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Europa League final W+Ls GFXGetty/GOAL

Pressão total em Ruben Amorim e Ange Postecoglou com chance de salvação: os vencedores e perdedores do triunfo do Tottenham na Liga Europa sobre o Manchester United

Na véspera da final da Liga Europa, Ruben Amorim foi questionado se achava estranho que seu colega Ange Postecoglou estivesse sob forte pressão no Tottenham, enquanto o técnico do Manchester United parecia não enfrentar a mesma cobrança. Antes que ele pudesse responder, Bruno Fernandes interrompeu, em tom bem-humorado: "Quem te disse que ele não está? Ele está!" Pois bem, agora está mais do que nunca, depois que o United desperdiçou sua única chance de redenção ao perder por 1 a 0 para os Spurs, em Bilbao.

O United não só teve que engolir a dor de ver o Tottenham levantar o troféu diante de seus olhos, como também perdeu uma chance de ouro de voltar à Champions League. Pela segunda vez em 36 anos, o clube ficará fora de competições europeias na próxima temporada.

O lado positivo para Amorim é que ele terá mais tempo para trabalhar no centro de treinamento, o que será fundamental para que os jogadores compreendam melhor seus métodos e assimilem o esquema com três zagueiros (3-4-2-1). O problema é que ele não tem resposta — e tampouco desculpas — por ter comandado a pior campanha do clube em competições nacionais nos últimos 50 anos. Agora, terá que explicar a Sir Jim Ratcliffe por que o clube deixou de receber o bônus de £100 milhões (R$756 milhões) que o co-proprietário esperava.

Enquanto o United lamentava os prejuízos da derrota, o Tottenham comemorava seu primeiro título em 17 anos e deixava para trás o rótulo de “Spursy”, que o perseguia há tanto tempo. Mas agora os Spurs encaram um novo dilema: seguir em frente sem Ange Postecoglou ou dar ao australiano uma nova chance como recompensa por ter encerrado o jejum de troféus?

A GOAL analisou os vencedores e perdedores da final em San Mamés...

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  • Ange Postecoglou Tottenham 2024-25Getty Images

    VENCEDOR: Ange Postecoglou

    Poucos treinadores usam a entrevista coletiva antes de uma grande final para falar sobre uma possível demissão, e menos ainda sentem a necessidade de garantir que não são “um palhaço”. Mas Postecoglou foi quem deu a última risada, aconteça o que acontecer na próxima janela.

    O australiano pode até ter comandado a pior campanha do Tottenham na história da Premier League, mas também se tornou o primeiro técnico do clube a conquistar um grande título desde Juande Ramos, em 2008, e o primeiro a erguer um troféu europeu em 41 anos. É um legado que certamente o deixa orgulhoso — e os torcedores também, especialmente aqueles que seguem as palavras do lendário Bill Nicholson: “O futebol é tudo sobre glória.”

    Postecoglou se defendeu com firmeza na véspera da final, mostrando que, acima de tudo, é um ser humano, com emoções e sentimentos, e que não aceita ser constantemente desrespeitado. Em campo, na quarta-feira, sua equipe respondeu à altura.

    O treinador tomou decisões corajosas — a principal delas foi deixar o capitão Son Heung-min no banco. Ao fazer isso, demonstrou a ousadia que Mauricio Pochettino não teve na final da Champions de 2019, quando escalou Harry Kane recém-recuperado de lesão. É verdade que a atuação ficou longe do estilo ofensivo e destemido pelo qual Postecoglou ficou conhecido, mas ele cumpriu o prometido: entregar um troféu em sua segunda temporada no comando — algo que tem feito repetidamente ao longo de sua carreira.

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  • Tottenham Hotspur v Manchester United - UEFA Europa League Final 2025Getty Images Sport

    PERDEDOR: Ruben Amorim

    Amorim adotou um discurso confuso antes da final, colocando em dúvida se a classificação para a Champions League realmente beneficiaria o United. Ao mesmo tempo, admitia os riscos de uma derrota: “Vai ser muito ruim. Não quero usar isso como desculpa, mas a paciência dos torcedores e de vocês [imprensa] no próximo ano, se não vencermos, vai estar no limite.”

    Pois é. Melhor ele se acostumar com essa realidade. Amorim agora enfrentará a mesma pressão que Postecoglou suportou durante toda a temporada, e as dúvidas sobre sua permanência no cargo só devem aumentar. A campanha na Liga Europa era o que restava para salvar o ano do United. Agora que as atuações heróicas de Harry Maguire contra o Lyon e o gol decisivo de Mason Mount diante do Athletic ficaram para trás, o desempenho do português na Premier League será colocado sob os holofotes — e não há onde se esconder.

    Sob seu comando, o United venceu apenas 6 dos 26 jogos na liga, não sabe o que é ganhar desde março, quando superou o Leicester, e só venceu equipes que foram rebaixadas desde janeiro. A média de pontos de Amorim é inferior à de Paul Jewell, técnico do Derby County na pior campanha da história da Premier League. Quando assumiu o time, os Red Devils estavam a sete pontos do G-4. Hoje, a distância é de 27 pontos.

