolorosamente para o odiado rival Juventus), uma mudança de logotipo controversa e uma alegada falta de engajamento com os apoiadores mais fervorosos do clube, a Curva Fiesole havia na verdade pedido que Prade seguisse Palladino para fora do clube em junho.

    "Prade: Todos os caminhos levam a Roma... Pegue um e vá embora!" lia-se em uma faixa pendurada fora do campo de treinamento do clube.

  • ACF Fiorentina v US Lecce - Serie AGetty Images Sport

    Prade e Pioli pagam o preço por resultados ruins

    Pradè assumiu publicamente a responsabilidade pelo mau início de temporada, citando contratações que não renderam o esperado, como Roberto Piccoli.

    “Se alguém pode nos tirar dessa situação, é o Pioli”, afirmou após a derrota para o Milan. “Os protestos são contra mim, e com razão. A estratégia do clube está nas minhas mãos.”

    Mesmo assim, o clima ficou insustentável. Pradè deixou o cargo em 1º de novembro, às vésperas de um confronto direto contra o Lecce. A saída não acalmou os ânimos. Após nova derrota, Pioli também acabou demitido, com a Fiorentina na lanterna do Campeonato Italiano, somando apenas quatro pontos.

    Apesar de rumores sobre um possível retorno de Palladino, a diretoria optou por Paolo Vanoli, ex-Torino, para tentar salvar a temporada.

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  • Dzeko cobra apoio da torcida

    Vanoli começou sem vencer. Empates contra Genoa e Juventus até deram algum fôlego, mas uma derrota para o AEK Atenas na Conference League agravou a crise.

    Após esse jogo, Edin Dzeko fez um forte desabafo, pedindo mais apoio das arquibancadas. “Durante o jogo, precisamos de incentivo, não de vaias”, disse o atacante. “A pressão só atrapalha.”

    As declarações dividiram opiniões e culminaram em uma cena rara: Dzeko usando um megafone para falar diretamente com torcedores após outra derrota, desta vez para o Atalanta.

  • ACF Fiorentina v FC Dynamo Kyiv - UEFA Conference League 2025/26 League Phase MD5Getty Images Sport

    "Precisamos de homens de verdade neste momento"

    O pedido por união não teve o efeito esperado. Diante do Sassuolo, a Fiorentina fez uma de suas piores atuações da temporada.

    “Precisamos de homens de verdade, não apenas jogadores”, afirmou Vanoli. “Não é sistema tático, é atitude. Ainda não consegui entrar na cabeça desse grupo.”

    A confusão em um pênalti — com discussão entre Kean e Mandragora sobre quem cobraria — simbolizou o descontrole do momento vivido pelo clube.

    A resposta veio dias depois, com uma vitória por 2 a 1 sobre o Dynamo Kyiv, na Conference League. Kean e Gudmundsson marcaram, e o resultado trouxe um respiro necessário.

  • Empoli v Fiorentina - Serie AGetty Images Sport

    “Não podemos deixar a Fiorentina cair”

    Fora de campo, o clima segue pesado. Esposa do lateral Dodô denunciou ataques e ameaças nas redes sociais após derrotas recentes. O clube se posicionou oficialmente, condenando qualquer forma de violência ou intimidação.

    Neste cenário, a Fiorentina encara o Verona, 19º colocado, em um jogo tratado como decisivo. A Viola está sete pontos abaixo da zona de segurança, e uma nova derrota pode tornar a luta contra o rebaixamento ainda mais dramática.

    O presidente Rocco Commisso, em recuperação de cirurgia e longe de Florença, garantiu que não pretende vender o clube.

    “Momentos difíceis ensinam. Não vou desistir agora”, disse. “Precisamos de todos juntos. Não podemos permitir que a Fiorentina caia.”

    A mensagem é clara: o clube precisa de união urgente para evitar um desfecho histórico e doloroso no Campeonato Italiano.

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