    O ex-técnico do Sporting preferia ter começado o trabalho no início da temporada, e não no meio dela, mas escolheu assumir o desafio e agora precisa lidar com as consequências. É impossível não comparar sua passagem apagada com a de Oliver Glasner, que chegou ao Crystal Palace na metade da temporada passada, implementou uma formação 3-4-2-1, colheu resultados quase imediatos e, um ano depois, levou o time ao título da Copa da Inglaterra.

    Ao menos Amorim reconheceu a decepção após a partida: “Não tenho nada para mostrar aos torcedores.” E ainda fez uma promessa ousada: “Se a diretoria e os fãs decidirem que eu não sou o nome certo, saio amanhã sem nenhum tipo de compensação.”
    Resta saber se ele não vai se arrepender dessa promessa...

  • Tottenham Hotspur v Manchester United - UEFA Europa League Final 2025Getty Images Sport

    VENCEDOR: Brennan Johnson

    Logo após marcar o gol mais importante da carreira, vale lembrar que, no início da temporada, Brennan Johnson desativou sua conta no Instagram após ser alvo de uma onda de ataques virtuais — consequência da derrota do Tottenham para o Arsenal, em setembro. O dérbi do norte de Londres foi o ponto mais baixo de um começo difícil para um jogador que ainda não havia justificado os £48 milhões (R$362 milhões) pagos ao Nottingham Forest no ano anterior. Agora, porém, ele já compensou e muito esse valor.

    A classificação dos Spurs para a Champions League representa uma premiação estimada em £100 milhões (R$756 milhões), mais que o dobro do valor de sua contratação. Mas para a torcida do Tottenham, esse gol vale ainda mais: Johnson será lembrado como o homem que encerrou a seca de 17 anos sem títulos. Com o gol da vitória, ele também se tornou o artilheiro da equipe na temporada, com 18 gols somando todas as competições.

    O pai de Johnson, David, iniciou sua carreira no Manchester United, e seu filho acabou sendo um verdadeiro pesadelo para os Red Devils em 2024. Ele abriu o placar na vitória por 3 a 0 em Old Trafford, ainda com Erik ten Hag no comando, e agora dificultou ainda mais a vida de Rúben Amorim. Mas seu lugar na história do Tottenham é o que realmente importa, e agora está garantido para sempre.

  • Tottenham Hotspur v Manchester United - UEFA Europa League Final 2025Getty Images Sport

    PERDEDOR: Bruno Fernandes

    Bruno Fernandes tem carregado, sozinho, o peso de tentar manter vivo este Manchester United desorganizado. Mas, na quarta-feira, não conseguiu mais uma vez encontrar forças para salvar o time. Sua atuação apagada foi, sem dúvida, o aspecto mais decepcionante da apresentação sem brilho do United. Embora os torcedores já não esperem muito do restante do elenco, seguem enxergando no camisa 8 um herói, alguém capaz de fazer a diferença. Desta vez, no entanto, ele esteve irreconhecível.

    Seu único lance de perigo foi um chute que Guglielmo Vicario defendeu com tranquilidade ainda no primeiro tempo. Fora isso, criou pouco. Com exceção de alguns passes promissores para Amad Diallo. Agora, Fernandes soma duas finais europeias perdidas pelo United, incluindo a derrota nos pênaltis para o Villarreal, na Liga Europa de 2021. Em cinco temporadas e meia com a camisa vermelha, ele conquistou apenas dois títulos: a Copa da Inglaterra e a Copa da Liga Inglesa.

    Antes da partida, o capitão havia falado sobre seu desejo de vencer o troféu, mas fez uma declaração que ganha outro peso após a derrota: “Não vai mudar o passado para nós, mas pode afetar o futuro.” Ele se referia ao impacto de uma possível volta à Champions League, que poderia atrair reforços ao clube, mas também vale pensar no efeito que essa eliminação pode ter sobre ele.

    Crescem os rumores de que seu agente se reuniu com representantes do Al Hilal, da Arábia Saudita. E, diante de uma derrota dessa magnitude e da ausência do clube em qualquer competição europeia na próxima temporada, Bruno Fernandes pode, sim, passar a olhar com mais atenção para essas propostas.

  • Tottenham Hotspur v Manchester United - UEFA Europa League Final 2025Getty Images Sport

    VENCEDOR: Son Heung-min

    Desde a saída de Harry Kane em 2023, Son Heung-min assumiu o papel de jogador mais experiente do elenco do Tottenham, e, com isso, veio também a responsabilidade de liderar dentro e fora de campo. Não foi uma missão fácil. Esta tem sido, sem dúvida, sua temporada mais difícil, tanto no aspecto coletivo quanto individual. Ele lidou com uma sequência de lesões, incluindo problemas na coxa entre setembro e outubro, além de uma lesão no pé em abril.

    O desempenho também foi afetado: com apenas sete gols na Premier League, Son registrou sua pior marca desde a temporada de estreia pelos Spurs, em 2015/16. Por isso, a decepção ao saber que começaria a final no banco certamente foi enorme. E também é verdade que, quando entrou, pouco conseguiu produzir.

    Mas, no fim, ele teve sua recompensa: algo que seu antigo parceiro de ataque, Kane, jamais experimentou com a camisa do Tottenham: a chance de erguer um troféu.

  • Luke Shaw Manchester United 2024-25Getty Images

    PERDEDOR: Luke Shaw

    Muitos torcedores do Manchester United começaram a perder a paciência com Luke Shaw depois que ele se esforçou para ficar disponível para a Eurocopa 2024 com a seleção inglesa, mas acabou agravando sua condição física. A lesão o tirou dos gramados pelos quatro primeiros meses da temporada. Após voltar, disputou apenas dois jogos antes de se machucar novamente em dezembro, ficando de fora até abril.

    Desde o retorno, Shaw parece uma sombra do lateral que encantou há duas temporadas. Quando seu nome apareceu entre os titulares na final em Bilbao, muitos torcedores ficaram apreensivos — e seus receios se confirmaram. Foi dele a falha que permitiu a Brennan Johnson marcar o único gol da partida. E os sinais já haviam aparecido: minutos antes, ele perdeu a bola para o atacante galês e abriu caminho para uma jogada perigosa dos Spurs.

    Ao menos, Shaw demonstrou humildade após a partida, ao ser questionado sobre o futuro: “Acho que eu, e todos nós, temos que nos perguntar esta noite: somos bons o suficiente para estar aqui? Porque o que esse clube apresentou nesta temporada não é aceitável. Sabemos disso, e cabe a nós mudar."

    Boa parte da torcida do United parece já ter chegado a uma conclusão: ele não está mais no nível exigido. E poucos lamentariam sua saída.

  • Tottenham Hotspur Fans Watch The UEFA Europa League Final In North London PubsGetty Images Sport

    VENCEDOR: Torcedores do Tottenham

    Os torcedores do Tottenham se acostumaram a ser alvo de piadas no mundo do futebol. A história recente do clube está repleta delas. Basta lembrar do "Lasagne-gate", quando uma suposta intoxicação alimentar — ou, mais precisamente, uma virose estomacal — arruinou a tentativa de classificação à Champions League em 2006. Ou da faixa erguida por torcedores dos Spurs no Emirates Stadium, com os dizeres “Mind the Gap”, na temporada 2011/12, antes de o Arsenal tirar a diferença e terminar acima na tabela. Ou ainda do ano em que terminaram em terceiro em uma disputa pelo título entre dois times, e o outro era o Leicester City, em 2016.

    Isso sem falar na primeira final de Champions da história do clube, quando cederam um pênalti em 24 segundos. A fama de “Spursy” virou sinônimo de decepção, e até jogadores estrangeiros zombavam disso. Quando a Juventus eliminou o Tottenham nas oitavas de final da Champions de 2018, Giorgio Chiellini resumiu com sarcasmo: “É a história do Tottenham”.

    Mas os Spurs conseguiram virar essa narrativa de cabeça para baixo. Sob o melhor futebol de Mauricio Pochettino, nunca conquistaram um troféu. E agora, em sua pior campanha na era da Premier League, não só levantaram uma taça, como garantiram um lugar na elite europeia.

    Para os torcedores dos Spurs, que suportaram tudo isso e as provocações dos rivais Arsenal e Chelsea por duas décadas, esta conquista é por vocês.

  • Tottenham Hotspur v Manchester United - UEFA Europa League Final 2025Getty Images Sport

    PERDEDOR: Sir Jim Ratcliffe

    A derrota desta quarta-feira (21) selou um feito negativo para o Manchester United: pela primeira vez desde que a Champions League foi reformulada em 1993, o clube ficou duas temporadas seguidas fora da competição. Ambas sob a co-propriedade de Jim Ratcliffe e da INEOS. Em sua primeira série de entrevistas, em fevereiro de 2024, Ratcliffe falou sobre a importância de voltar à elite europeia, mas agora terá de esperar até, no mínimo, 2026.

    Bilionário e ciente do valor de cada centavo, Ratcliffe certamente ficou furioso ao ver o clube desperdiçar o prêmio estimado em £100m (R$ 756 milhões) que a Champions traria. A ausência da competição também afeta diretamente os acordos de patrocínio e receitas comerciais que o clube pode negociar.

    Mas, mais do que perdas financeiras, Ratcliffe terá de lidar com o peso da responsabilidade. Foi ele quem hesitou em demitir Erik ten Hag no fim da temporada passada, apenas para fazê-lo após três meses e contratar um treinador que havia deixado claro que só queria assumir no início de uma nova campanha, com tempo para montar seu elenco e preparar a equipe na pré-temporada.

    Ele também se embaraçou ao apostar em Dan Ashworth como diretor esportivo, para demiti-lo cinco meses depois. Hoje, um dos cargos mais estratégicos no futebol moderno em um dos maiores clubes do mundo segue vago.

    Ratcliffe deseja deixar um legado no Manchester United, especialmente com a construção de um novo estádio. Por ora, o único legado visível é o fracasso.

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